A ternura de uma xícara de café
Natal também é o que eu vi no domingo passado.
Por volta das 9h da manhã, com um frio congelante, estava eu sozinho, admirando o presépio da Praça Maior de Madri (Espanha). De repente, vi chegar um grupo de umas 10-12 adolescentes, meninas na suposta "idade da rebeldia", que começaram a distribuir café: puro, pingado, enfim, segundo o gosto dos "hóspedes" dos pórticos da praça, uma autêntica hospedaria municipal, com caixas e cobertores.
As meninas vinham de Alcorcón, o que significa que caminharam um bom tempo durante a madrugada, acordando muito cedo ou talvez até varando a noite.
– Por que vocês estão fazendo isso?
– Porque é Natal.
Essas meninas compreenderam a revolução da ternura. Que Deus tenha nos amado tanto. E toparam participar do jogo de responder com amor ao amor recebido. "Deus nos amou primeiro", escrevia São João.
Ficar mais sensíveis e cheios de ternura por causa de um parto fora da pousada e diante das palhas de uma manjedoura é uma parábola de compaixão com aqueles que usam pedaços de papelão como cama.
"Tive frio e me destes um café" (cf. Mt 25, 35). Porque é Natal.