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A luta dos cristãos perseguidos é nossa também

Iraqi Christian Refugees – pt

Aleteia Image/Antoine Mekary

Rachel Lu - publicado em 25/12/14

Deus traz luz e esperança para quem está nas trevas

O Advento terminou e os cristãos de todo o mundo se prepararam para celebrar o nascimento de Deus. Todos os corações humanos deveriam estar contentes com a boa nova de alegria revelada aos pastores há dois milênios. Mas há corações que têm particular necessidade de esperança e de alegria: para os cristãos perseguidos em todo o mundo, 2014 foi uma prova de fogo.

Não que seja um problema novo, pois os seguidores de Cristo foram perseguidos desde o tempo dos Apóstolos. Aqui no Ocidente, porém, tendemos a nos esquecer de que o martírio cristão não é apenas (nem principalmente) um fenômeno do passado. Os cristãos estão sendo torturados e mortos por causa da fé agora mesmo, todos os dias. Isso acontece em países que vão desde a África, como a Somália, a Eritreia e o Sudão, até o Sudeste asiático e o Extremo Oriente, o que inclui a China e, entre outros, partes da Índia, da Indonésia e do Vietnã, sem esquecer, de passagem, das ilhas Maldivas, no Pacífico, onde o culto cristão, incluindo casamentos e funerais, é proibido. Os cristãos têm medo de falar da fé até mesmo dentro de casa. Na ditadura laica brutalmente repressiva da Coreia do Norte, dezenas de milhares de cristãos estão detidos em campos de trabalho por causa de "crimes" como ter uma bíblia ou ir para a igreja. Sobreviventes relatam que os prisioneiros são torturados e tão mal alimentados que cerca da metade morre de desnutrição.

Terrível tem sido também o tratamento dado aos cristãos iraquianos. Centenas de milhares deles fugiram do horror do Estado Islâmico (EI) e dos seus militantes dispostos a "limpar" o Iraque do cristianismo. Em questão de semanas, a milenar população cristã do Iraque foi dizimada e suas perspectivas de retorno são sombrias. Muitas igrejas e lugares de peregrinação com séculos de história foram destruídos pelo EI. Há muitas crianças entre os cristãos martirizados pelos fanáticos desse grupo terrorista.

Essas histórias nos dão uma sensação paralisante de impotência. Os cristãos perseguidos estão espalhados por todo o planeta e as suas circunstâncias sociais e políticas são amplamente diversificadas. O que nós realmente podemos fazer? Não há solução fácil para as circunstâncias políticas que tornam a vida tão insuportável e a morte violenta uma ameaça tão perene para muitos cristãos do mundo.

Mesmo assim, há organizações que fazem esforços heroicos para ajudar os cristãos perseguidos. Em alguns casos, a pressão política consegue resultados. A Coreia do Norte pode não atender o Departamento de Estado norte-americano, mas a Índia atende. Manter-nos informados também ajuda, porque nos permite entender quando é que a pressão ocidental consegue fazer a diferença.

A nossa impotência para ajudar os que mais sofrem, no entanto, continua se fazendo sentir, especialmente no Natal, quando nos lembramos da luz e da esperança que Deus trouxe aos que habitavam nas trevas e pensamos nos cristãos ainda perseguidos e assassinados, muitos deles dando a vida voluntariamente como testemunho de Cristo. Devemos nos sentir honrados pela coragem dos nossos irmãos e exercer pelo menos o privilégio de orar por essas comunidades cristãs que sofrem provações tão intensas.

Em sentido muito real, a luta deles é também nossa. É fácil nos sentirmos alheios ao problema da perseguição religiosa no exterior, mas não devemos perder de vista a real dimensão espiritual e religiosa desses conflitos. Os cristãos não são os únicos perseguidos; também os judeus, por exemplo, há séculos enfrentam perseguição mundo afora. Entretanto, não é por acaso que o cristianismo entra na mira dos tiranos e dos opressores. Os
cristãos são odiados por razões que são centrais na sua fé: a vontade de evangelizar, a recusa em negar a Cristo mesmo em face de pressão extrema, a insistência na dignidade intrínseca da vida humana, inclusive nas suas formas aparentemente mais insignificantes. Os extremistas islâmicos não apreciam esse tipo de resistência. Nem os déspotas laicos.

Se no Ocidente nós temos que lutar para manter a fé no meio de uma cultura laica hostil, os cristãos perseguidos nesses outros lugares têm de fazer sacrifícios muito maiores. São almas que entendem na prática o que significa "abraçar a cruz" perante uma oposição brutal. Quando as circunstâncias não nos deixam oferecer a eles os necessários alívios temporais, ainda podemos reconhecer e divulgar pelo menos a sua luta e sofrimento. Sabemos por experiência própria o quanto o nosso mundo é fechado à mensagem do anjo da paz e do amor. Especialmente no Natal, portanto, temos que nos lembrar daqueles que renunciam às suas casas e até mesmo às suas vidas para se manterem fiéis à Verdade.

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