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Papa pede aos cardeais que não se fechem em uma ‘casta’

Ordinary Public Consistory 13 February 2015 – 07 © Sabrina Fusco – pt

© Sabrina Fusco / ALETEIA

<span>Ordinary Public Consistory for the creation of new Cardinals</span>

Agências de Notícias - publicado em 16/02/15

O Papa falou de uma "encruzilhada" vivida pela Igreja hoje em dia, dividida por duas lógicas. "O medo de perder os salvados e o desejo de salvar os perdidos"

O papa Francisco pediu neste domingo aos cardeais de todo o mundo que não se convertam em uma casta, advertindo que a Igreja deve se focar na reintegração dos marginalizados e esquecidos.

"O caminho da Igreja é o de não condenar ninguém para sempre e sim difundir a misericórdia de Deus a todos", afirmou o sumo pontífice durante a homilia pronunciada na Basílica de São Pedro.

Francisco concelebrou a missa solene com cerca de 160 cardeais provenientes dos cinco continentes, entre eles os 20 que foram nomeados no sábado.

Francisco, que parecia um pouco cansado depois de uma semana intensa de reuniões com os cardeais para avaliar os avanços das reformas que promove, ilustrou com palavras claras os princípos de seu pontificado, inaugurado há dois anos.

"Jesus não tem medo de escândalos. Não tem medo de pessoas obtusas, que se escandalizam com qualquer abertura, com qualquer passo que não entre em seus esquemas, qualquer carícia que não corresponda a sua forma de pensar e sua pureza ritualista quer integrar os marginalizados, salvar os que estão fora do acampamento", afirmou.

O Papa falou de uma "encruzilhada" vivida pela Igreja hoje em dia, dividida por duas lógicas. "O medo de perder os salvados e o desejo de salvar os perdidos".

Francisco citou as resistências e hostilidades de que padeceram os dois fundadores da Igreja, São Pedro e São Paulo.

Aos novos cardeais, Francisco recordou a lógica de Jesus. "Este é o caminho da Igreja. Não apenas acolher e integrar, com o valor evangélico, aqueles que batem a sua porta. E sim sair e buscar, sem preconceitos e sem medos, os afastados, manifestando a eles gratuitamente aquilo que recebemos gratuitamente".

Francisco se dirigiu diretamente aos cardeais recém-nomeados, quase todos desconhecidos e que trabalham em cidades e regiões remotas dos cinco continentes.

"Vejam o Senhor em cada pessoa que sofre, que está desnuda, também aqueles que perderam a fé ou se declaram ateus, vejam o Senhor que está na prisão, que não têm trabalho, estão demitidos… Ao discriminado. Não descobrimos o Senhor se não acolhermos verdadeiramente o marginalizado", concluiu.

Na véspera, Francisco nomeou 20 novos cardeais procedentes dos cinco continentes, muitos deles bastante envolvidos com questões sociais, confirmando o desejo do pontífice de criar uma Igreja menos eurocentrista.

Os novos "príncipes da Igreja" receberam o barrete vermelho, assim como o título e o anel cardinalício das mãos do papa argentino e na presença do papa emérito Bento XVI, que usava uma batina branca, prerrogativa dos pontífices.

Assim como ocorreu há um ano, durante a cerimônia de investidura dos primeiros purpurados do pontificado de seu sucessor, Bento XVI estava na primeira fila.

Apesar da solenidade do ato e do lugar, Francisco lembrou aos novos cardeais que "o cardinalato não é uma distinção honorífica" "nem um acessório" ou condecoração" mas "um ponto de apoio e um eixo para a vida da comunidade".

Em seu breve discurso, o papa traçou o perfil do purpurado de seu pontificado: um religioso que conhece "a magnanimidade", que "ama o que é grande, sem descuidar do que é pequeno", que conhece "a benevolência", que vive "na caridade" e "descentrado de si mesmo", explicou.

"Quem está centrado em si mesmo busca inevitavelmente seu próprio interesse e acredita que isso é normal, quase um dever", alertou Francisco, que os convidou a deixar de lado, acima de tudo, qualquer injustiça.

"Nem mesmo a que poderia ser benéfica para ele ou para a Igreja", recalcou.

"Tampouco as dignidades eclesiásticas estamos imunes à tentação da inveja e o orgulho", agregou.

Pela segunda vez desde que foi eleito pontífice, em março de 2013 Francisco decidiu premiar com o título cardinalício representantes de países pobres e subdesenvolvidos. São 18 nações, seis das quais nunca haviam contado com um cardeal: Cabo Verde, Tonga, Mianmar, Moçambique, Nova Zelândia e Panamá, com José Luis Lacunza, bispo de David, o primeiro da história do país.

Quase todos os escolhidos são bispos humildes e simples, que dedicaram suas vidas aos imigrantes, aos pobres, ou trabalhando em cidades assoladas pela violência, pobreza e conflitos.

Dos quinze novos cardeais com direito a voto, apenas um trabalha na Cúria Romana (o prefeito da Assinatura Apostólica, tribunal para conflitos jurídicos), enquanto três vêm na Ásia, três da América Latina, dois da Oceania e mais dois da África.

A esses purpurados que trabalham em contato permanente com as pessoas, o papa argentino reconheceu que "não lhes faltam ocasiões para se enojarem", disse.

(AFP)

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