Aleteia logoAleteia logoAleteia
Segunda-feira 27 Março |
Bem-aventurado Francisco Faà di Bruno
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

Brasileiro executado na Indonésia teve acesso negado à Unção dos Enfermos. Mas que sacramento é esse?

How much do we know about life after death? – pt

© Ladida / ISTOCK

Aleteia Brasil - publicado em 23/02/15

Marco Archer foi arrastado para o fuzilamento chorando e gritando: "Me ajudem!"

Precisando de uma ideia para a esmola quaresmal?

Ajude-nos a difundir a fé na internet! Você poderia fazer uma doação para que possamos continuar criando conteúdos gratuitos e edificantes?

Faça aqui uma doação de Quaresma

Os minutos finais da vida do brasileiro Marco Archer, condenado à morte por tráfico de drogas na Indonésia, foram "apavorantes", segundo o jornal australiano The Sidney Morning Herald. Marco foi fuzilado à meia-noite de 18 de janeiro, depois de esgotados todos os recursos para que a sentença fosse revogada.

"Normalmente, há um momento em que um ministro ou diretor espiritual vai [ao encontro do condenado] para consolá-lo. Ninguém consolou Marco", declarou o padre católico Charles Burrows, ao relatar que, por questões burocráticas, foi impedido pelas autoridades indonésias de visitar o sentenciado e lhe proporcionar o acesso à Confissão e à Extrema Unção.

"Ele teve de ser arrastado da cela chorando e pedindo ‘Me ajudem’", prosseguiu o sacerdote, agregando uma informação aterradora sobre o pavor que teria tomado conta de Marco ao se aproximar o instante drástico da execução: "Ele chegou a defecar nas calças". Marco chorou "durante todo o tempo, até seus últimos minutos", de acordo com o pe. Charles.

Para a Igreja católica, jamais pode ser negado o auxílio espiritual a nenhuma pessoa em risco de vida ou na iminência da morte. A oferta de consolo e acesso à graça divina nesse momento dramático tem tamanha importância que a Igreja reconhece a Unção dos Enfermos como um dos seus sete sacramentos.

MAS O QUE É A UNÇÃO DOS ENFERMOS?

– A Unção dos Enfermos é um sacramento, ou seja, um sinal sensível instituído por Jesus Cristo para nos dar a graça santificante e certas graças específicas, que são próprias de cada um dos sete sacramentos (Batismo, Confissão, Eucaristia, Confirmação, Matrimônio, Sacerdócio e Unção dos Enfermos). No caso da Unção dos Enfermos, essas graças específicas são a preparação da alma para o Céu, o perdão dos pecados veniais, das imperfeições e até dos pecados mortais, e, se Deus julgar oportuno para a salvação do enfermo, a graça da recuperação da saúde.

– “Pela sagrada Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, a Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado, para que os alivie e salve. Exorta os mesmos a que livremente se associem à paixão e à morte de Cristo e contribuam para o bem do povo de Deus” (Catecismo da Igreja Católica – CIC, nº 1499).

– A Unção dos Enfermos não é um sacramento apenas dos que estão no fim da vida. Ela pode ser recebida quando o fiel começa, por doença ou por velhice, a correr o risco de morrer (cf. CIC, nº 1514).

– Se um doente que recebeu a Unção dos Enfermos recuperar a saúde, ele pode, em caso de nova enfermidade grave, receber o sacramento novamente. O sacramento também pode ser repetido no decurso da mesma doença caso ela se agrave. É conveniente receber a Unção dos Enfermos antes de uma operação cirúrgica importante e nos casos de acentuação da fragilidade das pessoas de idade (cf. CIC, nº 1515).

– Só os bispos e presbíteros podem ministrar a Unção dos Enfermos e eles têm o dever de instruir os fiéis sobre os benefícios deste sacramento. Os fiéis devem encorajar os doentes a pedi-lo. Por sua vez, os doentes devem preparar-se para receber o sacramento com boas disposições. A comunidade eclesial é convidada a rodear os doentes com suas orações e atenções fraternas (cf. CIC, nº 1516).

– Ao administrar este sacramento, o ministro unge o doente na fronte e nas palmas das mãos. A prática vem da Igreja primitiva, quando os apóstolos, imitando Jesus Cristo, usavam os óleos e a imposição das mãos para pedir a Deus a cura dos doentes.

– Se possível, o doente deve confessar-se. É por esta razão que só o sacerdote pode administrar a Unção dos Enfermos.

– Uma pessoa comprovadamente morta não pode mais receber este sacramento, já que a Unção dos Enfermos não é um sacramento de mortos nem para pessoas que já não estão no pleno uso das suas faculdades. A

Unção dos Enfermos é um sacramento de vivos, voltado a sanar a alma e, se possível, também o corpo do enfermo ou da pessoa prestes a morrer.

– A Igreja determina que se não administre este sacramento aos que "perseveram obstinadamente em pecado grave manifesto" (cf. Cânone 1007), porque é preciso respeitar a liberdade de escolha de cada alma.

– A Unção dos Enfermos é claramente mostrada na Bíblia, sendo prefigurada no Evangelho de Marcos: “Partindo, eles pregavam que todos se arrependessem. E expulsavam muitos demônios e curavam muitos enfermos, ungindo-os com óleo” (Mc 6,12-13). A Carta de São Tiago recomenda o sacramento e explica como ele deve ser ministrado: "Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados" (Tg 5,14-15).

– Devido à iminência da morte, os sacramentos da Confissão e da Unção dos Enfermos também são oferecidos aos prisioneiros saudáveis sentenciados à pena capital nos países em que ela está em vigor.

Marco Archer, lamentavelmente, não pôde contar com esta graça no final da sua vida terrena. Entretanto, a fé católica nos ensina que Deus Pai perdoa com infinita alegria qualquer pessoa que, contrita e arrependida sinceramente dos seus pecados, lhe pede perdão e misericórdia, ainda que seja apenas dentro do próprio coração nos casos de impossibilidade de acesso aos sacramentos.

O papa Francisco é insistentemente enfático em ressaltar a misericórdia de Deus Pai e em nos convidar a guardar sempre viva a esperança em Deus e na sua bondade infinita. O próprio Jesus Cristo é explícito a este respeito: "Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão" (Lc 15,7). Afinal de contas, esta é a mensagem do cristianismo: Deus é nosso Pai, nos ama infinitamente e está disposto a tudo para nos perdoar e nos dar a eterna felicidade ao seu lado. Ele só não quer nos obrigar a isso e respeita a nossa liberdade de aceitar o seu amor.

Oremos para que a alma de Marco esteja no abraço eterno do Pai, com grande festa no céu!

Tags:
MortePena de MorteSacramentos
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia