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Um jeito novo de viver

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Rafael Luciani - publicado em 27/02/15
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O segredo da sua felicidade pode estar bem aqui
Vivemos em uma época complexa. O aumento da violência social, política e cultural não ajuda a compreender a força da compaixão fraterna na transformação das nossas vidas e na libertação de tudo aquilo que nos impede de promover relações humanizadoras, como a justiça social e os direitos humanos.
 
Às vezes, levamos uma vida sobrecarregada de insatisfação, amargura, inveja e avareza, voltados apenas para nós mesmos. Não percebemos que caminhamos cansados e desumanizando todos aqueles com quem nos encontramos.
 
Nas palavras de Jesus, encontramos dois segredos que podem nos ajudar a viver a compaixão fraterna e, assim, encontrar novamente esse sabor perdido que a vida tem.
 
Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que estamos cansados, esgotados. Não podemos negar isso nem acreditar que podemos fazer sacrifícios que substituam nossa entrega ao outro, a quem precisa: "Vinde a mim todos vós que estais aflitos sob o fardo, que eu vos darei descanso" (Mt 11, 28). O descanso que Jesus oferece começa na entrega ao outro, ao colocar-nos em movimento em direção a ele, ao colocar-nos em seu lugar.
 
O segundo elemento consiste no fruto que produz viver segundo o estilo de Jesus, com um coração que acolhe o outro e lhe dedica seu tempo, ao invés de rejeitá-lo ou maltratá-lo: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mt 11, 29).
 
É um coração que não se nutre do medo, do castigo ou do arrependimento frente a um deus colérico, mas da graça e do encontro gratuito, dos quais brotam as verdadeiras transformações na vida, pois o Deus de Jesus só sabe amar e deixar-se amar.
 
A experiência religiosa, concretamente a espiritualidade cristã, não se baseia no rigorismo casuístico da moral punitiva, segundo a qual o importante é o cumprimento religioso mediante a participação nos ritos, a repetição das orações de devoção e a prática fria dos mandamentos.
 
A espiritualidade cristã se nutre e cresce a partir da prática cotidiana da compaixão fraterna, que nos torna compassivos e solidários, ao invés de indiferentes.
 
Jesus propõe um caminho que continua encontrando muita resistência nos dias de hoje: "Ide e aprendei o que significam as palavras: ‘Misericórdia quero, não sacrifícios’, porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9, 13).
 
A misericórdia é a relação por excelência que nos assemelha a Deus. Ao amar compassivamente, estamos também amando como Deus ama.
 
Nosso Deus "não pede sacrifícios" (Salmo 50), é "lento à ira" e "rico em clemência". Ao agir assim, Ele nos desarma, porque não estamos acostumados com a gratuidade.
 
Por isso, quem busca o Deus de Jesus Cristo, perceberá que só poderá viver suas relações humanas com espírito fraterno, vendo no outro um tesouro, que jamais pode ser tratado com mero assistencialismo, como um simples objeto de dádivas. Ao contrário, deve ser assumido como um irmão, "porque um é o vosso Mestre e todos vós sois irmãos" (Mt 23, 8).
 
Jesus se aproximava diariamente dos excluídos e doentes, das vítimas da rejeição social, política ou religiosa. Ele os abraçava, olhava e tocava, para reconciliá-los consigo mesmos e com os outros e, assim, ensinar-lhes que é possível viver de outra maneira, que Deus estava com eles sem pedir-lhes nada, porque seu amor é completamente gratuito (Salmos 145 e 146).
 
Por isso, quem vive da compaixão fraterna nunca privatiza a religião, e entende que "amar a Deus de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios" (Mc 12,32-34).

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