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O padre que transforma chuva em água benta

Storm behind a window – pt

Denise Chan / Flickr CC

Revista Misión - publicado em 28/11/14

Uma lição sobre o poder do sacerdócio que jamais esquecerei

A cada dia que passa, evito mais os eruditos que se acham espertos demais, e me aproximo dos humildes, verdadeiros sábios.

Os primeiros me entediam muito: só falam sobre eles e o fazem com prepotência. É difícil encontrar um intelectual de coração humilde: eu diria que é tão difícil como encontrar uma agulha em um palheiro.

Mas a coisa muda quando Deus me apresenta a um coração humilde: é então que abro os ouvidos e escuto com atenção. A aprendizagem chega sem demora e deixa uma semente em mim.

Foi assim que aconteceu há pouco tempo, quando tive a alegria de conhecer um padre missionário comboniano, pequeno de estatura e com a pele bronzeada, apaixonado pela Igreja que representa.

Nossa amizade floresceu muito depressa. “Não sou um bom teólogo, filha – dizia ele, encolhendo os ombros. Mas minha Igreja Católica é.”

Logo percebi a qualidade humana da sua alma, a sinceridade e humildade do seu coração. E assim decidi aproveitar cada momento ao seu lado e escutar.

E assim, um dia, recebi uma imensa lição sobre o poder do sacerdócio, que jamais esquecerei… Ah, se todos os padres tivessem a fé do Padre João, na Igreja e em seus dons espirituais!

Aconteceu em um dia de inverno no qual a chuva decidiu açoitar a minha cidade. Os raios caíam furiosos do céu, atravessando nuvens enormes e escuras.

Fortes raios iluminavam o asfalto, as casas e as ruas, convidando as pessoas a olhar curiosas e aterrorizadas pelas janelas.

“Que impressionante!”, sussurrei assustada, enquanto observava como uma cortina de água impedia ver o outro lado da rua. “Nunca vi uma chuva assim, Padre João”, comentei.

O sacerdote amigo permaneceu calado ao meu lado. “Fico até com medo”, acrescentei. Mas o Padre João continuava em silêncio. Olhei para ele e observei que ele estava com os olhos fechados.

Então, ele fez algo estranho: murmurou algo tão baixinho, que nem consegui entender; levantou as mãos na direção da janela e fez um grande sinal da cruz.

Olhei para ele com estranheza. Então, ele abriu os olhos, sorriu e me disse: “Não tenha medo, filha. Acabei de abençoar toda a água que está caindo sobre a sua cidade. Afinal de contas, eu tenho as mãos consagradas, não é mesmo?”.

E acrescentou: “Pronto: Madri está recebendo, neste momento, uma abundância de bênçãos. A água benta é um sacramental. Não se esqueça nunca disso, filha”.

Que lição! Conheço muitos teólogos que jamais teriam abençoado a água que Deus enviava à minha amada cidade.

Provavelmente teriam zombado desse pequeno missioneiro de grande fé.

É como eu disse antes, querido leitor: aprendo muito mais com as pessoas humildes que com os grandes eruditos.

(Artigo publicado pela Revista Misión)

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