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“Jesus sem-teto” não é mais sem-teto

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Greg Kandra - publicado em 12/04/16
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Greg Kandra entrevista Timothy Schmalz sobre sua escultura surpreendente e nos mostra a nova imagem do Padre Pio“Jesus sem-teto” não é mais sem-teto. Você o encontra em todos os lugares.

Uma das representações mais audaciosas e surpreendentes de Cristo – e uma das mais controversas –, esta escultura tem capturado a imaginação de pessoas em todo o mundo. Primeiro criada em 2013 pelo escultor canadense Timothy Schmalz, a estátua de bronze em tamanho natural desafiou ambos os crentes e não crentes a pensar em Cristo e na pobreza de uma nova maneira – uma maneira que é imediatamente reconhecida e instantaneamente inquietante.

 

A estátua traz um homem sem-teto sob um cobertor, com o rosto e corpo cobertos, com exceção de seus pés descalços. Ele poderia ser qualquer um – mas eis que você percebe que seus pés carregam as marcas da crucificação.

Significativamente, o Jesus no banco tem um pouco de espaço extra. O banco é grande o suficiente para alguém sentar-se aos pés de Cristo.

Agora, a oportunidade de fazer exatamente isso está se espalhando. Várias igrejas abraçaram esta imagem de Cristo, e cópias do “Jesus sem-teto” estão surgindo em todo o mundo.

Ele está lá, na parte externa da igreja de St. Alban, em Davidson, Carolina do Norte, onde os moradores ficaram tão alarmados quando viram a figura deitada em um banco coberto por um cobertor que chamaram a polícia. Como um morador observou: “um vizinho escreveu uma carta ao jornal, dizendo que a imagem o desconcerta”.

“Jesus sem-teto” também tem uma casa em um cruzamento em Indianápolis, onde uma mulher ficou tão preocupada com o homem encolhido sob o cobertor que chamou os paramédicos.

Ele está também em Detroit, na parte externa da igreja S. Pedro e S. Paulo, onde alguns fieis muitas vezes passam para deixar flores ou notas. “Esperamos que eleve a consciência das pessoas em relação às pessoas necessitadas”, disse o administrador da paróquia, o Rev. Gary Wright.

 

Versões do “Jesus sem-teto” também podem ser encontrados em Toronto, Washington D.C., Dublin, Chicago e Madri, entre outros lugares.

E agora você pode até encontrá-lo no Vaticano. A estátua, instalada no mês passado, é semelhante a uma abençoada pelo Papa Francisco em 2013.

“Quando o Papa viu”, Schmalz disse na época, “ele tocou os joelhos e os pés e orou”. O artista sente que este trabalho tem um significado especial para Francisco. “O Papa Francisco está fazendo exatamente isso”, disse ele, “estendendo a mão e se aproximando dos marginalizados”.

Apesar da popularidade do trabalho, ele também tem enfrentado críticas. Vizinhos da estátua na Carolina do Norte se queixaram de que era um insulto a Deus e que isso rebaixou o bairro. Recentemente, um pedido de instalação da estátua na Igreja St. Martin-in-the Fields em Trafalgar Square, em Londres, também foi negado. A igreja, ao que parece, proíbe as pessoas de deitar dentro da igreja; oficiais da igreja evidentemente sentiram que aceitar a estátua seria hipocrisia e se expor ao ridículo. O Methodist Central Hall, em Westminster, próximo de Westminster Abbey, queria adotar a estátua – mas o conselho da cidade recusou. “A escultura proposta”, escreveu o departamento de planejamento da cidade, “não seria suficiente para manter ou melhorar o caráter ou a aparência da Área de Conservação da Praça do Parlamento”.

Nada disso parece preocupar Timothy Schmalz, 46, que tem esculpido estátuas para a Igreja Católica há mais de duas décadas. Em sua opinião, a crítica do trabalho só mostra a necessidade deste tipo de escultura e sua mensagem. Esta peça é apenas o começo. Na verdade, o trabalho “Jesus sem-teto” é um de uma série chamada “Esculturas da Misericórdia”, ilustrando Mateus 25, mostrando Cristo em tamanho natural em várias poses como a figura do sem-teto, com fome, doente, na prisão, nu e estrangeiro.

 

Misericórdia, de fato, é um tema recorrente para Schmalz. Seu trabalho mais recente inclui uma estátua do Padre Pio no confessionário, que ele diz que criou “para dar uma narração visual para o Sacramento da Reconciliação”.

Em seu site, ele descreve seu trabalho da seguinte maneira:

“A escultura, para muitos cristãos, atua como uma porta de entrada para os evangelhos e como olhar para a própria espiritualidade. Depois de olhar para uma obra de arte interessante, o espectador fica curioso. ‘Quem é este homem numa cruz? Por que ele sofreu? Quanto mais poderosa a representação da arte, mais potentes tornam-se as questões’”.

Eu tinha algumas perguntas para fazer a Schmalz, e ele respondeu por e-mail no início desta semana, quando obtive alguns de seus pensamentos sobre esta obra singular e seu impacto.

Q: Qual foi a inspiração para esta representação única de Cristo? 

A inspiração veio quando eu estava na cidade de Toronto e eu vi um homem coberto dormindo no meio da tarde em uma das ruas mais movimentadas do Canadá. Pensei comigo mesmo: somente vejo Jesus. Foi essa experiência que eu esculpi para ajudar os outros a terem a mesma experiência que eu tive.

Q: Que tipo de reação você obteve ao redor do mundo? 

A escultura é apenas uma forma do que eu consideraria uma discussão pura de Jesus por alguns minutos, então, as pessoas começam a falar sobre os Evangelhos, os pobres, os ricos, etc. O trabalho é um perfeito instrumento desta maneira.

Q: Como você responde às críticas do “Jesus sem-teto”? 

10% das pessoas ficam ofendidas, realmente ofendidas. Minha resposta é que se há ódio prova que o trabalho é necessário.

Q: Por que você acha que ele se conectou tão poderosamente com as pessoas? 

Eles vêem Jesus na arte de uma maneira específica que não mudou muito ao longo dos séculos. Os Evangelhos são doutrinários, e esta escultura traduz algumas das difíceis / impressionantes ideias dentro de uma forma única.

Q: Você acha que ele transmite alguma mensagem particular durante este Ano da Misericórdia?  

Jesus mostra misericórdia na face do menor de nossos irmãos, bem como sendo Cristo Rei.

Q: Eu sei que o Papa abençoou uma versão desta estátua no Vaticano. Como foi aquela experiência? 

Depois que ele abençoou o trabalho, fui apresentado ao Papa Francisco. Ele me disse que era uma excelente e bonita representação de Jesus. Este é o papa que exigiu a remoção de esculturas de si mesmo e que é conhecido por não apreciar o ornamental. Foi uma honra incrível! Parece haver auréolas em torno dele – quanto mais perto você chega, mais intensa elas se tornam.

Q: Qual a mensagem mais importante que você acha que este trabalho transmite? O que você gostaria que as pessoas tirassem dele?

Toda a vida é sagrada, e este é o presente que o cristianismo deu ao mundo.

Greg Kandra é diácono permanente na Diocese de Brooklyn.