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Sete tipos de lágrimas, segundo o papa Francisco

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LUCA ZENNARO

Gelsomino Del Guercio - publicado em 19/09/15

A sabedoria das lágrimas e o significado do pranto nos discursos do Santo Padre

O choro, as lágrimas… Para o papa Francisco, há vários “tipos” de lágrimas e ele as aborda com certa frequência em seus discursos. Em seu livro “La saggezza delle lacrime – Papa Francesco e il significato del pianto” (“A sabedoria das lágrimas: o papa Francisco e o significado do choro”), o pe. Luca Saraceno fala de sete tipos de lágrimas a partir da perspectiva do Santo Padre.

O choro tem múltiplos significados, difíceis de circunscrever a um só campo: “Todos nós, em nossa vida, sentimos a alegria, a tristeza, a dor, mas, nos momentos mais escuros, nós choramos? Experimentamos aquela bondade das lágrimas que preparam os olhos para olhar, para ver o Senhor? […] É uma linda graça! Chorar por tudo: pelo bem, pelos nossos pecados, pelas graças, pela alegria”.

1. Lágrimas de alegria

Dez dias depois da sua eleição, o papa Francisco falou pela primeira vez das lágrimas na sua meditação diária durante a missa na capela da Casa Santa Marta: “Jesus morreu pelo seu povo e por todos. Mas isso não deve ser entendido num sentido geral: significa que Jesus morreu por cada homem individualmente. Todo cristão deve dizer: ‘Cristo morreu por mim’. Esta é a expressão máxima do amor de Jesus por cada homem. E da consciência desse amor deveria nascer um agradecimento. Um agradecimento tão profundo e apaixonado que poderia se transformar em lágrimas de alegria no rosto de cada fiel!”.

2. Lágrimas de arrependimento

Na santidade de Pedro, figura do Evangelho muito querida para o papa Francisco, a presença das lágrimas é um sinal de sincero arrependimento: “Aquele olhar de Jesus, tão belo, tão belo! E Pedro chora. Esta é a história dos encontros durante os quais Jesus plasma no amor a alma do apóstolo. Aquele amor pelo qual Pedro chora quando Jesus, em outro encontro, lhe pergunta três vezes: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’. Toda vez que Jesus repete esta pergunta, Pedro se lembra de que o negou, de que disse que não o conhecia, e se envergonha”.

3. Lágrimas de dor de amor

Lágrimas de ansiedade e esperança no coração que deseja apenas o bem da pessoa amada… As mães as conhecem tão bem! Suas lágrimas são o resultado inquieto do amor profundo que têm pelos filhos. Nas Confissões, de Santo Agostinho, lemos esta frase de Santa Mônica ao pedir que o filho encontrasse o seu caminho de fé: “Não é possível que um filho de tantas lágrimas se perca” (III, 12,21). O próprio Agostinho, depois da conversão, voltando-se para Deus, escreve: “Por amor de mim, minha mãe chorou diante de vós, toda fiel, derramando mais lágrimas do que jamais derramassem as mães diante da própria morte de um filho” (III, 11,19 ).

4. Lágrimas de fidelidade

Uma Igreja que sabe chorar e rezar, cuidar dos filhos e acompanhá-los ao encontro do Esposo, uma Igreja que, na sinfonia de um grito silencioso, apoia, corrige e encoraja: ela é a mãe de todos os que se sentem particularmente necessitados e o papa Francisco não deixa de apresentá-la assim ao mundo, já desde as páginas da sua primeira exortação apostólica, Evangelii Gaudium: a Igreja é “uma mãe de coração aberto”, nossa aliada mais fiel e sempre presente.

5. Lágrimas de compaixão

Jesus não é insensível ao clamor do homem. O pranto que vem do coração encharcado de dor vai direto ao coração de quem o vê, despertando a compaixão – divina e humana. E a compaixão de Deus, suscitada pelo homem que chora, o faz secar as lágrimas com palavras de caridade delicada e firme. As lágrimas de paixão despertam a compaixão, capaz de cessar o pranto e devolver a vida perdida.

6. Lágrimas de consolação

O papa retorna frequentes vezes ao tema da consolação, cuidando de não confundi-la com as fugazes alegrias mundanas: a consolação de Deus nasce do amor que só se cumpre na oferta completa e verdadeira de si, que não deixa de passar pelas lágrimas. “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,4).

A consolação não apaga o sofrimento suportado: ela implica a lembrança de um encontro com a salvação, a lembrança de um vácuo que depois cedeu à doce plenitude, transbordando, derramando-se… A consolação é como a cicatriz que grava a história na pele: ela recorda a coexistência da ferida que sangrava e da cura que foi alcançada.

7. Lágrimas de bem-aventurança

A bem-aventurança evangélica das lágrimas também é lembrada pelo papa Francisco: “Eu gostaria de recordar a vocês uma das bem-aventuranças: ‘Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados’ (Mt 5,4). Com estas palavras proféticas, Jesus se refere a uma condição da vida de todos na terra. Há quem chora por não ter saúde, há quem chora por não ser compreendido ou por estar só… As razões de sofrimento são muitas”.

Mas as lágrimas se tornam bem-aventurança porque a felicidade se nutre do sangue das lágrimas. O sofrimento, especialmente para os cristãos, nunca é o objetivo de si mesmo: o sofrimento é fonte do impulso de amor que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13,7).

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