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Existe algo que deixa as pessoas mais felizes do que sexo e chocolate?

Mousse au chocolat
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Susan E. Wills - publicado em 22/03/15 - atualizado em 11/04/25
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Uma pesquisa feita no Reino Unido encontrou respostas surpreendentes

Uma pesquisa feita no Reino Unido encontrou respostas surpreendentes

As revistas femininas, pelo menos aquelas posicionadas estrategicamente nos caixas dos supermercados, parecem obcecadas com a propriedade que o sexo e os chocolates têm de produzir euforia. As revistas masculinas parecem focadas nas mais recentes “ótimas ideias” para torná-los desejados pelas mulheres e invejados pelos outros homens.
 
Mas um novo estudo sugere que os homens e as mulheres poderiam se sentir melhor se… olhassem os álbuns de família.
 
Uma pesquisa da Opinion Matters ouviu 2.040 adultos no Reino Unido e descobriu que 80% dos entrevistados “eram mais felizes quando relembravam os velhos tempos passados com amigos e familiares”.
 
O chocolate (com 17%) e “até mesmo sexo (38%)” ficaram atrás das lembranças (45%) na lista das “fontes de maior e mais prolongado impulso emocional”.
 
E quais são os eventos que produzem as lembranças mais felizes?
 
1. O nascimento dos filhos, citado por 45% dos entrevistados;
2. Uma determinada viagem de lazer ou férias, para 32%;
3. O encontro com o(a) parceiro(a), para 30%;
4. Natal, aniversários e outras celebrações (% não informado);
5. O dia do casamento, citado por 20%.
 
A “lembrança favorita” menos popular foi a promoção no trabalho, citada por apenas 4% dos entrevistados.
 
A pesquisa também perguntou sobre o tipo de lembrança que tem “maior poder emocional” para o entrevistado e descobriu que “olhar fotos antigas de momentos felizes” vem em primeiro lugar, para 53% das pessoas. “Recordar o passado em conversas com parentes” ocupa o segundo lugar, com 36% de menções. Em terceiro lugar, para 25% dos entrevistados, “ver fotos de pais e avós”.
 
O realizador do estudo, Richard Grant, divulgou os resultados junto com o lançamento do Lifetile, um serviço online gratuito, criado por ele, que permite aos usuários “reconstituir e organizar com segurança a história da sua vida e compartilhá-la, inteira ou em partes, com as pessoas que mais lhe importam”. Ele comenta:
 
“Chegamos a uma época em que estamos tão ocupados capturando tudo no mesmo instante em que acontece que corremos o risco de perder de vista o porquê de estarmos fazendo isso! Esquecemos de parar e olhar para trás, para a história da nossa vida, para as coisas que realmente importam, e ficamos indo de uma atualização para a próxima no nosso status nas redes sociais”.
 
Mas por que as lembranças boas são experiências mais interessantes do que as vivências atuais, que deveriam nos parecer mais vivas? A neurociência explica que as nossas mentes reveem e embelezam as nossas memórias, tornando-as menos factuais e, talvez, mais felizes (ou mais assustadoras) do que de fato foram.
 
Eu acho, porém, que a resposta está no fato de que os chocolates e a intimidade sexual (mesmo dentro do casamento) não chegam perto de satisfazer os anseios mais profundos do coração humano; pelo menos não durante muito tempo. A felicidade duradoura está no dom de si mesmo, no ato de oferecer e receber verdadeiro amor, aquele amor sacrificial, em que os interesses e as necessidades do outro (e de muitos outros, espera-se) são colocados à frente dos nossos próprios. O papa João Paulo II identificou exatamente nisto o sentido da vida humana.
 
No nascimento do primeiro filho, eu acho que a maioria dos pais se sente atingida por uma avalanche de emoções que eles nunca tinham experimentado antes: um amor (deveria haver outra palavra, específica só para isso!) palpável por aquela pequena criatura que eles agora estão segurando nos braços… Depois do nascimento do meu primeiro neto, a minha filha me confidenciou: “Eu nunca tinha entendido até hoje o quanto você realmente me ama”. E os nascimentos seguintes foram todos recapturando aquela alegria na união dos membros da família.

 
Quanto às pessoas que citaram alguma viagem de férias com a maior das suas felicidades, não pense que elas estavam viajando sozinhas. Você já foi ver um filme sozinho? O prazer é tão menor quando comparado ao de compartilhar a experiência com a família ou com amigos!
 
As viagens de lazer são especiais não por causa do destino, mas por causa do tempo compartilhado com os entes queridos. Amigos e casais sem filhos podem descobrir e compartilhar novas experiências. Para as famílias com filhos, são tempos preciosos em que a mãe e o pai, temporariamente livres das responsabilidades que ocupam a maior parte da sua vida diária, conseguem esbanjar toda a sua atenção com os filhos (que chegam a ficar surpresos e agradecidos!).
 
Todas as nossas lembranças mais felizes, em suma, envolvem relacionamentos com as pessoas que nos amam e a quem nós amamos.
 
Será que a cultura de hoje reconhece esta verdade? Considerando a nossa busca febril de entretenimento, de prazer sensual, de riqueza material, de celebridade e de poder, parece que não.
 
O conceito de “níveis de felicidade” vem de um lampejo da mente de Aristóteles e é promovido até hoje.
 
O nível 1 da felicidade, o dos prazeres sensuais que a nossa mídia de celebridades e as nossas corporações comerciais elevaram ao nível mais alto, aciona um único e fugaz prazer, que precisa ser constantemente reexperimentado ou substituído por outros novos e melhores.
 
O nível 2 da felicidade é o da satisfação do ego, o de sentir-se superior, mais admirado, mais popular e mais bem sucedido que os outros. Esse nível nos isola e não consegue produzir uma felicidade duradoura, porque, primeiro, nesse nível não estamos dando os nossos talentos, o nosso amor e o nosso próprio ser a ninguém e, segundo, porque estaremos sempre inseguros sabendo que outros poderão nos ofuscar amanhã.
 
O nível 3 da felicidade, encontrado nas respostas a essa pesquisa britânica, reflete o desejo humano (ou pelo menos dos humanos saudáveis, maduros e psicologicamente equilibrados) de cuidar dos outros, de se entregar e de fazer do mundo um lugar melhor, contribuindo para o bem comum.
 
E o nível 4 da felicidade reconhece que o desejo humano de bondade, verdade, beleza e justiça nos leva a Deus e a uma vida espiritual e criativa que transcende os aspectos mundanos da existência terrena.
 
A pesquisa diz o que as revistas não vão dizer: “Direcionem o seu coração para os outros e não para as coisas que só trazem o prazer fugaz”. E eu acrescento: “Direcionem o seu coração para Deus. Ele vai lhes mostrar como viver a vida ao máximo!”.

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