Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quarta-feira 29 Novembro |
Bem-aventurados Dionísio da Natividade e Redento da Cruz
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

Padre Lemaître e o Big Bang

Big Bang

Creative Commons

Alexandre Zabot - publicado em 16/07/15

Poucos sabem, mas foi um padre quem propôs a teoria do Big Bang, que é reconhecida pela Igreja

Poucos sabem, mas foi um padre, Georges Lemaître (1894-1966), quem propôs a teoria do Big Bang.

Em 1927, baseando-se em cálculos com a então recente teoria da relatividade geral, o jesuíta belga enfrentou Einstein e a comunidade científica da época para propor seu modelo cosmológico. É lamentável que alguns cristãos combatam a teoria do Big Bang como se fosse contrária ao relato metafórico do Gênesis, até porque a exegese católica não vê problemas de incompatibilidade entre o Big Bang e o relato bíblico.

O termo Big Bang vem do inglês e significa, ao pé da letra, “grande bum”. Foi criado pelo astrofísico Fred Hoyle, que acreditava no universo estacionário, para ridicularizar a teoria. Acabou dando-lhe o nome. O primeiro a vislumbrar teoricamente a expansão do universo foi o russo Alexander Friedman, mas ele morreu logo em seguida; além disto, o seu trabalho era essencialmente matemático, não físico. Foi o trabalho desenvolvido independentemente pelo padre Lemaître que ganhou destaque. A teoria prevê que o universo surgiu da explosão de um átomo primordial, infinitamente pequeno, quente e denso. Os físicos acreditam que antes do Big Bang não faz sentido falar da noção de tempo nem de espaço. Depois dele, o cronômetro começou a correr e o universo a se expandir, crescendo sempre e sempre.

Lemaître teve muita audácia para divulgar seu modelo. A comunidade científica no início do século XX acreditava num universo estacionário, ou seja, parado e sempre do mesmo tamanho, conforme o modelo cosmológico newtoniano. O próprio Einstein acreditava nisso e diminuiu o trabalho de Lemaître dizendo que “seus cálculos estão corretos, mas seu conhecimento de física é abominável”. Entretanto, em 1929, o astrofísico americano Edwin Hubble provou observacionalmente que as galáxias estavam todas se afastando umas das outras: exatamente como o jesuíta havia previsto, por meios teóricos, apenas dois anos antes. Esta prova era contundente e o físico alemão voltou atrás. Einstein e Lemaître proferiram várias palestras juntos e, numa delas, de pé depois de aplaudir, Einstein disse que aquela era “a mais bela e satisfatória explicação da criação” que ele já ouvira. Tendo sua contribuição amplamente reconhecida, Lemaître foi homenageado por muitos órgãos científicos e por vários cientistas de renome. Mais do que isso: em 1936, o próprio papa Pio XI o indicou para a Pontifícia Academia de Ciências. Em 1960, ele recebeu do papa João XXIII o título de Monsenhor.

Hoje em dia, além da confirmação das observações de Hubble do afastamento das galáxias, há muitas outras provas diretas e indiretas da expansão do universo. As mais importantes são a radiação cósmica de fundo, a quantidade de hidrogênio e hélio detectáveis hoje e o acordo entre as idades das estrelas mais velhas e a prevista para o universo pelo Big Bang, de 14 bilhões de anos. Cientificamente, não há mais dúvidas quanto ao modelo do Big Bang: somente alguns detalhes ainda estão em debate, mas que de maneira alguma ameaçam a certeza da teoria quando vista em um panorama mais amplo.

Sob vários aspectos, não é compreensível que algumas pessoas se coloquem contra a teoria do Big Bang dizendo que ela contraria o relato do Gênesis. O reconhecimento pontifício recebido pelo padre Lemaître por causa de seu trabalho não é um atestado a favor da teoria. Entretanto, de certo modo, não pode deixar de ser entendido como uma aprovação do trabalho do jesuíta. Também a exegese moderna não lê no Gênesis um relato literal da criação, mas tampouco pode deixar-se levar pelas interpretações puramente materialistas. Estas, disfarçando-se de científicas, tentam confundir as pessoas argumentando que não há mais lugar para Deus na criação do mundo. Pelo contrário. Para o crente, fiel ao magistério da Igreja, há sempre um lugar privilegiado para Deus. Deve-se deixar sempre bem claro que a ciência explica o “como” (a teoria do Big Bang), mas não o “porquê” (Deus, para Sua glória e por causa de Seu amor).

Tags:
CiênciaCriação
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia