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Cuidado com a ouija

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SIAME - publicado em 22/01/15
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A venda das tábuas ouija cresceu devido a um filme de terror financiado pela empresa de jogos que as comercializa
Invocar os mortos é um sinal de desconfiança, de falta de fé na vontade de Deus. A tábua ouija tem esta finalidade, e se tornou mais famosa devido a um filme de terror recente que conta a história de jovens que jogam com o tabuleiro de adivinhação até despertar vários demônios que tentarão acabar com eles.
 
O filme Ouija – o jogo dos espíritos, que foi bem recebido entre os jovens e adolescentes, na verdade é uma jogada comercial, pois sua produção foi financiada parcialmente pela empresa norte-americana de jogos que produz e comercializa estes tabuleiros, cuja venda cresceu nos países em que o filme foi apresentado.
 
Dessa maneira, o filme, ao invés de ensinar o jovem a ser prudente, seduz com a ideia de brincar com fogo e sobreviver a ele, colocando em risco a saúde emocional – como já foi constatado por inúmeros sacerdotes no mundo inteiro.
 
História e funcionamento da ouija
 
Em entrevista para Desde la Fe, os Pe. Sergio Román de Real, especialista em piedade popular, afirma que, no século XIX, ficaram famosos os chamados espiritistas e as sociedades de estudo do sobrenatural.
 
Foi neste contexto que surgiu a ouija, cujo nome, ao que parece, provém das palavras “oui” e “já”, que significam “sim” em francês e alemão, respectivamente. Ou seja, é um “sim” reiterativo.
 
O padre explica: “É um tabuleiro com o abecedário, os números e as palavras ‘sim’ e ‘não’, sobre o qual se desliza um indicador móvel no qual a pessoa coloca a mão e este vai soletrando a suposta resposta do espírito invocado”.
 
Por “médium” se entende uma pessoa que pode se comunicar com os mortos e com os demônios; é o meio para conhecer respostas que se ignoram. Assim, na ouija, o médium é a pessoa que usa o indicador do tabuleiro, colocando sua mão suavemente sobre ele e deixando-o mover-se “livremente”, segundo a inspiração do espírito em turno.
 
Sobre o movimento do indicador, o Pe. Román diz que “pode ser que o médium o mova segundo sua vontade consciente, e então o jogo é somente uma brincadeira ou engano para a vítima inocente”.
 
Mas também pode acontecer de o indicador se mover “sem a vontade consciente” do médium e, neste caso, temos o que os psicólogos chamam de engano inconsciente.
 
O indicador da tábua de ouija se torna, assim, uma “tela” que expressa o inconsciente do médium e que dá uma resposta que o consciente jamais daria. Dessa maneira, a ouija se converte em uma espécie de telefone com linha direta ao subconsciente.
 
É possível comunicar-se com os mortos?
 
Então a ouija não é uma espécie de “telefone do além”? Os mortos não podem se comunicar conosco? Estas perguntas sempre inquietaram a humanidade, por sua necessidade de penetrar o oculto, e isso levou muitas pessoas a inventarem métodos para falar com os mortos.
 
É verdade que há uma série de fenômenos estranhos tradicionalmente atribuídos aos espíritos dos mortos e que os cientistas explicam hoje como fenômenos parapsicológicos ou paranormais.
 
O Pe. Román explica que a Igreja Católica aceita que os seres do “além” possam se comunicar com os vivos, como no caso dos anjos, mensageiros de Deus, que anunciam algo aos mortais, ou no caso das aparições de Jesus, de Maria ou dos santos.
 
“Mas acreditar que podemos incomodar o descanso dos mortos é ir contra a doutrina cristã sobre o destino final dos defuntos. A parábola que Jesus nos contou sobre o homem rico que, do inferno, solicitava que enviassem o pobre Lázaro para avisar seus irmãos que haveria um castigo, nos faz ver que os mortos não têm por que regressar, se já temos Moisés e os profetas.”
 
No entanto, a tábua ouija tem um lado imoral. O Pe. Román afirma: “Sim, usar a ouija é um pecado; mas, além disso, representa um perigo quanto ao desequilíbrio emocional, muitas vezes grave, dos que jogam com ela. A ouija é uma porta, sim, mas não uma porta para o além, e sim uma porta para a perda da sanidade”.
 
(Artigo publicado originalmente por SIAME)