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Religião
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Qual é a diferença entre a religião islâmica e a ideologia islamista?

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Aleteia Brasil - publicado em 29/09/15

O islamismo é hoje a ideologia mais perigosa do mundo, assim como o fascismo e o comunismo já foram o maior perigo do século passado. Mas nem todo muçulmano é islamista.

Qual é a ideologia mais perigosa do mundo?

Na primeira metade do século XX, a resposta era o fascismo. Implantado na Itália, na Alemanha nazista e no Japão imperialista, essa ideologia matou 50 milhões de pessoas.

Na segunda metade do século XX, a resposta era o comunismo, que, dominando uma vasta porção do planeta, incluindo a União Soviética, a China, o Leste europeu e vários países da África e da América Latina, matou pelo menos 100 milhões de pessoas.

Hoje, a mais perigosa ideologia existente no mundo é o islamismo.

ATENÇÃO: a ideologia islamista não equivale à religião islâmica ou muçulmana como tal. O islamismo é uma forma radical e violenta do islã.

Assim como o fascismo e o comunismo, o islamismo é:

  • totalitário por natureza (quer controlar tudo e todos);
  • expansionista (quer crescer e submeter o máximo possível de pessoas ao seu controle);
  • extremamente violento (disposto a matar quem quer que se oponha a ele).

O islamismo se opõe à liberdade:

  • de pensamento e de expressão;
  • de iniciativa, empreendedorismo e mercado;
  • de religião – ou de não praticar religião alguma;
  • de reunião e de associação;
  • de imprensa.

O islamismo se opõe aos direitos humanos e não hesita em destruí-los nos lugares em que se implanta.

O islamismo rejeita o princípio da total separação entre a religião e o Estado. Em sua visão, um governo só é legítimo se estiver sujeito às leis religiosas, que, no caso, são as da sharia.

A sharia, ou lei islâmica, se baseia nos ensinamentos do Corão (o livro sagrado islâmico) e da Suna (a compilação das palavras e atos atribuídos a Maomé). Na interpretação islamista da sharia, entre outras coisas:

  • toda pessoa nascida muçulmana deve permanecer muçulmana: caso se converta a outra religião, deve ser executada;
  • adúlteros devem ser apedrejados até a morte;
  • quem insulta o islã ou Maomé deve ser açoitado severamente ou executado;
  • a poligamia masculina é aceita, assim como o casamento infantil.

Essa interpretação islamista da sharia é posta em prática, entre outros países, no Irã, no Sudão, na Arábia Saudita e em partes da Nigéria, do Iraque, do Paquistão, do Afeganistão e da Síria.

O islamismo quer, no entanto, que o mundo inteiro seja submetido à sharia e considera que qualquer um que se oponha ao seu expansionismo é “o inimigo” e deve ser destruído. Isto não vale apenas para o Ocidente, mas também para os próprios muçulmanos que não querem aderir ao islamismo. De fato, o islamismo já matou mais muçulmanos do que membros de qualquer outra religião – inclusive do cristianismo, cujos seguidores são perseguidos, presos, torturados e assassinados nas áreas sob controle islamista.

QUANTOS ISLAMISTAS HÁ NO MUNDO?

É uma pergunta complexa, porque, ao falarmos de “islamismo”, não estamos falando de uma pertença oficial a uma religião determinada, mas sim de uma mentalidade abraçada ou não por segmentos da religião muçulmana.

O instituto norte-americano de pesquisas Pew apresentou em 2013 alguns dados que podem dar ideia da quantidade de islamistas que há no mundo com base em seu apoio a princípios radicais da sharia:

Apoio ao apedrejamento de adúlteros até a morte:

  • 86% dos muçulmanos do Paquistão
  • 80% dos muçulmanos do Egito
  • 65% dos muçulmanos da Jordânia

Apoio à pena de morte para muçulmanos que se convertem a outra religião:

  • 79% dos muçulmanos do Afeganistão
  • 62% dos muçulmanos da Palestina
  • 58% dos muçulmanos da Malásia (considerados moderados)

Levando em conta que há cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos no planeta, se 10% deles forem favoráveis à aplicação de tais princípios extremistas, poderemos estimar em assombrosos 150 milhões o número de islamistas “teóricos”. Desta quantidade, é preciso calcular quantos estarão dispostos a apoiar o islamismo não apenas de palavra, mas também com ações violentas, o que, na prática, significa concordar com o terrorismo perpetrado por grupos como o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, o Talibã, o Hamas, o Hezbollah, o Boko Haram, o Al-Shabaab… Imaginemos que 2% dos 150 milhões de islamistas “de palavra” sejam islamistas “de fato”: teremos assim 3 milhões de pessoas – ou seja, 3 milhões de terroristas potenciais.

O PERIGO DA GENERALIZAÇÃO RADICAL

Diante deste panorama preocupante, é crucial não cairmos nós próprios no radicalismo de generalizar, esquecendo que uma coisa é a ideologia islamista e outra coisa é a religião muçulmana.

Grande parte dos muçulmanos comuns conviveu pacificamente com os cristãos e com outras minorias religiosas durante séculos e séculos em países como Síria, Líbano, Turquia, Jordânia, Malásia, Nigéria, Tunísia, Egito, Marrocos, e, antes da ascensão de extremistas ao poder, até em países tidos hoje por extremamente intolerantes, como o Irã, o Afeganistão e o Iraque. No Egito, a população foi às ruas massivamente, há poucos meses, para rejeitar a sharia que a Irmandade Muçulmana queria implantar no país: e derrubaram do poder a própria Irmandade Muçulmana. A Turquia é um país de maioria muçulmana, mas de orientação laica e costumes cada vez mais “ocidentalizados”. A comunidade persa da diáspora pós-Revolução Iraniana de 1979, também muçulmana, forma hoje uma elite cosmopolita, culta, tolerante e aberta, principalmente nos Estados Unidos. Há, portanto, grandes diferenças entre os muçulmanos comuns e os grupos radicalizados pela ideologia islamista.

Ao longo da história, todas as gerações tiveram de lidar com algum tipo de fundamentalismo que atentava contra os seus direitos. E as pessoas livres sempre conseguiram derrotar as tiranias dos totalitarismos.

Nós, não muçulmanos ou muçulmanos, temos hoje o desafio conjunto de derrotar o totalitarismo da ideologia islamista.

E o primeiro passo é entendermos de que se trata, com objetividade e sem generalizações… extremistas.

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