Embora criada por cristãos, a organização traiu os seus valores e abraçou causas opostas à vida e à dignidade dos mais vulneráveisA Anistia Internacional considera a si própria como uma organização não-governamental internacional que protege os seres humanos em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela faz campanhas (muitas vezes eficazes) pela libertação de prisioneiros condenados por “crimes de consciência”, além de defender o direito à liberdade de expressão, a abolição da pena de morte e da tortura e o fim dos crimes políticos. A Aleteia a cita como fonte de informação em matéria de violações de direitos humanos, abusos e discriminação em todo o mundo.
A Anistia Internacional foi fundada na década de 1960 pelo advogado britânico Peter Benenson e pelo irlandês Sean MacBride, ambos católicos (Benenson tinha nascido em uma família judia e se convertido ao catolicismo em 1958, antes de fundar a Anistia).
A missão da organização, no entanto, passou a incluir nos tempos atuais a defesa e a promoção de uma ampla gama de “novos direitos” civis e políticos que fazem parte da agenda econômica, social e cultural de uma ideologia libertária devotada ao individualismo.
Assim como muitas ONGs, a Anistia Internacional se associou ideologicamente à ONU, lamenta um ex-ativista da associação: “Nós íamos antes aonde os outros não iam. Falávamos de presos políticos, da pena de morte. Agora somos modelados pelo programa da ONU e lidamos com as questões das mulheres, dos direitos econômicos e sociais, da pobreza. É um espectro vasto demais” (a referência é de Marc Girot no livro Amnesty International. Survey on genetically modified NGOs, de 2011).
Hoje, a Anistia não faz nada para proteger os seres humanos mais vulneráveis: pelo contrário, faz campanha pela revogação de todas as leis anti-aborto em nome do suposto “direito” da mulher a considerar o bebê como parte do próprio corpo, sem se importar com a vida dele. É por isso que, em março de 2007, a organização foi condenada pelo Vaticano: o cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, pediu que todos os católicos e instituições católicas deixassem de dar apoio financeiro à Anistia Internacional.
Ainda em 2007, na Inglaterra, o bispo católico dom Michael Evans (1951-2007), da diocese de East Anglia, se retirou da Anistia Internacional após 30 anos como membro ativo, em protesto contra a decisão da organização de incluir o “direito ao aborto” em seu programa. Muitos católicos seguiram o exemplo do bispo.
Em 2013, a Anistia Internacional fez campanha, em conjunto com o Comitê de Direitos Humanos da ONU, para que a Irlanda descriminalizasse totalmente o aborto. Em 2014, a organização lançou a campanha global “Meu corpo, meus direitos”, em defesa do “respeito, proteção e promoção dos direitos sexuais e reprodutivos”. Tal campanha prossegue: em 28 de setembro de 2015, a Anistia Internacional participou da “Jornada Internacional pela Descriminalização do Aborto”, realizada em mais de 20 países.
Com base nesta “lógica libertária”, a Anistia Internacional está empenhada também na defesa dos direitos LGBT, apoiando as chamadas Paradas do Orgulho Gay na Europa. A organização também pediu, em agosto de 2015, a descriminalização da prostituição nos casos em que os “profissionais do sexo” são adultos que voluntariamente “exercem” a “profissão”. Esta campanha de causa duvidosa valeu para a Anistia Internacional a ira de figuras famosas, como as atrizes de Hollywood Meryl Streep e Kate Winslet, que se opõem fortemente a essa forma de escravidão (agravada, aliás, nos países que a descriminalizaram).
Ao querer parecer “antenada com os novos tempos”, a Anistia Internacional, assim como muitas outras organizações e partidos políticos, acaba fazendo vista grossa precisamente aos mais vulneráveis e pobres, começando pelos nascituros.
A história provavelmente vai julgar essa atitude “moderna” tão severamente como julga hoje a cegueira de muitas instituições diante de populações inteiras condenadas à escravidão e ao extermínio.