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Jihadistas não são ‘lobos solitários’

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© Erebmedioriente

Agências de Notícias - publicado em 19/01/15

"Por trás dos atentados islamitas sempre há alguém que dá as ordens", afirma Jean-Pierre Filiu.

Os atentados em Paris e o desmantelamento de células na Bélgica colocaram em evidência que os jihadistas não são "lobos solitários", mas que têm contatos com organizações extremistas, segundo os especialistas.

É o caso dos irmãos Kouachi, que cometeram o atentado contra a revista Charlie Hebdo, ou de Amedy Coulibaly, que assassinou uma policial e matou quatro pessoas em uma tomada de reféns em Paris.

Todos eles tinham um contato mais ou menos direto com organizações jihadistas, segundo os especialistas.

"O desmantelamento de grupos na França e na Bélgica demonstra novamente que é falso o mito do ‘lobo solitário’", ou seja, o de pessoas que agem por conta própria, segundo Jean-Pierre Filiu, professor no instituto de ciência política de Paris.

"Esta figura sobre a qual alguns fantasiam foi inventada nos Estados Unidos quando a ‘guerra global contra o terror’ lançada pela administração Bush em 2001 começou a decair", afirma o especialista.

Segundo Filiu, a ausência de inimigos claros levou vários especialistas a construir a figura do "lobo solitário", um inimigo interno, "para justificar os dispositivos contra as liberdades, como o Patriot Act (uma série de medidas contra o terrorismo), cuja eficácia é muito discutível".

Said e Cherif Kouachi estiveram em contato com a Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), considerado o grupo mais perigoso da rede criada por Osama bin Laden. Amedy Coulibaly reivindicou, por sua vez, formar parte do Estado Islâmico (EI).

"Embora pareça que Coulibaly não teve contato direto com o Estado Islâmico, se converteu em seu braço armado", explica Louis Caprioli, ex-funcionário de contraterrorismo dos serviços de inteligência franceses (DST).

"Se inspirou nas ameaças (do EI) contra a França, as converteu em seu combate (…) Esta é a força do discurso jihadista, que leva pessoas a realizar operações suicidas que dois meses antes nem haviam pensado. A manipulação da mente é excepcional", afirma.

Lobos conhecidos

Durante muito tempo se tomou como principal exemplo do "lobo solitário" Nidal Malik Hassan, um psiquiatra do exército americano que em setembro de 2009 disparou contra um grupo de soldados em Fort Hood (Texas) e matou 13 deles. Embora tenha agido sozinho, depois ficou provado que estava em contato com a AQPA.

"Por trás dos atentados islamitas sempre há alguém que dá as ordens", afirma Jean-Pierre Filiu.

A maneira como estas ordens são dadas pode variar. Embora em suas reivindicações a Al-Qaeda ou o EI afirmem ter dado instruções concretas aos seus "heróis", as investigações demonstram que muitas vezes os criminosos definem por conta própria seus objetivos e seu modo de agir.

Também ficam encarregados do financiamento, que normalmente não precisa de grandes somas de dinheiro.

Segundo o grupo de reflexão Soufan Group, com sede em Nova York, é preciso substituir o conceito de "lobo solitário" pelo de "lobo conhecido", porque na maioria dos casos os jihadistas que passam à ação eram pessoas conhecidas e vigiadas pela polícia.

"Estes indivíduos, que agem sozinhos ou em pequenos grupos, estavam no radar de diferentes agências e organizações", segundo um relatório do Soufan Group publicado na sexta-feira. "Isso demonstra a dificuldade de vigiar de forma eficaz indivíduos que estão no meio do caminho entre o crime e o terrorismo", segundo o grupo.

"Em 2015 e a partir de agora é fundamental continuar evitando os planos destes ‘lobos conhecidos’, que combinam ideologias extremistas com comportamentos criminosos", conclui o relatório.

(AFP)

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