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Por que o Papa não vende a arte do Vaticano para ajudar os pobres?

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Ary Waldir Ramos Díaz - publicado em 27/10/14
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O diretor dos museus vaticanos responde à polêmica de uma suposta locação da Capela Sistina a uma empresa de carros de luxo
A Capela Sistina, um dos tesouros do Vaticano, lugar onde se realizam os conclaves e a cerimônia solene da festa do Batismo de Jesus, é também uma fonte para arrecadar “recursos em nome da beleza” para a caridade do PapaFrancisco.
 
Esta é a resposta do Vaticano às polêmicas pela realização, no último dia 18 de outubro, de um concerto patrocinado pela Porsche, ao qual assistiram 40 privilegiados turistas que pagaram para escutar o coral da Academia de Santa Cecília, dirigido pelo maestro Ciro Visco, em uma série de concertos para interpretar a Petite Messe Solennelle de Gioacchino Rossini.
 
O valor arrecadado não foi divulgado, mas, segundo o site da empresa alemã de carros de luxo, cada pessoa pagou 5 mil euros, que incluíam a viagem por Roma (5 dias), jantar de gala e concerto no Vaticano.
 
A novidade do projeto
 
O Vaticano explicou que o lucro foi entregue às obras de caridade do Papa Francisco. O diretos dos museus vaticanos, Antonio Paolucci, confirmou que a novidade do projeto é arrecadar recursos em nome da beleza para a caridade do Papa. “A intuição que tivemos é simples: a arte também é caridade, é amor”, disse.
 
Resposta às polêmicas
 
“Li esses dias que nós supostamente teríamos decidido alugar a Sistina a quem tivesse dinheiro para gastar – explicou o diretor Paolucci. Nada disso é verdade, já que a Sistina é um lugar sagrado: ela não pode ser alugada para festas privadas.”
 
Outra coisa são as visitas privadas aos museus, dos quais a Sistina faz parte, e os atos culturais. “Os museus do Vaticano há muito tempo recebem grupos em suas galerias em horários noturnos, a portas fechadas”, recordou o diretor.
 
Por que o Papa não vende as obras de arte do Vaticano?
 
A arte é caridade, pois “recorda ao homem o sentido da sua existência, sem pedir nada em troca, só um olhar e um coração aberto”. Paolucci costuma responder aos que perguntam por que o Papa Francisco não vende suas obras de arte e os seus museus: “Porque o homem se empobreceria, e porque é possível fazer muitas coisas unindo a arte com a generosidade privada”.
 
Em uma entrevista exclusiva com a Aleteia, Paolucci afirmou que, “se o Papa vendesse as obras dos museus vaticanos, os pobres seriam mais pobres do que são hoje em dia. A Igreja recolheu estas obras através dos séculos justamente para a humanidade. É um ativo intangível, que não se consome, e é para os homens e mulheres de hoje, e para aqueles que ainda nascerão”.
 
Campanhas contra o Vaticano
 
Neste sentido, as campanhas contra o Vaticano não são novas. O hoje presidente emérito do organismo da Santa Sé responsável pela orientação e coordenação entre as organizações e atividades de caridade promovidas pela Igreja Católica explicou, em um encontro com jornalistas em março de 2009, que “a Igreja não pode fazer o que que quer com as obras de arte que estão no Vaticano”.
 
Na verdade, esclarece, a Igreja “tem a tarefa de conservar as obras de arte em nome do Estado italiano; não pode vendê-las. (…) Em todos os países, há muitas medidas para a defesa das obras de arte, porque o Estado deve mantê-las”, esclareceu, recordando que os bens da Santa Sé também fazem parte da história cultural da Itália.

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