Oito aspirantes ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas começaram nesta terça-feira a comparecer perante a Assembleia Geral para realizar entrevistas inéditas na esperança de suceder a Ban Ki-moon a partir de janeiro de 2017.
O presidente da Assembleia, Mogens Lykketoft, comentou que se trata de uma experiência inédita na história da ONU e descreveu as qualidades do candidato ideal: “Independência, personalidade forte, autoridade moral, grande talento político e diplomático”.
Para Lykketoft, as prioridades do novo secretário-geral devem ser a luta contra a mudança climática, a promoção da paz, além da necessidade de “exercer pressão sobre as grandes potências” e de uma “reforma” da ONU.
Ban Ki-moon deixa suas funções no final de 2016, depois de dois mandatos de cinco anos.
Quatro homens e quatro mulheres estão na lista de candidatos ao cargo, mas sem apoio unânime.
O chanceler de Montenegro, Igor Luksic, de 39 anos, o mais jovem dos candidatos, foi o primeiro a falar, dedicando-se a temas como terrorismo, refugiados, desarmamento e direitos humanos.
Visivelmente nervoso, apresentou-se como o representante de “um país pequeno, mas orgulhoso, com uma história tumultuada”.
Depois da apresentação de Luksic, foi a vez da diretora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a búlgara Irina Bokova, uma das favoritas. Segundo ela, a ONU deve combater mais intensamente a violência contra as mulheres. Nesse sentido, Irina defendeu a importância da igualdade de gênero.
Ainda assim, Irina Bokova, de 63, a candidata preferida de Moscou, quis evitar a todo custo qualquer tipo de polêmica e buscou se apresentar como a continuidade e que servirá a todos os Estados-membros.
Sobre o conflito entre israelenses e palestinos disse que buscará “construir confiança e segurança” entre as partes, mas que em muitos temas complexos não existe receita mágica.
Além da búlgara, estão entre os favoritos a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark, que dirige o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e o ex-alto comissário da ONU para os Refugiados o português Antonio Guterres.
O ex-presidente esloveno Danilo Türk e quatro ministros, ou ex-ministros, das Relações Exteriores de países dos Bálcãs – Vesna Pusic (Croácia), Natália Gherman (Moldávia), Srgjan Kerim (Macedônia) e Igor Luksic (Montenegro) – completam a lista.
As audiências acontecerão em três dias consecutivos e os candidatos devem responder a perguntas dos diplomatas e de organizações civis.
Há 70 anos, a eleição do chefe da ONU acontece por meio de negociações a portas fechadas entre os 15 países-membros do Conselho de Segurança, com maior peso para os cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China e França).
Desta vez, o processo será mais transparente, que constará de carta de apresentação, currículo, declaração de fé e, finalmente, discurso aos diplomatas dos 193 países-membros.
A última palavra continuará sendo a dos cinco grandes do Conselho de Segurança. A partir de julho, as potências se reúnem para uma série de votações secretas, antes de apresentar um nome à Assembleia Geral. O órgão deverá, então, ratificar um candidato em setembro.
A tradição reza que o próximo secretário-geral seja de um país da Europa do Leste, a única zona geográfica que ainda não teve um representante no cargo, o que explica o grande número de candidatos dessa região.
(AFP)