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Construindo a família com o papa Francisco

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AFP PHOTO / VINCENZO PINTO

Pe. Dwight Longenecker - publicado em 04/01/15

2014 será lembrado como o ano em que o papa Francisco guiou a Igreja na batalha pela salvação da família

Dentre todas as realizações do papa Francisco em 2014, ficará especialmente marcada neste ano a sua liderança à frente da Igreja católica para enfrentar a crise da família. As bases do sínodo dos bispos realizado em outubro foram plantadas em novembro de 2013, quando o Vaticano enviou um questionário aos bispos do mundo inteiro. No começo deste ano, consultas iniciais deram continuidade aos preparativos para o sínodo e, em junho, os resultados do questionário foram discutidos e publicados. Em outubro, ocorreu o histórico sínodo, cuja segunda e última sessão será realizada no segundo semestre de 2015.

A família tem recebido forte ênfase no papado de Francisco. Não só nas reuniões oficiais, mas também na sua pregação e em seus gestos proféticos, Francisco vem lembrando ao mundo a importância e o valor de cada membro da família humana, desde o ainda não nascido até o idoso vulnerável. Em seu cuidado pastoral e em sua paixão por conhecer as pessoas no lugar onde elas vivem, Francisco tem mostrado a sua consciência de que a família humana enfrenta uma séria crise.

Em meio à torrente das mudanças culturais e tecnológicas pelas quais a humanidade está passando, é fácil para os católicos subestimar o impacto que o mundo moderno exerce tanto sobre a família tradicional quanto sobre a fé católica. Três fatores da vida moderna têm impactado a família de maneira especial, e os líderes católicos estão fazendo um grande esforço para lidar da melhor maneira possível com esta situação. Apoiado pela sua experiência como "bispo que vai a campo", o papa Francisco é consciente das tensões e das perturbações que a inovação moderna apresenta para as famílias católicas.

O fator problema é o da mobilidade. Com os meios de transporte e de comunicação de hoje, as pessoas podem se deslocar pelo mundo para viver e trabalhar em qualquer lugar. Durante milênios, os seres humanos viveram numa localidade limitada, dentro de uma relativamente coesa família estendida. As estruturas familiares eram vastas, com forte rede de apoio, valores compartilhados e cuidado mútuo. Nos últimos cinquenta anos, porém, a aldeia ou família tribal praticamente desapareceu. As famílias vivem hoje um tanto isoladas, seja em bairros residenciais ou nas anônimas sociedades urbanas. Há cada vez mais indivíduos vivendo sozinhos e desligados completamente dos membros da família que vivem a milhares de quilômetros de distância. Sem uma família estendida, é difícil que as pessoas mantenham os seus valores católicos, encontrem um cônjuge católico e formem uma sólida família católica.

O segundo grande desafio para a família tradicional é a tecnologia reprodutiva. Com a contracepção artificial, a esterilização e o aborto, o gênero humano dispõe de meios para “desligar a máquina de fazer bebês”. Da mesma forma, por meio da inseminação artificial, da fertilização in vitro e da barriga de aluguel, as pessoas podem produzir filhos com métodos nunca imaginados pelos nossos avós.

A tecnologia da reprodução permitiu que os seres humanos separassem a atividade sexual da procriação. Em consequência, pessoas em número crescente estão confusas quanto à própria identidade de gênero, incertas quanto aos seus papéis sexuais e hesitantes quanto ao significado e ao propósito da sexualidade humana. O feminismo extremista, o transgenerismo e a crescente homossexualidade são sinais da confusão generalizada e da incerteza sobre os papéis sexuais.

Esses três fatores, ou seja, a mobilidade, a tecnologia reprodutiva e o cambiante entendimento da sexualidade humana, têm forçado os católicos a enfrentar profundas e difíceis questões morais. Como a Igreja católica deveria responder aos desafios do feminismo? Qual é a resposta católica para aqueles que sentem atração por pessoas do seu próprio sexo? Como é que vamos acolher a todos e, mesmo assim, conservar a visão católica da pessoa humana e da família humana? Como é que vamos enfrentar os desafios da mobilidade, do divórcio fácil, das uniões civis e de toda uma gama de tecnologias reprodutivas?

São desafios que a humanidade nunca teve de enfrentar antes. E são desafios que afetam direta e profundamente a vida espiritual e o destino dos católicos. A resposta ampla envolve reafirmar, fortalecer e edificar a família tradicional como um exemplo radiante de amor humano e de abundância. A resposta mais específica, porém, é também mais difícil, pois é na luta contínua dentro das famílias, das paróquias, das dioceses e de toda a Igreja que os católicos vão descobrir as soluções e encontrar a coragem para seguir em frente de forma positiva e compassiva.

Ciente destas dificuldades profundas, o papa Francisco guiou a Igreja na batalha sabendo que, em meio a um mundo moderno que vive rápidas mudanças, um mundo que muitas vezes é confuso e caótico, as verdades da fé católica fornecem uma clara luz de orientação e uma rocha firme sobre a qual construir.

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