Casa de repouso tentou resistir à ordem, mas opinião de médicos pró-eutanásia foi priorizada
Uma senhora holandesa de 80 anos de idade, que sofria de demência, foi morta em 24 de abril por ordem judicial.
Cobi Luck tinha sofrido um derrame havia dois anos. Ela ficou paralisada e totalmente dependente de cuidadores, internada em uma casa de repouso especializada na atenção a pessoas com demência, em Flushing. Quando o filho de Cobi informou ao diretor da casa que a mãe tinha lhe solicitado a eutanásia, ele se recusou: em sua opinião, apoiada pelo próprio médico da mulher e por uma psicóloga, a idosa não tinha plena consciência do que estaria pedindo.
Ignorando os cuidadores de Cobi, a família da idosa entrou em contato com a Levenseindekliniek (Fundação Fim da Vida). A organização destacou dois médicos e um psiquiatra para avaliar a paciente e concluiu que Cobi tinha faculdades mentais suficientes para solicitar a eutanásia. A casa de repouso se recusou a entregar a idosa à Levenseindekliniek, o que levou a família a procurar os tribunais.
O lar especializado em pacientes com demência, fundado e gerido com base em valores de inspiração cristã, sustentou que Cobi só tinha mencionado a eutanásia depois de uma visita de familiares. No entanto, ela fazia comentários incompatíveis com o suposto desejo de ser submetida à eutanásia, demonstrando no cotidiano, em vez disso, alegria e vontade de viver. Os funcionários da casa, que conheciam bem a paciente, não acreditavam que ela tivesse condições de optar voluntariamente pela eutanásia, recordando que pessoas na situação de Cobi são muito vulneráveis.
A família considerou estas afirmações "ultrajantes" e retrucou que muitas pessoas nunca mencionam o desejo de receber a eutanásia até serem questionadas a respeito. Além disso, os parentes de Cobi afirmaram que três médicos tinham assegurado que ela sabia o que estava fazendo. Em uma sessão de emergência, um juiz de Utrecht decidiu em favor da família e da Levenseindekliniek e determinou que a casa de idosos “respeitasse o desejo da mulher”.
"Não é questão de incapacidade. Vocês simplesmente não querem aceitar a decisão", disse o juiz. "Estou observando o princípio de que vocês devem respeitar o desejo dessa mulher. Esta é a última coisa que vocês podem fazer por ela".
Foi a primeira vez na história da legislação da Holanda sobre a eutanásia que uma instituição se recusou a permitir que um paciente fosse submetido a essa prática.
Do ponto de vista jurídico, um aspecto muito chamativo do caso é que o juiz deu mais peso à opinião dos médicos da Levenseindekliniek do que à da própria equipe médica da mulher, alegando que a equipe da fundação pró-eutanásia tinha "conhecimento médico especializado e experiência".
No dia seguinte à ordem judicial, a senhora Cobi Luck foi retirada da casa de repouso e recebeu uma injeção letal nas dependências da Levenseindekliniek.