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A Teoria das Janelas Quebradas: um incentivo à miséria e à violência

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Aleteia Brasil - publicado em 18/03/15

O que acontece quando um carro em um bairro nobre aparece com um vidro partido

Em 1969, o professor Phillip Zimbardo fez uma experiência de psicologia social na Universidade norte-americana de Stanford: ele deixou dois carros idênticos, da mesma marca, modelo e cor, abandonados na via pública.

Um dos carros ficou no Bronx, que era uma área pobre e conflituosa de Nova Iorque. O outro foi deixado em Palo Alto, uma região rica e segura da Califórnia. Uma equipe de especialistas em psicologia social estudaria o comportamento dos moradores de cada local.

O carro abandonado no Bronx começou em poucas horas a ser depredado: levaram rodas, motor, espelhos, tudo o que pudesse ser aproveitado. E não só isto: destruíram tudo o que não puderam levar embora.

Enquanto isso, o carro abandonado em Palo Alto continuou intacto.

Mas a experiência não terminou. Depois de uma semana sem que o carro de Palo Alto sofresse danos, os pesquisadores quebraram um dos seus vidros.

O que aconteceu então? Em pouco tempo, o veículo abandonado em uma rua de uma rica localidade californiana ficou no mesmo estado do carro que tinha sido vandalizado no bairro pobre nova-iorquino. 

Por que a janela quebrada de um carro abandonado numa área rica dispara um processo delituoso tão semelhante ao que seria comum numa região pobre?

O problema não parece estar na pobreza em si, mas em algo relacionado com a psicologia humana e social.

Um vidro quebrado passa a ideia de deterioração, despreocupação, ausência da lei, quebra dos códigos de convivência. Cada nova pedrada no carro intensifica essa percepção e o próprio fenômeno da depredação irracional.

Após esta pesquisa e outras experiências posteriores, James Q. Wilson e George Kelling desenvolveram a "Teoria das Janelas Quebradas", que observa que o delito é proporcionalmente maior nas regiões em que é maior o descuido, a desordem e o abandono cotidiano. Quando os sinais de deterioração são manifestos e permanentes e parece que ninguém se importa com eles, o delito tem um campo fértil para crescer.

A Teoria das Janelas Quebradas foi aplicada na década de 1980 no metrô de Nova Iorque, um dos pontos mais perigosos da cidade na época. A prefeitura começou a combater as pequenas transgressões: pichações, sujeira, usuários alcoolizados, pequenos roubos, desordem, tentativas de acessar os trens sem pagar.

Começando pelo pequeno, conseguiu-se o grande resultado de tornar o metrô de Nova Iorque um lugar bem mais seguro.

Pequenas transgressões como estacionar em vagas reservadas, ultrapassar o limite de velocidade e furar o sinal vermelho são suficientes, quando não há punições, para implantar uma atitude geral de irresponsabilidade no trânsito.

Xingamentos, gritos e tapas aplicados como coisa normal na "educação" dos filhos são incentivos a formar adultos problemáticos: ou carentes de autoestima e de segurança pessoal, ou violentos a exemplo dos pais.

Praças, viadutos e terrenos baldios abandonados à sujeira são ocupados pela delinquência, criando bolsões de insegurança espalhados pelas cidades.

Há medidas, é claro, que cabem ao poder público. Mas nós, "o povo", estamos fazendo a nossa parte?

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