“Dá esmola de teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti” (Tob 6,8)
Entre os “remédios contra o pecado”, a Igreja coloca além do jejum e da oração, a esmola.
Há ervas daninhas que crescem no jardim de nossa alma e que têm raízes profundas e por isso, são difíceis de serem arrancadas. A esmola é uma das formas de eliminá-las.
Um dos piores pecados é a ganância ou avareza; é o apego desordenado ao dinheiro e aos bens desse mundo. O avarento está pronto a deixar até a própria vida, mas não os seus bens. São Paulo classifica a avareza como idolatria: “Mortificai, pois, os vossos membros terrenos: fornicação, impureza, paixões, desejos maus, cupidez e a avareza, que é idolatria” (Cl 3,5). “Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras ! – terão herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,5).
A razão do Apóstolo ver como idolatria o apego aos bens materiais, sobretudo ao dinheiro, é que isto faz a pessoa amá-lo como a um deus. Torna-se escrava da riqueza, e no seu altar queima um incenso perigoso.
Desde o princípio Jesus alertou, os discípulos para este perigo, já no Sermão da Montanha: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedica-se a um e desprezará o outro. Não podeis servi a Deus e a riqueza” (Mt 6,24).
O que importa é que a pessoa não seja escrava do dinheiro e dos bens. É claro que todos nós precisamos do dinheiro; o próprio Jesus tinha um “tesoureiro” no grupo dos Apóstolos.
São Paulo afirma que “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro”. (1Tm 6,10). Veja que, portanto, o mal, não é o dinheiro em si, mas o “amor” ao dinheiro; isto é, o apego desordenado que faz a pessoa buscar o dinheiro como um fim, e não como um meio. Por causa do dinheiro muitos aceitam a mentira, a falsidade e a fraude. Quantos produtos falsificados! quantos quilos que só possuem 900 gramas! quanta enganação e trapaças nos negócios!
Não é verdade que mesmo entre os cristãos, tantas vezes um engana o outro, o “passa para traz”, em algum negócio, compra e venda, etc.? Se formos mais alto, poderemos constatar que toda a corrupção, tráfico de drogas e de armas, crimes, etc., tem atrás a sede do dinheiro. Basta ligar o TV o ler o jornal para ver isso.
O próprio domingo, dia do Senhor, está se transformando, para muitos, em o dia de ganhar dinheiro. Por amor ao dinheiro muitos pais perdem os próprios filhos, irmãos brigam e se separam, e muitos casamentos acabam. No casamento dá mais problema o dinheiro que sobra do que o dinheiro que falta.
Por causa da ganância vemos o mundo numa situação de grande injustiça e miséria para muitos.
Jesus recomendou ao povo: “Guardai-vos escrupulosamente de toda avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas” (Lc 12,15). “Filhinhos, quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que põem a sua confiança nas riquezas”. (Mc 10,24)
O apego aos bens desse mundo é algo muito forte em nós, quase que uma “segunda natureza”, e portanto, só com o auxílio da graça de Deus poderemos vencer esta tentação forte. Como?
O remédio contra a avareza é o “abrir as mãos”, não para receber, mas para dar. Quanto mais apegado você for ao dinheiro, mais faça o exercício de “dar” boas e generosas esmolas… até que as suas mãos aprendam a se abrir sem que o seu coração chore.
Exaustivamente a Bíblia fala da importância da esmola:
“Quem se apieda do pobre, empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício”. (Prov. 19,17)
São Leão Magno dizia que “a mão do pobre é o banco de Deus”.
“Dá esmola de teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti”. (Tob 6,8)