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Jesus Cristo não é um “valor” a ser defendido

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Aleteia Brasil - publicado em 21/09/15

Jesus Cristo não precisa de defensores. Ele procura testemunhas. E não é a mesma coisa.

Traumatizados pela crise dos migrantes e pela ameaça terrorista, os franceses têm medo de perder a sua identidade. E os católicos franceses também.

Mas Jesus Cristo é um “valor” a ser defendido? O Congresso Mission, que acontece na basílica do Sagrado Coração de Montmartre nos dias 25 a 27 de setembro, pretende responder a esta pergunta.

É comum, hoje em dia, ouvir na França declarações como esta: “Eu sou francês e muçulmano. [O escritor] Houellebecq exagera em [seu livro] ‘Submissão’, mas é verdade que o islã vai de vento em popa na França. A cada dia, o islã progride mais em nosso país. Em breve, seremos com certeza a primeira religião da França…”.

Esse tipo de afirmação pode assustar os católicos. Será que a nossa França, de identidade tão imersa na cultura cristã, pode mesmo desaparecer? Será que um dia as nossas igrejas vazias vão se tornar mesquitas? Será que os nossos tesouros de arquitetura sacra vão ter o mesmo destino da basílica de Santa Sofia, transformada em mesquita pelos otomanos? E queremos agir sem saber como. Como vamos preservar esta antiga civilização para os nossos filhos?

Mas, logo depois desta pergunta sobre os meios, surge a pergunta sobre os fins: se bem pensarmos, essa defesa das nossas raízes cristãs realmente se justifica? Se menos de 5% dos católicos franceses ainda “encontra tempo” para ir à missa aos domingos… Seja reduzidas a museus, seja convertidas em mesquitas, não vão desaparecer da França as igrejas católicas de qualquer jeito?

A pergunta que deve ser feita, na verdade, é outra: no fim das contas, a luta dos católicos é boa? A tentação de defender o recipiente em vez do seu conteúdo é grande. A tentação de defender mais a arte românica do que a Redenção… Mas Jesus Cristo não precisa de defensores. Ele procura testemunhas. E não é a mesma coisa. Se fosse, Ele teria chamado legiões de anjos e escapado da Paixão. Arrancados de suas raízes, os valores mais belos que formaram a França perdem o significado. A nossa cultura passa a não ser nada mais que uma língua morta, entendida apenas por especialistas.

Os mártires nunca morreram por valores. Os construtores de catedrais nunca exerceram o seu gênio em nome de uma moral, nem mesmo da cristã. Os hospitais e as escolas não nasceram de bons sentimentos, mas de um amor ardente pelo Deus vivo, que se fez homem na pessoa de Jesus, que morreu para nos salvar do pecado. Se esta fé não nos anima mais, a nossa luta não só está fadada ao fracasso: ela sequer tem fundamento.

Mais grave ainda: se guardarmos só para nós essa fé que salva, não responderemos à aspiração fundamental do ser humano a um Deus de amor.

Quem são os aprendizes de terroristas de hoje se não, entre os mais destacados, aqueles jovens franceses descrentes, que se desviaram para o erro absoluto do islã radical? Será que eles alguma vez encontraram em seu caminho, uma vez que fosse, um testemunho cristão verdadeiro do amor de Deus?

A fé cristã não é jamais redutível a mera muralha de proteção para uma cultura em perigo. Ela não é um estandarte contra o islã. A cruz não é uma espada, mas um instrumento de tortura no qual o Messias sofreu livremente. A cruz não sai à caça de crescimento como se fosse uma marca comercial captando novos mercados. A fé é a nossa razão de viver como católicos. Quem devemos proclamar, oportuna e inoportunamente, é Jesus Cristo. Foi pela fé em Jesus Cristo que os mártires morreram.

E nós, franceses, morreremos pela falta dessa fé?

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Samuel Pruvot e Raphaël Cornu Thénard

Tags:
Jesus
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