Marco Archer foi arrastado para o fuzilamento chorando e gritando: "Me ajudem!"
Os minutos finais da vida do brasileiro Marco Archer, condenado à morte por tráfico de drogas na Indonésia, foram "apavorantes", segundo o jornal australiano The Sidney Morning Herald. Marco foi fuzilado à meia-noite de 18 de janeiro, depois de esgotados todos os recursos para que a sentença fosse revogada.
"Normalmente, há um momento em que um ministro ou diretor espiritual vai [ao encontro do condenado] para consolá-lo. Ninguém consolou Marco", declarou o padre católico Charles Burrows, ao relatar que, por questões burocráticas, foi impedido pelas autoridades indonésias de visitar o sentenciado e lhe proporcionar o acesso à Confissão e à Extrema Unção.
"Ele teve de ser arrastado da cela chorando e pedindo ‘Me ajudem’", prosseguiu o sacerdote, agregando uma informação aterradora sobre o pavor que teria tomado conta de Marco ao se aproximar o instante drástico da execução: "Ele chegou a defecar nas calças". Marco chorou "durante todo o tempo, até seus últimos minutos", de acordo com o pe. Charles.
Para a Igreja católica, jamais pode ser negado o auxílio espiritual a nenhuma pessoa em risco de vida ou na iminência da morte. A oferta de consolo e acesso à graça divina nesse momento dramático tem tamanha importância que a Igreja reconhece a Unção dos Enfermos como um dos seus sete sacramentos.
MAS O QUE É A UNÇÃO DOS ENFERMOS?
– A Unção dos Enfermos é um sacramento, ou seja, um sinal sensível instituído por Jesus Cristo para nos dar a graça santificante e certas graças específicas, que são próprias de cada um dos sete sacramentos (Batismo, Confissão, Eucaristia, Confirmação, Matrimônio, Sacerdócio e Unção dos Enfermos). No caso da Unção dos Enfermos, essas graças específicas são a preparação da alma para o Céu, o perdão dos pecados veniais, das imperfeições e até dos pecados mortais, e, se Deus julgar oportuno para a salvação do enfermo, a graça da recuperação da saúde.
– “Pela sagrada Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, a Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado, para que os alivie e salve. Exorta os mesmos a que livremente se associem à paixão e à morte de Cristo e contribuam para o bem do povo de Deus” (Catecismo da Igreja Católica – CIC, nº 1499).
– A Unção dos Enfermos não é um sacramento apenas dos que estão no fim da vida. Ela pode ser recebida quando o fiel começa, por doença ou por velhice, a correr o risco de morrer (cf. CIC, nº 1514).
– Se um doente que recebeu a Unção dos Enfermos recuperar a saúde, ele pode, em caso de nova enfermidade grave, receber o sacramento novamente. O sacramento também pode ser repetido no decurso da mesma doença caso ela se agrave. É conveniente receber a Unção dos Enfermos antes de uma operação cirúrgica importante e nos casos de acentuação da fragilidade das pessoas de idade (cf. CIC, nº 1515).
– Só os bispos e presbíteros podem ministrar a Unção dos Enfermos e eles têm o dever de instruir os fiéis sobre os benefícios deste sacramento. Os fiéis devem encorajar os doentes a pedi-lo. Por sua vez, os doentes devem preparar-se para receber o sacramento com boas disposições. A comunidade eclesial é convidada a rodear os doentes com suas orações e atenções fraternas (cf. CIC, nº 1516).
– Ao administrar este sacramento, o ministro unge o doente na fronte e nas palmas das mãos. A prática vem da Igreja primitiva, quando os apóstolos, imitando Jesus Cristo, usavam os óleos e a imposição das mãos para pedir a Deus a cura dos doentes.
– Se possível, o doente deve confessar-se. É por esta razão que só o sacerdote pode administrar a Unção dos Enfermos.
– Uma pessoa comprovadamente morta não pode mais receber este sacramento, já que a Unção dos Enfermos não é um sacramento de mortos nem para pessoas que já não estão no pleno uso das suas faculdades. A