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“A misericórdia tem olhos puxados”. A história de Zhang Agostino, presidiário de origem chinesa convertido ao cristianismo

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Marinella Bandini - publicado em 26/01/16

“Nas lágrimas de minha mãe e nos encontros entre aas grades recebi a visita de Jesus”

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A misericórdia tem olhos puxados. Esta é a história de Zhang Agostino Jianqing, chinês de 30 anos emigrado com a família para a Itália em 1997. Zhang está preso há 11 anos, e ainda deve cumprir outros 9 anos na prisão – consequência de erros cometidos em sua juventude turbulenta e irriquieta. “Aqui estou para dar testemunho de como a misericórdia de Deus transformou minha vida”, diz ao tomar palavra na cerimônia de lançamento do livro de entrevistas do Papa Francisco, “O Nome de Deus é Misericórdia”, realizada no Vaticano. Sim, no Vaticano; algo que mesmo Zhang poderia esperar. Mas cada etapa de sua história é de fato surpreendente, até mesmo para ele próprio. Zhang chega à Itália aos 12 anos de idade, e já matriculado na escola inicia seu percurso de adaptação. Mas logo se entendia com os estudos, começa a faltar às aulas, e entra em choque com os pais. Distancia-se da família e passa noites fora de casa: “meu único interesse era a diversão, sentir-me poderoso”, “e em pouco tempo havia me tornado uma pessoa violenta e superficial”. Até cometer um grave crime e ver-se, então com apenas 19 anos, condenado à pena de prisão por 20 anos. É transferido para a penitenciária de Belluno, onde passa a receber visitas de um voluntário de nome Gildo. Zhang lembra suas dificuldades com o idioma “não falava quase nada de italiano”; “em nossos encontros, passávamos mais tempo fitando-nos um ao outro do que propriamente falando”. “Bastava-lhe seu olhar para expressar sua compaixão por mim. Isso por vezes era tudo o que me sustentava”. Tornaram-se grandes amigos – Gildo mais tarde viria a ser seu padrinho de Batismo. “Foi o primeiro presente que Deus me enviou”, lembra Zhang com os olhos cheios de lágrimas. Sua mãe, toda semana, viajava 700 quilômetros para visitá-lo na prisão. E chorava ao vê-lo. Suas lágrimas começam a amolecer o coração endurecido de Zhang: “ver seu rosto coberto de lágrimas me ajudou a olhar para dentro de mim mesmo, compreender o mal que havia causado à minha família e à família da vítima. Meu coração tremia de dor, sentia-me em pedaços. Surgia dentro de mim um desejo de mudar para melhor. Nascia em mim o desejo de que todo esse sofrimento pudesse ser transformado de alguma forma em felicidade”.

Em 2007, Zhang é transferido para Pádua. Ali, começa a trabalhar no presídio junto à cooperativa Giotto. Conhece um conterrâneo, Je Wu, e depois Andrea, que lhe fazem companhia. “Vi que aquele meu amigo ficava cada dia mais feliz, até que decidiu converter-se ao cristianismo e batizar-se. Testemunhar algo assim, trabalhar de perto com pessoas como estas, paulatinamente despertaram em mim o desejo de ser também feliz como eles”. Curioso, Zhang começa a frequentar as Missas: “ao ouvir os cantos e as palavras do Evangelho, pude experimentar uma alegria que nunca havia experimentado antes em minha vida”.

Em companhia de outros detentos e pessoas da cooperativa, Zhang reforça seu desejo de conversão: “o caminho que vinha trilhando fortalecia a cada dia meu desejo de tornar-me cristão”. Mas como explicar isso a seus pais? Sua família era budista e sua mãe muito religiosa; não queria dar-lhe mais esse dissabor. Seu tormento interior perdura até a Sexta-feira Santa de 2014. Zhang, a convite de seus amigos, participa do rito da Via Crucis; e, ao final da cerimônia, todos os presentes se aproximam da cruz para beijar o Cristo, mas ele se detêm: “não pude fazê-lo, sentia-me como se estivesse a trair minha mãe mais uma vez”. Ao sair da capela, porém, sentia “o coração chorar de remorso” por não ter beijado a Jesus na cruz. “Na dor daquele momento, compreendi o quanto amava a Jesus, e que já não era mais possível ignorar essa verdade”.

Chama sua mãe e, abrindo seu coração, pede-lhe permissão para converter-se ao cristianismo e batizar-se. “Minha mãe permaneceu em silêncio por cinco minutos; aqueles pareceram-me os cinco minutos mais longos de minha vida. Depois, com lágrimas nos olhos, disse-me: “se acredita que esta é a coisa certa a fazer, faça-a; de outro modo, me faria sofrer ainda mais”. “Pude sentir a presença do Senhor ao descobrir um outro amor de minha mãe, um amor como aquele de Maria”. E assim Zhang é batizado em 11 de abril de 2015, véspera do Domingo da Misericórdia, na capela do presídio. “Quis que fosse assim; ser batizado no local e na companhia dos amigos que comigo estavam quando Jesus veio ao meu encontro, quando conheci Jesus”. Lembrando as palavras do Evangelho “adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver”, compreendeu que os amigos que havia feito na prisão haviam sido enviados por Jesus para buscá-lo. E decidiu ser batizado com o nome de Agostino, comovido pelas tantas lágrimas derramadas por Santa Mônica por conta das faltas de seu jovem filho – que mais tarde se tornaria Santo Agostinho. “É uma história como a minha; minha mãe também chorou um rio de lágrimas, na esperança de que eu reencontrasse o sentido da vida”.

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