O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Antonio Guterres, alertou à União Europeia (UE) que sua missão naval de luta contra o tráfico de imigrantes no Mediterrâneo deve "garantir a proteção" destes últimos.
"Adotar medidas energéticas contra traficantes e contrabandistas é positivo, mas com uma condição essencial: que a proteção das vítimas e o acesso ao território europeu sejam garantidos", disse ele.
Durante uma visita às instalações para refugiados no Paquistão, Guterres observou: "A nossa (…) primeira prioridade (é) o resgate no mar. Devemos salvar vidas, ninguém pode ser abandonado para morrer no Mediterrâneo", acrescentou.
A União Europeia lançou na segunda-feira uma missão naval de luta contra as redes de tráfico de migrantes no Mediterrâneo, limitada em um primeiro momento a uma vigilância reforçada.
Os primeiros navios, submarinos, aviões de patrulha e drones serão implantados no início da próxima semana, decidiram na segunda-feira os chefes de diplomacia da UE reunidos em Luxemburgo.
A operação chamada EU Navfor Med contará com mil homens e será dirigida pelo almirante italiano Enrico Credentino.
A missão deve permitir destruir os barcos usados pelos traficantes o mais perto possível da costa da Líbia.
Em particular, os "barcos-mãe" que servem para rebocar até alto mar as embarcações precárias lotadas de migrantes que procuram chegar às costas europeias.
No entanto, a ausência de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para autorizar o uso da força limita o alcance da operação.
Uma tal resolução só pode ser votada com o consentimento das autoridades líbias, num momento em que o país está mergulhado no caos, com dois governos rivais.
Estes estão atualmente em negociações sob os auspícios das Nações Unidas, para formar um governo de unidade nacional.
A ideia da missão surgiu há dois meses, depois da morte de 900 pessoas em meados de abril, no naufrágio de uma embarcação lotada de migrantes perto da costa da Líbia, recordou a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini.