O governo grego precisa alcançar um acordo até 18 de junho, dia em que se reunirá com seus credores, que exigem novas concessões como condição para desbloquear um financiamento vital para a economia do país.
"As negociações serão retomadas sobre o plano técnico do acordo e depois sobre o político", esclareceu nesta sexta-feira o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, após o banho de água fria provocado na quinta-feira pelo retorno dos negociadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Washington.
"O FMI não apressou sua partida (…) Os que vão embora precisam voltar", disse Juncker na rádio France Culture.
Um dia antes, o porta-voz do FMI, Gerry Rice, advertiu que "a bola estava no campo da Grécia" depois de constatar as importantes divergências entre a Grécia e seus credores sobre as reformas esperadas de Atenas.
Por sua vez, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, esclareceu nesta sexta-feira em Haia que considera inimaginável um acordo sem o FMI.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e seus negociadores deixaram Bruxelas após dois dias de negociações políticas à margem de uma cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac).
Em Atenas, Tsipras apareceu diante de uma multidão na quinta-feira, em um show que comemorava a reabertura da radiotelevisão pública histórica ERT, dois anos após o governo anterior ter fechado o organismo no âmbito dos cortes.
Ali, o primeiro-ministro grego reiterou que deseja um compromisso que não seja "um simples acordo, mas uma solução duradoura que garanta a coesão social, o desenvolvimento e uma dívida pública sustentável".
Para isso, a Grécia aposta em um pacto de último minuto na reunião de ministros das Finanças da zona do euro na próxima quinta-feira em Luxemburgo.
Interesse comum
O país dificilmente pode se permitir brincar com o relógio por muito mais tempo se quiser que o processo parlamentar necessário para validar um acordo em certos países da zona do euro, entre eles a própria Grécia, possa ser completado até 30 de junho.
No mais tardar, Atenas deve reembolsar até esta data 1,6 bilhão de euros de empréstimos ao FMI, e existem sérias dúvidas sobre sua capacidade para cumprir com este pagamento sem que previamente sejam desbloqueados os 7,2 bilhões restantes do último programa de ajuda ao país, em andamento desde 2012, e que também expira em 30 de junho.
Para o ministro da Defesa Panos Kamenos, a luz verde dos credores chegará "no dia 18 de junho ou nunca".
"Se não houver uma solução até o fim do mês, não pagaremos o FMI", já que o país não terá os meios para fazê-lo, advertiu o líder do partido de direita Gregos Independentes (ANEL), sócio de governo do Syriza.
"Haverá um acordo, porque um default não está no nosso interesse ou no dos credores", disse o ministro de Estado e próximo a Tsipras, Alekos Flamburaris.