Em sua nona viagem ao exterior, que se estenderá até 12 de julho, Francisco passará por três países de maioria católica e com um histórico de pobreza e desigualdade
Depois de dois anos, o papa Francisco volta ao seu "querido" berço sul-americano com uma aclamada mensagem de "justiça social" para os pobres, em uma viagem que se incia neste domingo em um Equador agitado por protestos e que inclui também Bolívia e Paraguai.
O primeiro papa jesuíta e latino-americano da História chegou neste domingo ao aeroporto Mariscal Sucre, 20 km ao leste de Quito.
O avião do papa pousou às 14H43 locais (16H43 de Brasília). O forte vento que soprava tirou seu solidéu quando o pontífice apareceu na porta do avião. Sorridente, Francisco desceu as escadas minutos depois e recebeu um abraço do presidente equatoriano, Rafael Correa.
O papa argentino avançou, em meio a saudações, por uma fileira formada por crianças indígenas, vestindo trajes tradicionais.
Cercado por Correa e pela primeira-dama, Anne Malherbe, Francisco ouviu durante vários minutos notas de uma orquestra sinfônica.
Francisco, de 78 anos, e que estará no Equador até a quarta-feira, oferece ali sua primeira mensagem à América do Sul, aonde retorna após participar, em 2013, no Brasil, da Jornada Mundial da Juventude.
A América Latina concentra a maioria do 1,2 bilhão de católicos no mundo.
"Quero ser testemunha desta alegria do Evangelho e levar a ternura e o carinho de Deus, nosso Pai, especialmente aos seus filhos mais necessitados, aos idosos, aos enfermos, aos presos, aos pobres e aos que são vítimas desta cultura do descarte", antecipou o papa antes de fazer as malas.
Em sua nona viagem ao exterior, que se estenderá até 12 de julho, Francisco passará por três países de maioria católica e com um histórico de pobreza e desigualdade que castiga principalmente a população indígena.
Em sua primeira mensagem, Francisco convidou Correa a incentivar "o diálogo e a participação sem exclusões" após um mês de protestos contra e a favor do governo de esquerda.
O pontífice lembrou que no Evangelho é possível encontrar "as chaves" para "enfrentar os desafios atuais, valorizando as diferenças, fomentando o diálogo e a participação sem exclusões", disse.
Só isto – acrescentou – permitirá que "as conquistas no progresso e no desenvolvimento que estão sendo conseguidas garantam um futuro melhor para toso, dando atenção especial aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais vulneráveis, que são a dívida que toda a América Latina ainda tem".
"Para isto, senhor presidente, poderá contar sempre com o compromisso e a colaboração da Igreja", para servir a este povo equatoriano, que se pôs de pé com dignidade", acrescentou o papa.
Após sua mensagem, o papa fez uma viagem de carro até o Núncio Apostólico, no norte de Quito. Dos dois lados da via, milhares de fiéis agitavam bandeiras brancas na passagem do veículo.
Antes de desembarcar em Quito, Francisco pediu, através de telegramas, a "convivência pacífica" na Colômbia e na Venezuela diante do conflito armado que o primeiro enfrenta e aos problemas políticos e econômicos que enfrenta o governo do presidente Nicolás Maduro, aliado de Correa.
Aproximar-se das periferias
Desde de sua eleição como líder máximo dos católicos, em março de 2013, Francisco tem mostrado especial interesse em aproximar a Igreja da periferia e da defesa do meio ambiente, como ficou demonstrado em sua mais recente encíclica, que foi muito comemorada pelos governos de Quito e La Paz.
A Igreja equatoriana espera uma "mensagem forte" do papa "para que nos posicionemos realmente em movimento junto às periferias, aos fragilizados e aos mais pobres", disse à AFP o sacerdote David de la Torre, porta-voz da Conferência Episcopal Equatoriana para a visita papal.