Enquanto a política do país esmagar a família, as situações de horror serão inevitáveis
A China comunista e oficialmente ateia tem um longo histórico de desestruturação familiar forçada. E não é somente por causa da famigerada "política do filho único", medida que proíbe os casais de terem mais de um filho e que, por isso mesmo, leva ao aborto sistemático das filhas devido à preferência tradicional por filhos homens. O gigante asiático também enfrenta há décadas um enorme desequilíbrio populacional entre os sexos: com a falta de mulheres provocada pela política do filho único, os casos de sequestro e comércio de moças é uma das dramáticas realidades que assombram a China, principalmente em suas vastas áreas rurais.
Outra das tragédias familiares chinesas é a migração massiva de adultos para as cidades grandes em busca de trabalho. Neste processo migratório, é comum que os pais deixem seus filhos nos vilarejos do interior – às vezes, com outros familiares; outras vezes, abandonados à própria sorte.
Este foi o caso dos quatro irmãos entre 5 e 13 anos de idade que se suicidaram nesta semana no sudoeste do país, segundo a agência de notícias estatal Xinhua. A mãe tinha saído de casa em março do ano passado devido à violência doméstica que sofria. O pai partiu neste ano para trabalhar fora. Abandonadas em uma área rural, as crianças ingeriram pesticida e foram encontradas na noite da última terça-feira sofrendo convulsões. De acordo com parentes, elas sofriam abusos e esta não foi a primeira vez que o irmão mais velho tentou se matar.
A mesma localidade, na província de Guizhu, já tinha sido manchete em novembro de 2012 porque cinco crianças de 10 anos foram achadas mortas dentro de um contêiner. Elas estavam tentando se proteger do frio.
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