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7 receitas cristãs contra os políticos corruptos

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Ignacio Pérez Tormo - publicado em 04/03/16

O distributivismo, uma filosofia proposta por Chesterton como solução para os problemas da política partidária

Em 1891, o papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum, que condenava os erros e abusos dos dois únicos sistemas econômicos nascidos no Ocidente desde a Idade Média: o capitalismo e o comunismo.

Em 1926, a fim de propor uma terceira alternativa que adotasse as diretrizes da Igreja, o famoso escritor Gilbert K. Chesterton, em parceria com Hilaire Belloc, fundou em Londres a Liga Distributivista (também chamada Distributista ou Distribucionista). Seu modelo consistia em criar pequenas comunidades de proprietários nas quais se aplicasse o princípio da subsidiariedade, ou seja: a máxima participação dos cidadãos e a mínima intervenção do Estado.

Chesterton desenvolveu a maior parte da sua obra sobre o distributivismo antes de receber o batismo na Igreja católica, mas é preciso dizer que ele já trabalhava em prol do Reino quando descobriu e abraçou convictamente a fé da Igreja.

Seu irmão Cecil, junto com Belloc, descreveu em “The party system” (1911) os fenômenos que se observam entre os parlamentares em tempos de crise: as instituições públicas não funcionam; as campanhas eleitorais são caras e não servem para informar nem formar o eleitor; a corrupção da classe política se torna hábito; a chamada “política partidária” reflete a burocratização do sistema dos partidos políticos. Essa burocracia partidária implica afrouxamento e lentidão para tomar decisões: ela está ligada ao envelhecimento da sociedade e, por isso mesmo, a própria sociedade precisa se renovar.

Para esta renovação, Chesterton, Belloc e outros distributivistas propõem uma visão histórica transversal, que envolve as seguintes receitas:

1. As comunidades devem ter dimensões reduzidas

Cada comunidade de pessoas deve ter uma “medida humana”. A família é o protótipo da medida humana. Uma sociedade que não pode ser contada em números de famílias não é feita à medida do ser humano.

2. A população precisa fazer um “pacto pela verdade”

Quando o hábito da corrupção está enraizado e ela se torna um “costume nacional”, é difícil eliminá-la. Antes de aplicar o sistema distributivista, é necessário um “pacto pela verdade”, assumido por toda a comunidade e que leva os parlamentares inativos à ridicularização social. Não é agradável, mas “cada câncer precisa da sua extirpação”, diz Belloc.

3. Os corruptos devem ser levados ao tribunal

Não há nada mais marcante para um povo do que levar um corrupto para a cadeia. É necessário que a polícia investigue seriamente. É comum que os agentes descubram primeiro um delinquente que machucou o próprio cão ou feriu os sentimentos do seu papagaio do que um Rockfeller que quis perpetuar o seu truste petrolífero, mesmo que tenha sido encontrada uma bela mancha de óleo no seu terno.

4. Pela governabilidade, o governo deve acatar também as propostas políticas da oposição

Se o governo ficar em minoria, deverá submeter-se também a acatar e realizar as propostas políticas dos seus adversários. As campanhas eleitorais são caras e desconfortáveis: não são elas o que importa, mas sim a governança construtiva.

5. O executivo não pode dispor de nenhuma verba que não seja fiscalizada pelo parlamento

A pergunta é: “O que faria uma pessoa com a chave de uma caixa-forte se depois não precisasse prestar contas a ninguém?”. As exigências de controle das verbas públicas pelo parlamento devem aumentar: é como colocar uma nova fechadura no caixa.

6. Os cidadãos devem levar ao tribunal o representante que não tiver respeitado as suas promessas eleitorais

É preciso promover leis com este propósito. Para se vencer um processo, deve-se contar não só com a razão moral, mas também com a razão legal. Hoje, as razões legal e moral podem não coincidir, mas talvez chegue o dia em que cada razão moral terá como correspondente uma razão legal.

7. O sistema de representação com mandato é um remédio específico, não genérico

A democracia só funciona em pequenas comunidades. Os anciãos de um povo que se reúnem debaixo de uma árvore conversam, tomam decisões e escolhem delegados. Qualquer um pode representar um grupo de pessoas que votam por escrito usando uma linguagem simples: “sim” ou “não”. O fato é que o representante das pessoas deve ser precisamente isto: um representante das pessoas, não de si próprio.

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