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Veja um ano da proclamação do ‘Califado’ do Estado Islâmico

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Agências de Notícias - publicado em 30/06/15
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A maneira como o EI governa seu território na Síria e no Iraque provoca grande medo e horror. Seus assassinatos em massa e execuções brutais tornaram-se sua marca registrada
Desde a proclamação do "califado" no dia 29 de junho de 2014, há exatamente um ano, o grupo Estado Islâmico (EI) estendeu seu poder territorial na Síria e no Iraque e conseguiu a adesão de muitos grupos na África e na Ásia.

– PROCLAMAÇÃO DE UM CALIFADO

– 29 de junho de 2014: Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que combatem no Iraque e na Síria, anunciam a criação de um califado islâmico nas regiões conquistadas nos dois países.

O grupo passa a se chamar Estado Islâmico e designa como califa o iraquiano Abu Bakr Al Bagdadi.

Anteriormente haviam conquistado a cidade de Mossul, a segunda mais importante do Iraque, e vários territórios limítrofes com o Curdistão iraquiano autônomo, provocando a fuga de dezenas de milhares de cristãos e yazidis.

Em janeiro de 2015, os jihadistas conquistam a cidade síria de Raqa, que se converte na capital do califado.

– APARIÇÃO PÚBLICA DE BAGDADI

– 5 de julho de 2014: Bagdadi aparece pela primeira vez em público e convoca todos os muçulmanos a obedecê-lo, segundo um vídeo divulgado por sites jihadistas.

– ATAQUES AMERICANOS

– 8 de agosto de 2014: No Iraque, os Estados Unidos lançam ataques aéreos contra posições jihadistas, envolvendo-se militarmente pela primeira vez de forma direta desde a retirada de suas tropas, no fim de 2011.

No início de setembro, o presidente americano, Barack Obama, promete vencer o EI com uma grande coalizão internacional. No dia 23 de setembro lança seus primeiros ataques aéreos contra o grupo na Síria.

– EXECUÇÃO DE REFÉNS

– 19 de agosto de 2014: O EI divulga imagens da decapitação de um jornalista americano sequestrado na Síria em represália pelos ataques aéreos dos Estados Unidos.

Desde esta data o EI executa outros reféns e é acusado de semear o terror nos territórios que controla através de decapitações e apedrejamentos.

– DERROTA EM KOBANE

– 26 de janeiro de 2015: O EI é derrotado em Kobane, cidade curda da Síria situada na fronteira com a Turquia. Após quatro meses de violentos combates, as forças curdas apoiadas pela aviação americana expulsam os jihadistas da cidade.

– LIBERTAÇÃO DE TIKRIT

– 31 de março de 2015: As forças armadas do Iraque, apoiada pelas milícias xiitas, retomam o controle de Tikrit.

– TOMA RAMADI E PALMIRA

– 21 de maio de 2015: Os jihadistas do EI se amparam da cidade de Palmira, no centro da Síria, quatro dias depois de terem conquistado Ramadi, capital da província iraquiana de Al-Anbar. Estas duas vitórias lhe permitem ampliar sua zona de influência a ambos os lados da fronteira.

– OS CURDOS DERROTAM O EI NA SÍRIA

– 16 de junho de 2015: As Unidades de Proteção Popular (YPG), as forças armadas dos curdos da Síria, recuperam Tall Abyad, uma cidade fronteiriça com a Turquia nas mãos do EI e local de trânsito de armas e homens para o grupo jihadista.

– 25 e 26 de junho de 2015: o EI lança um ataque surpresa em Kobane e seus arredores, matando mais de 200 civis em 48 horas. No dia 27 de junho as forças curdas expulsam os jihadistas da cidade.

– ATENTADOS NA TUNÍSIA E NO KUWAIT

– 26 de junho de 2015: 38 pessoas morrem em um ataque reivindicado pelo EI contra um hotel de turistas estrangeiros na Tunísia.

No Kuwait um atentado do Estado Islâmico contra uma mesquita xiita provoca a morte de 26 pessoas.

Desde junho de 2014, o EI também ganhou espaço na Líbia, onde se amparou da cidade de Sirte, a leste da capital, Trípoli.

Desde a proclamação do "califado", grupos armados islamitas de vários países se declararam leais ao Estado Islâmico.

