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Jovens britânicos de famílias muçulmanas relatam perseguição depois de abandonarem o islã

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Aleteia Brasil - publicado em 06/10/15

Reportagem da BBC entrevista jovens do Reino Unido que sofreram desde a expulsão de casa até ameaças de morte

A BBC publicou uma reportagem sobre jovens britânicos que decidem não ser mais muçulmanos e, por causa dessa decisão, sofrem perseguições, abusos e até ameaças de morte – muitas vezes dentro da própria família.

A maioria dos britânicos muçulmanos nasceu no Reino Unido e tem menos de 24 anos, mas enfrenta a crença tradicional de que abandonar o islamismo é um pecado cujo castigo pode ser a morte. Não há estatísticas oficiais sobre os ex-muçulmanos da Grã-Bretanha, mas muitos deles estão compartilhando as suas experiências em fóruns da internet.

A reportagem da BBC entrevistou alguns deles:

  • Ayisha (nome fictício) tinha 14 anos quando começou a questionar o islamismo, se rebelou contra o uso do véu islâmico e decidiu que não queria mais ser muçulmana. “Meu pai ameaçou me matar, pegou uma faca e segurou-a no meu pescoço dizendo: ‘Nós podemos te matar se você trouxer essa vergonha para a família'”. O pai batia tanto nela que Ayisha resolveu chamar a polícia. Ele foi condenado, mas a jovem teve de se afastar também da mãe e dos irmãos. Hoje com 17 anos, ele está sob a guarda do pai de seu namorado, devido ao risco que sofreria junto da família.
  • Aaliyah (nome fictício), 25 anos, deixou o islamismo na universidade e, por isso, foi expulsa de casa. “Minha tia me disse que meus irmãos e irmãs não poderiam se casar porque a honra deles estaria manchada. E isso era culpa minha”.
  • Afzal Khan nasceu no Paquistão, país que adota leis religiosas contra a blasfêmia, mas migrou para estudar no Reino Unido, onde tomou a decisão de deixar o islamismo. “Todos os meus amigos muçulmanos ficaram chocados. Quando perceberam que era sério, começaram a me xingar, de uma forma leve no início, mas depois passaram a me atacar, me ameaçar. Falei com minha mãe pelo telefone e ela berrou: ‘Você não é mais meu filho!’. Aí meu irmão pegou o telefone e me passou a mensagem deles: que eu não pertencia mais à família. E, desde então, eu nunca mais pude falar com eles”. Algum tempo depois, um parente de Afzal lhe contou que a mãe dele achava que o filho “deveria ser morto, porque é isso que a lei islâmica determina para quem comete blasfêmias”. Afzal, sua esposa e sua filha obtiveram permissão para ficar no Reino Unido por causa do altíssimo perigo que correriam se tivessem de voltar para o Paquistão.

A BBC também procurou 13 autoridades de regiões britânicas com grandes populações muçulmanas. Nenhuma soube dizer qual seria o procedimento em caso de denúncia de abuso ou ameaça contra ex-muçulmanos. A maioria sequer sabia o que era apostasia. As autoridades locais não têm muita consciência do problema, em boa parte porque existe grande pressão dentro das comunidades muçulmanas para ocultar os casos de pessoas que deixam a fé.

Alom Shaha, da Associação Britânica Humanista e ele próprio um ex-muçulmano, é bastante contatado por jovens que querem ajuda ou conselhos: “Não podemos ignorar quem está dentro dessas comunidades e que também é oprimido. Eu quero que as pessoas responsáveis por cuidar dos jovens vulneráveis reconheçam que ser ateu pode ser grave o suficiente para colocar a vida em risco”.

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