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Meu filho é gay e quer trazer seu namorado à minha casa. Devo acolhê-los?

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Pe. Henry Vargas Holguín - publicado em 24/02/15
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Uma pergunta delicada respondida pelos especialistas da IgrejaA homossexualidade não é uma virtude nem uma conquista. A orientação homossexual é uma circunstância da pessoa, difícil de explicar. Não sabemos por que algumas pessoas têm estas tendências homossexuais, mas sabemos que sempre houve, há e haverá pessoas com estas tendências.

Em cada pessoa, as causas são diferentes. Não há unanimidade entre os especialistas sobre isso. Serão fatores, hormonais, genéticos, químicos, biológicos, ambientais, carências no início do desenvolvimento psicossexual? Algum desses fatores será predominante e influenciará os outros? Ainda não sabemos

Precisamos ser conscientes de que, até o momento em que, voluntária ou obrigatoriamente, as tendências homossexuais de alguém saem à luz, é provável que tal pessoa tenha tido um itinerário difícil, longo e solitário.

Este itinerário continua depois, em muitos casos em meio a desprezos, vergonhas e culpas, que o tornam ainda mais doloroso. E o sofrimento da pessoa dobra.

Portanto, começando pela família, é preciso ser muito amáveis e compreensivos. Os pais devem lembrar que seus filhos com tendências homossexuais costumam precisar, acima de tudo, do carinho e da aceitação dos seus pais, sejam quais forem as circunstâncias.

Independentemente de suas tendências e atos, o filho deve ter um lugar no coração dos seus pais e estes, ao abordar a questão (e sempre) precisam buscar seu bem, junto ao da família inteira. Se ele vier com seu namorado, isso o beneficiará em sua integridade? Poderia prejudicar o resto da família? Estas são perguntas para a reflexão dos pais.

Então, se um filho quer levar seu parceiro homossexual à casa dos pais, em princípio eles devem ser acolhidos, mas levando em consideração fatores como sua idade, a “solidez” da relação com esse parceiro, a possível presença de irmãos pequenos que poderiam ser afetados pela situação etc.

A caridade começa em casa. E, para entender o que é a caridade, é preciso ler o capítulo 13 da 1ª Carta aos Coríntios: “Se não tenho amor, nada sou”.

Todas as pessoas, pelo simples fato de serem pessoas, possuem uma dignidade. As pessoas com tendências homossexuais são tão dignas quanto as que não possuem tal tendência. Compreensão, ajuda, acolhimento e caridade: estas são as atitudes de um cristão diante de qualquer pessoa, independentemente de sua tendência sexual.

O acolhimento é a atitude mais óbvia para as famílias cristãs e para a Igreja. O conselho para os pais é: aceitar e amar seu filho como ele é. Fazer o melhor que puderem e colocar tudo nas mãos de Deus.

Precisamos evitar a rejeição e a discriminação. A inclinação homossexual, “objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta” (Catecismo, 2358). Este é o ensinamento da Igreja.

No entanto, cabe recordar que o acolhimento das pessoas com tendências homossexuais não significa aprovação de tal tendência.

Este é o motivo pelo qual o magistério da Igreja não fala de “homossexuais”, mas de “pessoas” com tendências homossexuais, distinguindo entre “pessoa” e “tendência”. Esta é uma distinção importante, explicada nos documentos da Igreja.

A Igreja, como tal, nunca rejeitou nem nunca rejeitará as pessoas com tendências homossexuais pelo simples fato de as terem. Mais ainda: muitas dessas pessoas que trabalham na pastoral são pessoas de fé, estão unidas à Igreja. Todos nós temos a mesma identidade fundamental: ser criaturas e, por graça, filhos de Deus, herdeiros da vida eterna.

Estas pessoas não deixam de ser filhas de Deus, não deixam de ser pessoas que podem receber os sacramentos, sempre e quando estiverem em graça de Deus – como qualquer pessoa com qualquer tendência sexual. Impossível isso? Não. Difícil? Talvez sim, mas isso já é outra história.

“As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (Catecismo, 2359).

A homossexualidade é uma circunstância pessoal mas, como tendência, não é pecado em si mesma, a não ser que seja praticada. Quando praticada, então torna-se pecado.

É óbvio que é preciso acolher as pessoas com tendências homossexuais, mas isso não significa aceitar algumas realidades inerentes, ou seja: não podemos confundir o acolhimento com a aceitação de outras realidades que giram ao redor da condição homossexual.

Neste sentido, tampouco se deve permitir que a casa de família se torne para o casal homossexual um refúgio amoroso. O lar paterno precisa ser respeitado.

O que não se aceita, entre outras coisas, é o mal chamado “casamento” gay, ou que tais pessoas possam adotar filhos e pretendam impor um novo modelo de família. Não é aceitável a sexualidade antinatural.

“A Tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (Catecismo, 2357).

Infelizmente, tendemos a confundir a rejeição do pecado com a rejeição da pessoa. Como se costuma dizer, “é preciso rejeitar o pecado, mas não o pecador”. O pecado precisa ser rejeitado em qualquer pessoa, independentemente de sua orientação sexual, mas não se rejeita a pessoa em si mesma. Difícil de entender? Acho que não.

É preciso denunciar o pecado onde quer que ele esteja. Jesus não veio condenar, mas salvar. Ele comia com os que precisavam dele. “Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: ‘Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?’ Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: ‘Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.'” (Mt 9, 11-13).

Ou, como dizia São Paulo: “Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível. (…) Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. E tudo isso faço por causa do Evangelho, para dele me fazer participante” (1 Cor 9, 19-23).

Não podemos julgar ninguém, muito menos condenar, ainda que, ao mesmo tempo, um pai e uma mãe precisam analisar a responsabilidade que têm sobre o lar. Toda pessoa é digna de apreço, respeito e acolhimento. Cada um deve julgar a si mesmo e confrontar-se diante da santa presença de Deus.