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Como o melhor filme de animação do ano pode te fazer um pai ou mãe melhor

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Zoe Romanowsky - publicado em 10/03/16

“Divertida Mente” não é apenas um filme lindo, é uma lição básica de neurociência

Não é todo dia que um filme de animação popular é inteligente, encantador e ainda fornece grandes ferramentas para os pais. Divertida Mente é tudo isso. A criação da Pixar ganhou o – bem merecido – Oscar de melhor animação em 2016.

O filme conta a história de uma menina de 11 anos chamada Riley, que se muda com seus pais de sua cidade natal em Minnesota, para viver em uma casa no coração de San Francisco. A maior parte do filme se passa no cérebro da Riley, onde encontramos cinco personagens que não só gerenciam os seus sentimentos e comportamentos, mas também ajudam a converter suas experiências em memórias, que são armazenadas para posterior recuperação. Estes personagens são Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Repulsa. Eles vivem uma aventura tentando lidar com a experiência de Riley de ter que deixar tudo que ama para trás e se ajustar a uma nova vida.

Divertida Mente explica muito bem – em termos simples, mas precisos e inteligentes – como os sentimentos motivam comportamentos e como as experiências moldam nossas memórias centrais e nossa personalidade, começando no momento em que nascemos (e com maior precisão, é claro, a partir do momento da nossa concepção). O filme oferece às crianças uma forma concreta de falar sobre os seus sentimentos e as razões por trás do porquê elas fazem o que fazem. Através da jornada de Riley, e das lições que a Alegria e a Tristeza aprendem ao longo do caminho, uma criança pode começar a compreender que é comum e normal que algumas memórias e experiências sejam um misto de emoções, e que a vida real não é livre de tristeza e sofrimento, mas a alegria subsiste.

As lições apresentadas no filme percorrem um longo caminho em direção a uma melhor compreensão do cérebro em desenvolvimento – seja em crianças ou adolescentes – bem como o cérebro adulto.

Conseguimos pegar alguns vislumbres rápidos do que está acontecendo na cabeça da mãe e do pai de Riley quando ela está na mesa de jantar falando sobre sua mudança para San Francisco. É um lembrete de que ser um bom pai inclui saber suas próprias motivações para o que você faz, diz e por quê. As lembranças tristes e dolorosas que cada um de nós tem quando adultos, experiências passadas, qualquer raiva reprimida ou vergonha não resolvida (o que teria sido um nome melhor e mais preciso para o personagem “Repulsa” no filme) são percebidas por nossos filhos. Será que estamos desconfortáveis com a tristeza? Será que nos desligamos emocionalmente quando estamos chateados? Será que ficamos na defensiva, ou temos medo da raiva? Ser um bom pai e uma boa mãe não é apenas compreender nossas crianças, mas nós mesmos.

Divertida Mente foi especialmente elogiado na comunidade de pais adotivos (e assistência social). O filme deu a essas famílias uma forma de discutir memórias traumáticas e as raízes do comportamento difícil. Ajuda os pais – e quem ama e trabalha com crianças já conhecidas no abandono, negligência, abuso, trauma e outros – a entenderem melhor de onde essas crianças estão vindo e caminharem em direção à cura.

Você não tem que ser uma família que esteja lidando com algum tipo de trauma passado para assistir a Divertida Mente. Toda criança precisa de linguagem para expressar seus sentimentos e estados de espírito, e entender que as emoções como tristeza e raiva são saudáveis, mesmo que nem sempre sejam fáceis de lidar. Crianças podem aprender que todas as nossas experiências são armazenadas em nosso cérebro, mesmo que já não possamos recuperá-las, e que novas experiências podem mudar a forma como lembramos de algo do nosso passado.

Se você tem filhos com idade superior a quatro anos e quer começar algumas conversas construtivas sobre coisas como birras, ser temperamental ou ter emoções misturadas sobre algo que aconteceu, assista a Divertida Mente com eles. Eu usei o filme para falar com os meus filhos de sete anos de idade (que foram adotados por nós quando tinham quatro anos). Eles gastaram um dia inteiro desenhando e colorindo o que pensavam sobre Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Repulsa em suas próprias cabeças, e desenharam algumas de suas memórias centrais. Um pouco de terapia caseira para começar um longo caminho com as crianças, especialmente quando elas têm algumas pedras no caminho.

Agora estamos todos na expectativa de Divertida Mente Parte 2, onde o personagem com o rosto vermelho, “Raiva”, poderá compartilhar seus segredos mais bem guardados para desabafar de uma maneira saudável.

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