Atualizado em 4 de abril de 2019
Um vídeo gravado durante a visita do Papa Francisco ao México, em fevereiro de 2016, mostra o que muitos interpretaram como uma “aparição espectral de João Paulo II”, sentado no papamóvel logo atrás do atual pontífice.
A reprodução do vídeo pelo canal Telemundo, depois replicado em vários sites de notícias como o da edição mexicana do portal Terra.com, gerou bastante barulho em países latino-americanos de língua espanhola durante o mês de março daquele ano.
Um pouco desse barulho recomeçou em dias recentes – talvez não casualmente, em torno ao dia 1º de abril, o popular “dia da mentira”.
Nada de fenômeno paranormal!
O vídeo, que viralizou imediatamente nas redes sociais entre perfis das Américas do Sul e Central com a especulação de que a figura misteriosa fosse o “fantasma” de Karol Wojtyla, mostra em realidade a figura desfocada do cardeal Alberto Suárez Inda: devido ao movimento da imagem e à iluminação, ele parece estar vestindo os hábitos papais. Não há nenhum “fantasma” pegando carona com o Santo Padre.
Outras fotos e vídeos transmitidos no México eliminam as dúvidas mostrando com clareza a imagem do cardeal Suárez Inda a bordo do papamóvel.
Precedentes sinistros: o diabo e um fantasma vaticano
O suposto “espírito de São João Paulo II” se junta assim ao mesmo grupo de pseudo-assombrações ao qual pertence o próprio diabo, que, em uma fotomontagem de 2013, teria aparecido ao lado do Papa Francisco logo na primeira vez em que ele saudou a multidão reunida na Praça de São Pedro. Outro membro do sinistro clube de aparições falsas é o famoso “fantasma” que supostamente passeava entre os fiéis em plena Basílica de São Pedro. Pura lenda.
Os perigos da desinformação
Diariamente, internautas criam e espalham rede afora montagens e boatos que se tornam fenômenos virais. Na maioria das vezes, trata-se de brincadeiras – mas não faltam casos de desinformação proposital. Não é incomum encontrar na internet relatos e “fotos” de aparições sobrenaturais, ressurreições de mortos e curas milagrosas que nunca aconteceram: bastam retoques em imagens acompanhadas de alguma legenda sugestiva para transformar mentiras em dúvidas, especulações e enganos na mente dos mais desavisados. A desinformação cresce assim ao ritmo frenético do mundo digital – e ela sim é um verdadeiro fantasma a bordo das redes sociais. Não caia tão fácil nessas armadilhas.
A propósito: isto vale também para boatos “menos religiosos”, como os da politicagem e das diversas ideologias. Discernimento e objetividade são sempre os melhores “caça-fantasmas”.