A expectativa envolve direito e exigência, enquanto a esperança nos fala de gratuidade
Esperar nos abre o coração, nos suaviza para receber, nos liberta para amar. Às vezes, a chegada é mais do que esperamos e nos surpreende. Mas também podemos ficar desiludidos, por criar expectativas. Esperança não é a mesma coisa que expectativa.
A expectativa tem muito de direito e exigência. Já a esperança nos fala de gratuidade. Quem espera normalmente não é defraudado – sobretudo quando sua esperança é colocada em Deus.
A esperança que nos salva, que nos sustenta, é aquela que os diz que, haja o que houver, Ele estará conosco todos os dias da nossa vida. Por isso, ela nunca defrauda. No deserto ou no jardim. Em solidão ou em companhia. Ele nos dá apoio, nos levanta, nos anima. E o Natal tem a ver com esperança.
Pelo contrário, quem cria expectativas, quase sempre se frustra. Porque não é possível ver todas as nossas expectativas satisfeitas.
Isso chama minha atenção. Quantas pessoas sofrem porque não lhes agradeceram por algo, porque não valorizaram sua entrega, porque não apreciaram seu amor, porque não foram capazes de acolhê-las em sua dor, porque não reagiram como elas esperavam!
São expectativas muito humanas, pouco de Deus. Algumas delas são muito lógicas, esperáveis, compreensíveis. Tão humanas como o medo ou a fome.
As pessoas nos relatam estas experiências e compreendemos seus sentimentos de raiva ou tristeza. Nós nos colocamos em seu lugar. É normal ter expectativas. Porque seria bom que nos acolhessem sempre, entendessem sempre nossa for, soubessem como acalmar a ferida, respeitassem nosso ritmo. Sim, isso tudo é bom, é compreensível.
O problema é que, às vezes, quando não acontece o que queremos, ficamos amargurados, perdemos a alegria, ficamos cheios de ira diante do mundo, de Deus. E a verdade é que o que não é um direito não pode ser exigido.
Não podemos exigir o amor, nem o acolhimento, nem uma palavra de agradecimento, nem um sorriso. Não são direitos, é gratuidade.
O Advento nos ensina a esperar bem. A esperar com sentido. A esperar sem frustrar-nos, sem jamais perder a alegria. A esperar como João Batista, confiante, certo de que Deus o acompanhava.
João Batista nos ensina a preparar uma morada para Deus na pobreza, na simplicidade do deserto. Lá onde estamos sozinhos e olhamos para o nosso coração; lá onde tudo nos sobre para ficar livres e poder, assim, desejar a chegada de Jesus.
Hoje, esperamos com João Batista. Porque ele sabia esperar. Toda a sua vida foi uma espera.
Natal: expectativa ou esperança?
Carlos Padilla Esteban - publicado em 17/12/14
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