“Old Fashioned” tem prós e contras, mas os prós o fazem valer a pena
Esta informação pode ser surpreendente para alguns leitores, mas, na história do cinema, o filme que mais arrecadou dinheiro em seu primeiro fim de semana de exibição durante o mês de fevereiro é “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson: foram 83,8 milhões de dólares entre a Quarta-Feira de Cinzas e o primeiro domingo da Quaresma, em 2004.
Só que, se os especialistas em rastrear tendências de comportamento e consumo estiverem certos, estes onze anos em que “A Paixão de Cristo” permaneceu no posto de campeão de bilheteria de fevereiro estão prestes a chegar ao fim. O filme de Gibson deverá ser ultrapassado, em termos de dinheiro arrecadado, por “Cinquenta Tons de Cinza”.
Pois é, chegamos a este ponto.
“Cinquenta Tons de Cinza”, como você provavelmente não tem como não saber a essa altura, é a adaptação cinematográfica da trilogia escrita pela autora E. L. James, que fala de práticas sexuais alternativas e que, inexplicavelmente, se tornou um best-seller internacional. Digo “inexplicavelmente” porque até o popularesco site “The Huffington Post” descreveu os livros como “uma triste piada”, o que sugere que a coisa era mesmo apelativa e fraca. Mas o fato é que, mal escrita ou não, a trilogia virou um arrasa-quarteirão e a sua inevitável versão para os cinemas vem disposta a bombar também.
Não faz muito tempo que os adeptos de práticas sexuais como dominação-submissão e sadismo-masoquismo eram vistos como pessoas “psicologicamente desordenadas”. Os tempos mudaram. Hoje, a Associação Americana de Psiquiatria só considera esses atos como “desordenados” quando eles são realizados não consensualmente ou causam sofrimento clinicamente significativo para um dos participantes.
Os líderes católicos não têm a mesma opinião: eles denunciaram abertamente a visão degradante do sexo apresentada pela história e lembraram ao público os ensinamentos da Igreja sobre o caráter sublime e amoroso da intimidade sexual no casamento.
Em paralelo, o cineasta norte-americano Rik Swartzwelder decidiu responder aos cinquenta tons e suas cinzas produzindo um filme alternativo chamado “Old Fashioned” (“À moda antiga”, em tradução livre).
A trama, que estreou nos cinemas dos Estados Unidos no mesmo dia que “Cinquenta Tons”, conta a história do namoro decididamente não sexual entre um homem e uma mulher para quem a revolução sexual foi um fracasso completo. Recém-chegada a uma pequena cidade para recomeçar a vida, Amber (Elizabeth Ann Roberts) fica fascinada com o proprietário da casa que alugou: Clay (Rik Swartzwelder, que é também o roteirista, o diretor e o produtor do filme). Ele a faz ficar do lado de fora da casa enquanto termina alguns reparos. Ao que parece, Clay fez a promessa de nunca ficar sozinho com mulher nenhuma, exceto com sua esposa (caso algum dia ele se case). E, por mais que Amber proteste, esta é uma promessa que ele não vai quebrar.
A cidade inteira parece saber das peculiaridades de Clay quando o assunto é mulher. E todos tentam alertar Amber para que ela não perca tempo correndo atrás dele. Mas Amber é determinada e não desiste de quebrar coisas de propósito na casa para forçá-lo a vir consertá-las. Ainda que não seja por outro motivo a não ser o de dar um basta nessa destruição, o relutante Clay finalmente concorda em sair com Amber. Para grande espanto dela, no entanto, o encontro acontece no escritório de um ministro religioso, onde Clay consulta livros que ajudam a avaliar se uma pessoa é compatível com o seu pretenso futuro cônjuge. Nada a ver com o clássico jantar-e-cineminha, mas, pelo menos, ele ganha pontos pela originalidade.
O caso é que Clay já foi um grande mulherengo em seus dias de faculdade e agora está tentando mudar: ele quer construir um