O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira um ataque nos Estados Unidos, cujos dois autores foram mortos depois de atirar contra um edifício onde era realizado um encontro considerado anti-islâmico no Texas, mas a Casa Branca ainda não atribui o fato ao EI.
"Dois soldados do califado realizaram um ataque contra uma exposição de caricaturas contra o profeta (Maomé) em Garland, Texas" (sul), disse em sua emissora de rádio a organização, que proclamou um califado nos territórios que controla no Iraque e na Síria.
"Dizemos aos Estados Unidos que o que está sendo preparado será mais importante e mais amargo. Verão coisas horríveis dos soldados do Estado Islâmico", afirmaram os jihadistas.
É a primeira vez que o grupo extremista sunita, responsável por atrocidades e acusado pela ONU de crimes contra a humanidade, reivindica oficialmente um ataque em um país ocidental. A organização não reivindicou os atentados de Paris do início de janeiro.
Pouco depois, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, estimou que "é cedo para se pronunciar" sobre uma ligação entre o ataque dos dois homens abatidos e o EI, já que "a investigação ainda está em andamento" por parte do FBI e de outras agências de inteligência.
Na noite de domingo, os dois homens desceram de um veículo e atiraram com fuzis contra um guarda fora do centro onde acontecia o concurso de caricaturas de Maomé, em um subúrbio de Dallas, organizado pela associação ‘American Freedom Defense Initiative’ (AFDI), considerada abertamente anti-islâmica.
Depois de ferir o guarda com um tiro no tornozelo, ambos foram mortos por um policial com seu revólver de serviço.
Um deles havia sido investigado pelo FBI por ter expressado sua intenção de se unir à jihad, segundo documentos judiciais aos quais a AFP teve acesso.
De acordo com a imprensa americana, os dois supostos islamitas eram Elton Simpson, de 31 anos, e Nadir Soofi, de 34, e dividiam uma residência em Phoenix (Arizona, sudoeste). A CNN divulgou imagens de agentes do FBI entrando no apartamento.
Há cinco anos, Simpson havia sido condenado a três anos de liberdade condicional por ter mentido ao FBI sobre a motivação de uma suposta viagem de estudos à África, mas as autoridades suspeitavam que estava relacionada com sua intenção de se somar a uma rede islamita da Somália.
Na época, a justiça de Phoenix considerou que não havia provas sólidas contra ele e optou por deixá-lo em liberdade vigiada, apesar de ter detectado que Simpson havia começado a publicar na internet elementos que se referiam ao EI.
Uma conta no Twitter que se suspeita estivesse relacionada com os atacantes, jurou lealdade ao líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, segundo o jornal The New York Times. Mas o EI não difundiu um vídeo dos "mártires" como costuma fazer, e as autoridades buscam mais provas de uma ligação direta com os jihadistas.
– Dois perfis diferentes –
Suas atividades nas redes sociais fizeram, no entanto, com que tanto o FBI quanto a polícia de Phoenix vigiassem ainda mais o jovem, segundo o The New York Times.
Ao citar o presidente do Centro islâmico onde os dois jovens costumavam ir rezar, o jornal relata que eles eram apreciados na mesquita e que nunca haviam expressado abertamente pensamentos radicais.
Elton Simpson havia se convertido ao Islã no ensino médio, época em que era um dos melhores jogadores de basquete de sua equipe.
Duston Simpson, pai de Elton, disse na segunda-feira à rede de televisão ABC News que seu filho fez "uma escolha ruim".
"Somos americanos e acreditamos nos Estados Unidos. O que meu filho fez é muito ruim para minha família", declarou.