Oito séculos atrás, Domingos de Gusmão lançava um dos movimentos espirituais mais influentes da história do cristianismo. Seguindo os passos de Jesus, a Ordem dos Frades Pregadores queria reviver a experiência dos primeiros discípulos, que andavam pelos caminhos da Galileia para pregar em pobreza o amor de Deus.
Em 7 de novembro de 2015, na histórica sede de Santa Sabina, em Roma, a ordem dos dominicanos inicia um ano jubilar em memória das bulas promulgadas pelo papa Honório III em 1216 e 1217: por meio delas é que foi confirmada a fundação dos frades pregadores.
Aleteia teve a alegria de entrevistar o pe. Bruno Cadoré, mestre da ordem e 87º sucessor do santo fundador (cf. excerto do vídeo original da entrevista, em italiano, ao final do artigo). Ele recorda que São Domingos quis para os seus irmãos a oração, o estudo, a vida fraterna e a pobreza; o estudo, aliás, “não para que todos fossem sábios, mas para que a busca contínua da verdade que se encontra nas Escrituras plasmasse a sua humanidade”.
Os irmãos de São Domingos se espalharam pelo mundo inteiro. Hoje, a família dominicana tem 3 mil freiras em 209 conventos e 6 mil frades em 602 mosteiros, além de 150 mil leigos, juntamente com mais de 40 mil irmãs apostólicas, em 119 congregações.
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Vídeo de divulgação do Jubileu de 800 anos da Ordem dos Pregadores (versão em espanhol)
Os dominicanos representam uma parte importante da história da Igreja: mais de 130 santos, entre homens e mulheres, muitos deles doutores da Igreja; 4 papas, 75 cardeais, 150 arcebispos e centenas de bispos.
A igreja romana de Santa Sabina, no Aventino, foi doada a São Domingos em 1219 e é uma arca de tesouros
Não faltaram páginas escuras nessa história, como o período da Inquisição, em que um mal-entendido “orgulho de possuir a verdade” levou a se perder o sentido de uma fé que só pode ser “proposta, nunca imposta” – muito menos com a tortura e a violência.
Para entender o que significa hoje a “defesa da doutrina” e a sua relação com a pastoral, Cadoré convida a olhar para um dos filhos mais ilustres da ordem dominicana: Santo Tomás de Aquino. “Um grande teólogo”, destaca o mestre dos frades pregadores, “mas também um grande pregador: não há nada que ele tenha pensado e escrito na Summa Theologica que não tenha depois pregado para as pessoas comuns”. Defender a doutrina, portanto, significa “defender a capacidade da doutrina de ajudar a Igreja a falar com os outros sobre Deus”.
Hoje, assim como ontem, o carisma dos dominicanos se concentra na pregação, que tem de enfrentar o desafio do “novo continente” da internet, um mundo em que “a facilidade de comunicação envolve o risco, paradoxalmente, de isolar as pessoas”. Mas pregar, adverte Cadoré, não é apenas falar: é “encontrar, escutar, tentar compreender e conversar”.
A celebração de um ano jubilar traz sempre consigo balanços e propósitos para o futuro. O objetivo para os próximos 800 anos? Um desafio antigo e sempre novo: “Alcançar aqueles que ainda não conhecem Jesus”, escancarando as portas da ordem e da Igreja, tal como convida o papa Francisco.
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