Aleteia logoAleteia logoAleteia
Terça-feira 16 Abril |
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

Eles têm apenas 15, 17, 22, 25, 32 anos… Mas eles decidem entrar no Estado Islâmico. Por quê?

jovens-jihad.png

Aleteia Brasil - publicado em 16/11/15

Jovens de todos os continentes - e o Brasil não escapa - estão na mira dos recrutadores do terror

Entre os inúmeros detalhes que deixam o mundo atônito diante da ofensiva do autoproclamado Estado Islâmico, uma realidade é particularmente perturbadora: a grande quantidade de monstros assassinos de pouco mais de 20 anos de idade.

NOS ATAQUES DA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA 13, EM PARIS

Um dos terroristas que atacou a casa de shows Bataclan foi identificado por suas digitais. Omar Ismail Mostefai, 29 anos, francês de origem argelina, nasceu em Paris em 1985. Já tinha sido condenado 8 vezes por delitos “comuns” entre 2004 e 2010 (quando tinha entre 19 e 25 anos): dirigir sem permissão, insultos e agressões verbais, ligações não confirmadas com o tráfico de drogas. No entanto, nunca foi preso. Além disso, era conhecido das forças de segurança francesas porque tinha um histórico de envolvimento com radicais islâmicos.

Junto com o corpo de um dos autores do ataque ao Stade de France, foi encontrado um passaporte sírio pertencente a um homem nascido em 1990. Ele tinha, portanto, 25 anos.

NO ATAQUE CONTRA O CHARLIE HEBDO EM JANEIRO

Os irmãos Said e Cherif Kouachi, franceses de origem argelina, tinham respectivamente 34 e 32 anos quando cometeram a chacina, mas sua radicalização vinha de anos antes. Cherif tinha sido preso aos 22 anos, em 2005, quando estava prestes a partir para a Síria, a caminho do Iraque, onde pretendia atuar na “guerra santa”. Em 2008, voltou a ser preso por fazer parte de um grupo que recrutava jovens muçulmanos franceses para se juntarem à Al-Qaeda no Iraque.

Amedy Coulibaly, autor dos assassinatos de uma policial e de quatro civis em um supermercado kasher, na mesma semana de janeiro, tinha 32 anos, mas já aos 17 anos tinha sido condenado por roubo e tráfico de drogas. Na ocasião, foi diagnosticado como “de personalidade imatura e psicopata”.

Hayat Boumeddiene, 26 anos, esposa de Amedy Coulibaly e descrita como “armada e extremamente perigosa”, colaborou nos preparativos e fugiu para a Síria no dia seguinte ao ataque contra a revista Charlie Hebdo.

O JIHADISTA JOHN

O cidadão britânico Mohammed Emwazi, nascido no Kuwait, tinha 26 anos quando foi identificado como sendo o misterioso “Jihadista John”, o carrasco encapuzado que apareceu em pelo menos 7 vídeos de decapitações perpetradas pelo Estado Islâmico. No último dia 12 de novembro, ele foi supostamente morto por um ataque norte-americano em Raqqa, na Síria, país em que vivia desde 2012 (quando tinha 24 anos). Naquele ano, ele se uniu ao grupo fundamentalista islâmico Frente Nusra. Em 2014, juntou-se ao Estado Islâmico.

O “CLUBE DOS 27 ANOS”

A idade tão curta de tantos jovens transformados em monstros assassinos pode evocar outro chamativo grupo de jovens ligados a mortes trágicas: o chamado “Clube dos 27”, ou “Para Sempre 27”. Trata-se de astros do rock ou do blues que, em diferentes contextos e épocas, morreram aos 27 anos de idade, todos com personalidades polêmicas e biografias marcadas por excessos e indícios de falta de sentido na vida: Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse.

Embora não haja termo de comparação entre a trajetória tumultuada desses músicos e o execrável caminho trilhado pelos jihadistas, não deixa de ser chamativo aquilo que há de mais óbvio em comum entre eles: a “juventude desnorteada” e a visão de mundo marcada por excessos desestabilizadores: excesso de suposta “liberdade mundana”, no caso do “Clube dos 27”, e excesso de suposta “entrega religiosa”, no caso dos jihadistas. Por que faltou e continua faltando, em nossas sociedades “avançadas”, tanta orientação BÁSICA para os jovens no auge da vitalidade?

UM RECRUTAMENTO QUE NÃO TEM FRONTEIRAS

Cerca de 800 jovens britânicos e ao menos 1200 jovens franceses se juntaram aos combatentes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Além deles, há outros milhares em processo de recrutamento ou já comprometidos com o grupo terrorista, porém como “membros adormecidos”, à espera de ordens para partir ou participar de ataques em seus próprios países. Nem todos caem na armadilha, como é o caso deste adolescente britânico. Mas o número dos que caem é alarmante.

Particularmente chocante é o caso das jovens meninas e moças, muitas delas com apenas 15 ou 16 anos de idade e quase todas com no máximo 22, que fugiram de casa, no Reino Unido, para se juntar ao Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Uma delas, Khadijah Dare, se converteu ao islã aos 18 anos e, em 2012, partiu para a Síria com os dois filhos pequenos e lá se casou com um guerrilheiro de origem sueca. Ganhou fama mundial em 2014 ao publicar no Twitter seu desejo de “ser a primeira ocidental [do Estado Islâmico] a matar um americano ou britânico”. Também publicou fotos de um dos filhos manejando uma metralhadora. Hoje com 22 anos, Dare é recrutadora do Estado Islâmico via internet e um dos principais alvos da inteligência britânica.

As estratégias para atrair jovens jihadistas acontecem em muitos países de todos os continentes, com ênfase na Europa. Além da França e do Reino Unido, a Bélgica está entre os maiores “celeiros” de extremistas recrutados.

DO BRASIL PARA A “GUERRA SANTA”

Foi da Bélgica que, em 2012, o jovem Brian Rodrigues, de 19 anos, partiu para a Síria e se alistou no exército do terror. Ele é filho da brasileira Rosana Rodrigues, que vive na Bélgica há 25 anos. O que ela contou em entrevista à rede Globo sobre o filho é estremecedor:

“Ele era muito católico e, na maioria das fotos que ele tem no Brasil e aqui na Bélgica ou na Espanha, na Turquia, onde ele esteve, ele sempre usava um crucifixo”.

O que aconteceu então? Aos 17 anos, Brian sofreu a maior decepção da sua vida e o fim do seu maior sonho: ele queria ser jogador de futebol, mas foi dispensado e entrou em depressão. Foi naquele momento que os extremistas se aproximaram dele. Brian encontrou “apoio”, palavras de “fé” e “compreensão”. Passou a frequentar uma mesquita que, segundo a imprensa belga, era um covil de extremistas de vários países. Em menos de dois anos, Brian se tornou um deles.

O BRASIL JÁ ESTÁ NO RADAR DOS RECRUTADORES

Não é preciso que os jovens brasileiros vivam em países europeus para se tornarem alvos das investidas dos recrutadores jihadistas. O governo do país já detectou ações de recrutamento do Estado Islâmico aqui mesmo, como informa esta matéria do jornal O Estado de São Paulo.

O QUE LEVA UM JOVEM A SE TORNAR TERRORISTA?

Neste artigo da Aleteia, há uma interessante tentativa de explicação. E um alerta: “A maioria dos ‘especialistas’ no assunto entendeu tudo errado até agora”.

Tags:
Estado IslâmicoTerrorismo
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia