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Eu nunca tinha visto o rio Jordão. De repente, tudo ficou luminoso. As lágrimas começaram a brotar de dentro de mim. Era real!

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Jeffrey Bruno - publicado em 26/10/15

Que tipo de loucura faz as pessoas darem a vida pela fé?

Que tipo de loucura faz as pessoas darem a vida pela fé?

Talvez seja por causa do rio Jordão.

Passei dois dias em Amã na companhia de pessoas cujas vidas foram dizimadas porque elas não quiseram renunciar à sua fé. Agora não consigo parar pensar nisso: por que essas pessoas normais, que tinham emprego, carro, TV a cabo e time do coração, exatamente iguais a mim, escolheram, quando pressionadas, renunciar a tudo por causa da fé?

Eu nunca tinha visto o rio Jordão e, para ser sincero, nunca tinha pensado que o lugar onde Jesus foi batizado poderia realmente me afetar. Mas me afetou. Enquanto caminhávamos ao longo da trilha que levou Jesus ao seu local de batismo, as lágrimas começaram a brotar de dentro de mim.

Foi esmagador. Não era felicidade, não era tristeza, era simplesmente algo maior do que eu conseguia processar. Jesus Cristo, homem e Deus, tinha estado ali, ali, no lugar que eu estava contemplando! João e Ele tiveram uma conversa estranha e, depois, João o batizou. Ali! O céu se abriu; Deus Pai falou e o Espírito Santo apareceu.

Bem ali, no lugar onde eu estava. Era real. E eu conseguia sentir!

De repente, o início do ministério de Jesus na Terra se tornou luminoso para mim e eu comecei a ver o lugar que João tinha percorrido no deserto – porque eu mesmo o tinha percorrido. Pela primeira vez na vida, a minha fé se tornou palpável. Eu não só via os lugares e caminhava pela mesma terra em que Jesus tinha caminhado, mas sentia a presença de Deus de uma forma que nunca tinha sentido antes.

Quando nós, jornalistas, nos reunimos para o almoço, eu me dei conta. De repente, eu entendi por que os refugiados cristãos que encontramos em Amã tinham feito tudo o que fizeram. Eles tinham experimentado a fé com esse tipo de intimidade. Eles tinham experimentado o que eu acabava de experimentar, e de uma forma real, para sempre, muito além do que seria apenas uma distração em meio ao trabalho, aos carros, os times do coração.

Ao ir até o Jordão, especialmente ao estar de pé diante do local em que Jesus foi batizado, e me familiarizar com este senso de realidade sagrada, eu comecei – só comecei – a entender por que há pessoas dispostas a morrer por amor de Cristo. Excetuando a missa, nós, ocidentais, não temos essa “interface” diária com o Divino. Nós não experimentamos essa realidade circundante. E a nossa fé, talvez, seja mais fraca.

Mas ela se torna real, de uma forma totalmente diferente, quando você caminha pelas mesmas estradas do deserto em que Jesus caminhou com Pedro e os discípulos; ela se torna real quando você coloca os pés na água do Jordão e entende QUEM esteve ali antes de você; ela se torna real quando alguém coloca uma arma na sua cabeça e manda você renunciar à sua fé.

Não me entendam mal: não é que nós não possamos ou não experimentemos essa realidade de outras maneiras – o testemunho dos santos confirma que podemos; mas esta experiência é diferente. É singular. Ela me transformou para sempre.

Pode soar estranho, mas os refugiados que eu conheci foram um presente para mim. Eu tinha lido sobre os seus dramas e os acompanhava de longe, mas nunca tinha realmente entendido. Agora eu entendo.

Eles são um sinal visível do amor de Deus por nós e do seu próprio amor por Deus! E ninguém se afasta de quem realmente ama. Eles são a prova viva de que a Fé e o Amor são uma realidade e um relacionamento.

Nós precisamos dos refugiados mais do que eles de nós, eu acho. Eles precisam de ajuda material e de auxílio para que os responsáveis pelo poder internacional ​​não os ignorem. Mas a Madre Teresa dizia que a pobreza espiritual é ainda pior que a pobreza material. Nós, no confortável Ocidente, temos as coisas de que esses refugiados “necessitam”, mas eles têm a única “coisa” que realmente importa: uma relação de amor com Jesus Cristo tão completa e poderosa que estão dispostos a sacrificar tudo para ser fiéis a Ele.

Escrevo das margens do Jordão, transformado. Se não é por causa do Jordão, é por causa do que aconteceu no Jordão.

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