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Como o sagrado entra na vida cotidiana?

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Gaudium Press - publicado em 03/03/16

Conheça os 4 efeitos dos sacramentais e como você pode aproveitá-los em sua vida diária

Quando entramos em uma igreja e impulsionados pelos imponderáveis do ambiente, nos ajoelhamos diante do Sacrário, rezamos o Pai-Nosso, ou quando fazemos uso da água benta, temos uma noção bem exata desse ato que praticamos?

Muito ao nosso alcance e de grande benefício espiritual, está a riqueza dos sacramentais.

“Chamam-se sacramentais os sinais sagrados instituídos pela Igreja cuja finalidade é preparar os homens para receberem os frutos dos sacramentos e santificarem as diferentes circunstâncias da vida” (CEC 1677).

“Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas oferecem aos fiéis bem-dispostos a possibilidade de santificarem quase todos os acontecimentos da vida por meio da graça divina que deriva do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo” (CEC 1670).

Diferenças entre os Sacramentos e os Sacramentais

Há distinções substanciais entre o sacramento e o sacramental.

Os sacramentos produzem seu efeito ex opere operato (“pela obra realizada”) por sua própria virtude, quando devidamente ministrados e recebidos ; a eficácia dos sacramentais, ex opere operantis (“pela ação daquele que opera”) pela disposição dos que os recebem. Assim, para que haja um frutuoso efeito das graças dos sacramentais, são necessárias também nossa plena consciência e boa disposição ao recebê-los.

Os sacramentos contêm e conferem a graça habitual ou santificante que é a graça que nos dá uma verdadeira e real participação na vida do próprio Deus; os sacramentais nos preparam para receber e cooperar com as graças atuais as quais, como o próprio nome indica, são atos fugazes e transitórios e, não hábitos permanentes como o é a graça santificante.

Os sacramentos foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, e são apenas sete (batismo, crisma, eucaristia, confissão, unção dos enfermos, ordem e matrimônio) Já os sacramentais são instituídos pela Igreja, que pode aumentar o seu número, se julgar conveniente para o bem das almas.

Mas, quais são os sacramentais ?

Por serem numerosos, muitos teólogos reduzem a seis grupos:

a) Orans (Orante): algumas orações, tais como o Pai-Nosso e as orações que, publicamente, costuma rezar a Igreja: as Ladainhas, por exemplo.

b) Tinctus (Molhado): o uso da água benta; certas unções que se usam na administração de alguns sacramentos e que não pertencem à sua essência.

c) Edens (Comido); indica o uso do pão bento ou outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote.

d) Confessus (Confessado): quando se reza o Confiteor, individual ou publicamente. – Ou seja, rezando o Confiteor para pedir perdão a Nosso Senhor por tantas falhas que cometemos , sem lembrar-Se mais da falta, Ele, já neste ato, nos cumula de graças.

e) Dans (Dado): esmolas espirituais ou corporais, bem como os atos de misericórdia, prescritos pela Igreja. – Acima das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao próximo. Além desse ato ser um sacramental, adquirimos uma série de méritos pela caridade fraterna e pelas outras virtudes que a acompanham.

f) Benedicens (Bendizente): as bênçãos que dão o Papa, os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de reis, abades ou virgens e, em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.

Quantas graças, quantas dádivas da Santa Igreja à nossa disposição!

Os efeitos que produzem ou podem produzir os sacramentais dignamente recebidos são muitos. Em geral:

I. Obtêm graças atuais, com especial eficácia, pela intervenção da Igreja (ex opere operandis Ecclesiae).

II. Perdoam os pecados veniais por via de impetração, enquanto que, pelas boas obras que fazem praticar e pela virtude das orações da Igreja, excitam-nos aos sentimentos de contrição e atos de caridade.

III. Às vezes, perdoam toda pena temporal, atinente aos pecados passados, em virtude das indulgências que costumam acompanhar o uso dos sacramentais. Por exemplo, a água benta.

IV. Obtêm-nos graças temporais, se convenientes para nossa salvação. Por exemplo, saúde corporal, defesa contra as tempestades, uma viagem bem-sucedida, etc.

Embora os efeitos dos sacramentais não dependam, principalmente, da disposição com que são administrados ou recebidos, é necessário estar na graça de Deus para receber as graças atuais dos sacramentais com maior eficácia.

Dentro desta perspectiva, “não há uso honesto das coisas materiais que não possa ser dirigido à santificação dos homens e o louvor a Deus.”(II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 61: AAS 56 (1964) 116-117)

Sacramentais: a entrada do sagrado a todas dimensões da vida

O ser humano, obra predileta de Deus em sua criação, não somente recebe o poder de administrar os bens materiais criados por Deus, mas um chamado especial a dirigi-los novamente até Ele. A vida terrena é para o homem uma plataforma até o Céu, através da qual deve aprender a transcender, a qual deve administrar para fazer o bem e ainda oferecê-la e consagrá-la novamente no serviço de Deus.

Apesar desta missão ocorrer de maneira plena no Santo Sacrifício da Eucaristia, esta missão do homem se estende a todos os aspectos de sua vida e é apoiada notavelmente pelo recurso dos Sacramentais da Igreja, destacados recentemente pelo informativo National Catholic Register. “Os Sacramentais são extensões dos sete sacramentos e trazem a graça de Deus a tudo o que fazemos”, recordou o autor Philip Kosloski em um artigo para esse meio. Nas palavras do Bendicionário do Ritual Romano, são “irradiações dos sacramentos. Ambos são fonte de vida divina e ambos tem um idêntico propósito: a vida divina”.

A doutrina sobre os sacramentais, que se estende muito além das imagens religiosas, a água benta ou os rosários (alguns dos sacramentais mais conhecidos), foi reiterada pelo Concílio Vaticano II. “Para os membros bem dispostos dos fiéis, a liturgia dos sacramentos e os sacramentais santifica quase todos os eventos em suas vidas”, destaca a Sacrosanctum Concilium. “A eles se dá o acesso à corrente da divina graça que flui do mistério pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, a fonte da qual todos os sacramentos e sacramentais obtêm seu poder”.

Os objetos que podem se abençoados segundo o Ritual Romano anterior incluem pessoas, comidas, objetos e lugares, como o pão, o vinho, a manteiga, a cerveja, o azeite, o fogo, as ferramentas de alpinismo. O Novo Ritual Romano inclui uma ampla gama de objetos e lugares modernos como os lares, bibliotecas, oficinas, lojas comerciais, fábricas e estúdios de comunicação como a rádio e a televisão. Além disso os objetos incluem instrumentos de pesca, ferramentas de trabalho, campos de semear, gado, alimentos e animais, além dos objetos de arte sacra, devocionais e de uso litúrgico.

“Ambos livros rituais são aprovados pela Igreja e podem ser empregados por qualquer sacerdote”, recordou Koloski. “Juntos fazem eco de uma só voz que diz que tudo deve ser levado sob o domínio de Cristo. Isto é algo profundo e aos poucos perdemos isto de vista”. A realidade dos sacramentais recorda que para o cristão não existe uma vida dupla e que Deus está presente em todos os aspectos da vida.

(via GaudiumPress)

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