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Francisco celebra missa para cubanos e visita Fidel Castro em Havana

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Catholic Press Photo

Agências de Notícias - publicado em 20/09/15

A Praça da Revolução foi o local em que também celebraram missas os papas João Paulo II em 1998 e Bento XVI em 2012

O papa Francisco se encontrou neste domingo com os cubanos em uma missa emotiva na Praça da Revolução, após a qual foi visitar Fidel Castro em sua residência de Havana.

“O serviço sempre observa o rosto do irmão, toca sua carne, sente sua proximidade a em alguns momentos até a ‘padece’ e busca sua promoção”, expressou o papa diante de uma multidão de fiéis, que lotou a praça desde a madrugada.

No entanto, alertou que “há um ‘serviço’ que serve, mas devemos ter cuidado com o outro serviço, a tentação do ‘serviço’ que ‘se’ serve. Há uma força de exercer o serviço que tem como interesse beneficiar aos ‘meus’, em nome do ‘nosso'”.

O pontífice advertiu contra a ambição pessoal e o individualismo em uma época de transição econômica e política: “o cristão é convidado sempre a deixar de lado suas buscas, afãs, desejos de onipotência ante o olhar concreto aos mais frágeis”.

Por meio das tarefas a assumir como “cidadão”, “servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Cuidar dos frágeis de nossas famílias, de nossa sociedade, de nosso povo”, disse.

“Ser cristão implica servir a dignidade de seus irmãos, lutar pela dignidade de seus irmãos e viver para a dignidade de seus irmãos”, completou, repetindo três vezes a palavra “dignidade”.

Pouco depois, durante o Angelus, o Papa defendeu a paz na Colômbia e declarou que não pode acontecer outro fracasso no caminho da reconciliação neste país, que enfrenta um conflito armado interno há meio século.

“Por favor, não temos o direito de nos permitir outro fracasso neste caminho de paz e reconciliação”, disse.

“Neste momento, me sinto no dever de dirigir meu pensamento à querida terra da Colômbia, consciente da importância crucial do momento presente, no qual, com esforço renovado e movidos pela esperança, seus filhos estão buscando construir una sociedade em paz”, disse Francisco em referência às negociações entre o governo deste país e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

As negociações de paz que acontecem em Havana, iniciadas em novembro de 2012 entre o governo colombiano e as Farc, pretendem acabar com um conflito armado que deixou 220.000 mortos em meio século e seis milhões de deslocados, segundo os dados oficiais.

Reunião com Fidel

Depois da missa, o Papa se dirigiu à residência de Fidel Castro, de 89 anos, onde ambos tiveram um “encontro muito familiar, muito informal” na presença da esposa do líder máximo, Dalia Soto del Valle, assim como de seus filhos e netos, informou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

“O papa foi com um pequeno grupo à residência do comandante”, destacou Lombardi.

Em sua reunião, abordaram alguns temas da atualidade internacional, como os danos ao meio ambiente.

Francisco e Fidel trocaram presentes, alguns livros e CD.

Em particular, “o comandante deu ao papa o livro ‘Fidel e a religião’ com uma dedicatória: para o papa Francisco, por sua fraternal visita a Cuba”, indicou Lombardi.

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O pontífice também se reuniu à tarde no Palácio da Revolução de Havana com o presidente Raúl Castro, que assumiu o governo após a doença de seu irmão Fidel, em um ato considerado pelo Vaticano como uma visita de cortesia.

Dissidentes detidos

Antes da missa, três opositores foram detidos quando começaram a gritar frases contra o governo no momento em que Francisco chegava de papamóvel à praça, segundo um fotógrafo da AFP.

Os detidos pertencem à União Patriótica de Cuba, um grupo opositor ativo no leste da ilha, segundo o líder do movimento, José Daniel Ferrer, que disse que eles foram à praça “para denunciar a repressão”.

A visita de Francisco a Cuba é a primeira etapa de uma viagem que também o levará aos Estados Unidos, a partir de terça-feira.

O papa argentino é reconhecido por ter mediado secretamente a aproximação entre os dois inimigos da Guerra Fria.

Mas durante a missa ele não fez alusões políticas, nem ao embargo dos Estados Unidos sobre a ilha, nem à dissidência ou ao exílio.

Mas o cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, falou sobre a aproximação entre Estados Unidos e Cuba.

“Que este processo de renovação nas relações entre Cuba e Estados Unidos, que Sua Santidade tanto favoreceu e que tanto agradece o nosso povo, se estenda não apenas aos altos níveis políticos, mas que alcance os povos e muito especialmente o nosso povo cubano que vive aqui e nos Estados Unidos”, disse Ortega.

Na homilia, Francisco também prestou homenagem aos cubanos: “um povo que tem gosto pela festa, pela amizade, pelas coisas belas”.

“É um povo que tem feridas, como todo povo, mas que sabe estar com os braços abertos, que marcha com esperança, porque sua vocação é de grandeza”, disse o papa.

Entre os 3.500 convidados especiais presentes na missa estavam a presidente argentina Cristina Kirchner e o presidente cubano Raúl Castro.

A Praça da Revolução foi o local em que também celebraram missas os papas João Paulo II em 1998 e Bento XVI em 2012, entre um grande monumento em homenagem ao herói nacional José Martí e um retrato gigante de Ernesto Che Guevara.

Neste domingo à noite, após uma cerimônia na catedral, Francisco teve um encontro com jovens cubanos. Foi uma oportunidade de mostrar sua espontaneidade em um diálogo improvisado, durante o qual estimulou a coragem de uma juventude em dificuldades em uma ilha em plena transição econômica.

Na segunda-feira e terça-feira, o pontífice visitará Holguín e Santiago de Cuba, na região leste da ilha.

(Com AFP)

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