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Querido papai: vamos falar do seu vício em pornografia?

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Aleteia Vaticano - publicado em 30/12/14

A impactante carta aberta de uma filha para o seu pai

Querido papai,

Eu quero que você saiba, antes de tudo, que eu amo você e que eu perdoo você por todas as coisas que o seu hábito de ver pornografia provocou na minha vida. Eu também queria que você soubesse que coisas foram essas. Você pode achar que esse vício afeta só você ou a sua relação com a mamãe. Mas ele teve um impacto profundo em mim e em todos os meus irmãos também.

Descobri o seu material pornográfico no computador quando eu tinha por volta de 12 anos, justamente quando estava começando a me tornar uma jovem mulher. Primeiro, eu achava muito hipócrita você tentar me ensinar a escolher os filmes com base nos valores que eles podiam deixar na minha mente, quando você mesmo, quase todos os dias, entretinha a sua mente com esse lixo. Suas conversas comigo sobre os cuidados que eu tinha que tomar com as coisas que eu via não significavam praticamente nada.

Por causa da pornografia, eu tinha a consciência de que a mamãe não era a única mulher que você olhava. Comecei a notar claramente os seus olhares disfarçados quando nós saíamos. Aquilo me passava a ideia de que todos os homens têm esse olhar errante e que nenhum homem é confiável. Eu comecei a desconfiar e até a detestar os homens por causa dessa forma de enxergarem as mulheres.

Sobre a modéstia nas roupas, você tentou me ensinar que o meu jeito de me vestir desperta reações nos outros e que eu tenho que me valorizar com base no que eu sou por dentro. Mas os seus atos me diziam que eu só seria bonita e aceita de verdade se fosse parecida com as mulheres das capas de revistas ou da pornografia. As suas conversas comigo não significavam nada; na verdade, só me deixavam com raiva.

Quando eu fui crescendo, essa mensagem foi sendo reforçada pela cultura em que vivemos: que, para ser bonita, eu tenho que ser parecida como "elas". Eu comecei também a confiar cada vez menos em você, porque aquilo que você me dizia não batia com aquilo que você fazia.

E eu me perguntava, cada vez mais, se algum dia eu iria encontrar um homem que me aceitasse e me amasse por mim mesma e que não se interessasse só por um rostinho bonito.

Quando as minhas amigas vinham em casa, eu ficava me perguntando como é que você as enxergava. Você as via como minhas amigas ou como rostos bonitos em alguma das suas fantasias? Nenhuma garota deveria ter que se perguntar uma coisa dessas sobre o homem que cuida dela e das outras mulheres que fazem parte da sua vida.

Eu encontrei um homem. Meu marido. Uma das primeiras coisas que eu perguntei a ele foi como ele lidava com a pornografia. Sou muito grata a Deus porque ele não sofreu desse vício. Nós ainda tivemos que enfrentar algumas dificuldades por causa da minha desconfiança dos homens, que estava profundamente enraizada no meu coração. Sim, papai, o seu hábito de ver pornografia acabou afetando o início do meu relacionamento com o meu marido.

Se eu pudesse dizer uma coisa a você, seria esta: a pornografia não afetou apenas a sua vida; ela afetou todo mundo que vivia ao seu redor, de várias maneiras que eu acho que você nem se dá conta. Ela ainda me afeta até hoje, quando eu percebo o poder que ela exerce na nossa sociedade. Eu tenho medo do dia em que vou ter que conversar com o meu amado filhilho sobre a pornografia e sobre o alcance das garras gananciosas dela; sobre o quanto a pornografia, assim como a maioria dos pecados, afeta muito mais gente do que apenas a nós mesmos.

Como eu disse, papai, eu perdoei você. Sou muito agradecida pelo trabalho que Deus foi fazendo na minha vida em relação a isso. É uma questão que, de vez em quando, ainda me gera algumas dificuldades, mas eu reconheço a graça de Deus e também sou muito grata ao meu marido.

Rezo para que você já tenha superado esse vício e para que os muitos homens que lutam com esse hábito consigam abrir os olhos.

Com todo o amor,

Sua filha *

* O nome da autora não será publicado devido à natureza do tema.

Tags:
FamíliaFilhosPaternidadePecadoPornografia
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