Eu já disse em outro ensaio que o pentecostalismo protestante no Brasil é o que mais divide este segmento no País. Enquanto que os protestantes tradicionais mantêm uma margem de fronteira assegurada não se vê isso no “Big-Bang” pentecostal, onde parece que nasce uma denominação desse tipo a toda hora. É uma pena, pois se banaliza um dom tão bonito e correto na Bíblia para um emocionalismo que dá vazão a vários tipos de desvios.
Assim, enquanto o entendimento bíblico correto é delineado, e explicamos como é o correto dom de línguas, lembramos que somente o Magistério da Igreja católica tem a palavra final neste contexto.
A Renovação Carismática pode ser um recurso para a Igreja contanto que eles fiquem perto da Igreja, sejam obedientes para a Igreja, tenham a perspectiva correta (especialmente em línguas), e evitem “pentecostalismos”.
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Observação feita por um dos autores da Veritatis:
O que a RCC chama habitualmente de dom de línguas, de orar em línguas e de falar em línguas, é, de fato, o dom de línguas? Noutros termos: o dom de línguas (tanto faz se rezar ou falar) descrito por São Paulo e explicado no Tanquerey (maior autoridade em teologia ascética e mística) é aquilo que a RCC diz que é?
A RCC diz que sim. Outros, entre os quais me incluo, digo que não, ou, no mínimo, que nem sempre. Pode haver, na RCC (e fora dela) um autêntico rezar em línguas e um autêntico falar em línguas. Acredito, entretanto, que nem sempre as línguas praticadas na RCC sejam reais manifestações desse dom, e sim sugestão psicológica.
É lícito ao católico acreditar que nem sempre o que a RCC chama de dom de línguas é verdadeiro dom? É, porque o Magistério ainda não se pronunciou.
É lícito acreditar que as línguas da RCC são sempre o dom? É, pelo mesmo motivo.
O modo como a RCC entende a oração em línguas é, sim, algo novo na teologia mística. Não há um só caso, que eu saiba, sobre tal fenômeno. Os maiores especialistas do assunto (Tanquerey, por exemplo) não o citam.
Isso não quer dizer que a oração em línguas não exista nem que a RCC esteja errada. Apenas que nos dá o direito de, como católicos, em um ponto controverso, ter uma posição distinta da RCC. A oração em línguas e mesmo a contemporaneidade dos dons extraordinários NÃO são verdades de fé. Pode-se acreditar ou não. Ninguém é menos ou mais católico por crer na oração em línguas tal qual praticada na RCC.
O fato de ser nova essa manifestação da oração em línguas (ou, pelo menos, se ter dúvidas a respeito da prática da RCC quanto a ela) é exatamente o motivo pelo qual a Santa Sé ainda não se pronunciou. Prudente como é, está estudando, meditando, vendo os frutos.