De volta do Brasil para a França, Jean-Marc Potdevin testemunha a ação de alguns frades no coração das periferias devastadas pelas drogasA Cracolândia é um “conceito” chocante não só para os brasileiros, mas também para os estrangeiros que visitam essas ruas de São Paulo tomadas por viciados em drogas e por uma sujeira indescritível. Os rostos são cadavéricos, as órbitas vazias. Eles parecem zumbis; doentes, vegetam sobre pedaços de papelão, colchões e cobertores velhos em meio ao lixo, quando não deitados sobre o próprio asfalto.
O crack é uma das piores drogas existentes, viciante na primeira experiência: uma verdadeira prisão feita de química. Crianças jogadas nas ruas começam na droga muito cedo. Aos 9 anos. Ou menos.
Colidem na minha mente as imagens dessas pessoas deitadas no asfalto com a das pessoas deitadas nas praias do Brasil. Como foi que estas vieram parar aqui?
Em meio a essa visão do inferno, caminham outras pessoas, bem conhecidas na vizinhança. É a Fraternidade O Caminho. Espiritualidade franciscana. Jovens consagrados, radiantes de uma alegria quase nunca vista em contextos de maior conforto material. Eles vivem na pobreza por escolha, na periferia da Cracolândia, lançando-se toda semana, todo dia, à “pesca” daquelas pessoas para tentar tirá-las do inferno.
“Recuperar” é a palavra que eles usam: trata-se tanto de resgatar das ruas e das drogas quanto também de restaurar aqueles homens e mulheres no âmbito físico, psicológico, social e espiritual.
O testemunho completo, em francês, está disponível no site Cahiers Libres.