SEGUNDO ANO

O "califado" do grupo Estado Islâmico (EI), proclamado em territórios sob seu controle no Iraque e na Síria, entra agora no seu segundo ano, enquanto a comunidade internacional se mostra incapaz de deter as atrocidades dos jihadistas, que atacaram recentemente a Tunísia e o Kuwait.

O grupo, liderado por Abu Bakr al-Baghdadi, anunciou em 29 de junho de 2014 que criaria uma forma de governo islâmico chamado de "califado" e garantiu que este duraria e se expandiria.

Em um ano, o grupo expandiu seu território na Síria e no Iraque, apesar da formação de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos que tenta pará-lo.

O EI também conseguiu estabelecer uma rede de grupos afiliados em todo o mundo e procura destilar medo muito além dos países onde atua diretamente.

Esta semana, reivindicou um ataque mortal na Tunísia, que custou a vida de 38 pessoas, a maioria turistas estrangeiros.

Também está por trás do atentado suicida contra uma mesquita xiita no Kuwait, que matou 26 pessoas. 

Igualmente pode ter servido de inspiração para o autor de um atentado na França, que assassinou seu chefe e tentou explodir o seu carro em uma usina de gás.

"Não está claro se essas ações são centralizadas ou coordenadas pelo EI. Mas corremos o risco de ver membros ou simpatizantes do EI, retornando para casa depois de receber treinamento militar, de realizar ataques por iniciativa própria e cuja extensão depende da sua capacidade, seus meios e oportunidades", explica Yezid Sayegh, pesquisador do Centro Carnegie para o Oriente Médio.

Milhares de vítimas

A maneira como o EI governa seu território na Síria e no Iraque provoca grande medo e horror. Seus assassinatos em massa e execuções brutais tornaram-se sua marca registrada.

O grupo controla cerca de metade do território sírio, uma grande parte desabitada, e quase um terço do Iraque.

Só na Síria, os jihadistas do grupo executaram em um ano mais de 3.000 pessoas, incluindo 1.800 civis, destes 74 crianças, segundo informou no domingo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Esta avaliação inclui as 200 pessoas mortas na cidade curda de Kobane (norte) em um ataque na semana passada e os 900 membros da tribo sunita Shaïtat, que pereceram em 2014 por se opor aos jihadistas.

Não há números precisos sobre seus crimes no Iraque, mas acredita-se que o grupo executou milhares de pessoas, incluindo 1.700 recrutas, em sua maioria xiita, mortos ao norte de Bagdá.

A estes números, somam-se milhares de mortes em combates na Síria e no Iraque, incluindo de rebeldes sírios, combatentes curdos e militares dos dois países, assim como milicianos xiitas no Iraque.

Nenhum de seus adversários pode se gabar de grandes vitórias, e certamente não os militares iraquianos, que são particularmente criticados por ter abandonado suas posições em meados de 2014.

Derrotas militares e políticas

"Teoricamente, Bagdá possui forças suficientes para controlar seu território, mas o problema é que nem todas as forças que lutam contra o EI recebem instruções de Bagdá. Alguns fazem o que querem e outros recebem instruções de fora", diz Zaid al-Ali, autor do livro "The Struggle for Iraq’s Future" (A batalha pelo futuro do Iraque, em tradução livre).

Na Síria, apenas as forças curdas, apoiadas pela coalizão internacional, infligiram reais derrotas a esse grupo, porque, de acordo com analistas, os rebeldes não têm armas de qualidade e as forças do regime carecem de motivação para combater os jihadistas.

Mesmo a coalizão pode reivindicar vitórias limitadas durante a realização dos ataques aéreos diários na Síria, enquanto no Iraque treina o exército iraquiano.

Ela apoiou as tropas terrestres que conseguiram expulsar o EI de Kobane e Tall Abyad na Síria, bem como da província de Diyala e Tikrit, no Iraque.

Mas os jihadistas continuam a colher vitórias, como a tomada recente da antiga cidade de Palmyra, na Síria, ou da capital provincial de Ramadi, no Iraque.

Para Yezid Sayegh, "a mobilização internacional contra o Daesh (acrônimo em árabe para o EI) tem sido mínima. Talvez a coalizão não possa fazer melhor, porque está fora de questão considerar o retorno de 150 mil soldados americanos para o terreno".

No entanto, para os analistas, o sucesso do EI resulta em problemas mais políticos do que para as questões militares. O sucesso do EI reavive as "divisões sectárias e traz à tona a corrupção e décadas de autoritarismo", diz o pesquisador.

(AFP)

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