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Clínica médica é atacada após tragédia em hospital de Aleppo

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Agências de Notícias - publicado em 29/04/16

Uma clínica médica foi atingida nesta sexta-feira por um bombardeio na área rebelde de Aleppo, 24 horas depois do ataque a um hospital que deixou dezenas de mortos na segunda maior cidade da Síria.

“A terra está tremendo sob os nossos pés”, testemunhou um habitante do bairro popular de Bustan al-Qasr, que voltou a ser alvo nesta sexta-feira dos ataques intensos da força aérea do regime do presidente Bashar al-Assad.

“Os bombardeios não pararam durante a noite e nós não dormimos”, relatou à AFP.

Para os habitantes de Aleppo, a trégua imposta pelos russos e americanos ao regime sírio e aos rebeldes desde o final de fevereiro é uma memória distante.

Mais de 200 civis foram mortos em uma semana nos ataques que atingem a cidade do norte, dividida desde 2012.

Os ataques aos bairros rebeldes fizeram nesta sexta-feira ao menos duas novas mortes, uma mulher e uma criança, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A televisão síria informou três mortos por disparos de foguetes rebeldes contra bairros controlados pelo regime.

Um correspondente da AFP na parte rebelde da cidade contou pelo menos dez ataques aéreos, enquanto equipes de resgate e paramédicos trabalhavam incansavelmente de bairro em bairro.

O ataque contra a clínica localizada em Marje, um bairro no leste, feriu várias pessoas, incluindo uma enfermeira, e danificou em grande parte o prédio, indicou a Defesa Civil à AFP.

Oração cancelada

Por medo de novos bombardeios, a oração da sexta foi suspensa pela primeira vez nas regiões rebeldes, de acordo com uma autoridade religiosa.

“Por causa da sangrenta campanha dirigida pelos inimigos da Humanidade e da religião em Aleppo, e por causa do risco que implica fieis reunidos ao mesmo tempo em um local, o majlis sharii [conselho religioso] recomenda, pela primeira vez, que as mesquitas suspendam a oração de sexta-feira”, afirma a autoridade religiosa em um comunicado.

A oração de sexta-feira, a mais importante da semana para o Islã, deve ser realizada em uma mesquita e reúne, no geral, um grande número de fiéis. O majlis sharii é uma instância religiosa que afirma ser independente e se formou nos bairros rebeldes depois que a cidade entrou em guerra.

A ONU considerou “imperdoável” o ataque ao hospital, e seu chefe Ban Ki-moon pediu que “justiça seja feita para estes crimes”.

Ban condenou os “recentes bombardeios indiscriminados pelas forças do governo e grupos de oposição e as táticas terroristas dos extremistas”. Ele pediu que todos os beligerantes “cessem imediatamente as hostilidades”.

O regime de Bashar al-Assad negou que tenha bombardeado o hospital, e o ministro da Informação, Omran al-Zoabi, chegou a alegar que a propriedade não existe.

Os Estados Unidos manifestaram na quinta-feira à noite “indignado” pelos ataques que visaram “deliberadamente um edifício médico conhecido”.

‘Desastre humanitário’

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que apoiava o hospital, condenou o ato “revoltante que visou mais uma vez um centro médico na Síria”. Este era “o principal centro pediátrico da região”, informou a ONG. O último médico pediatra da área morreu no ataque.

Frente a mais esta carnificina, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, pediu à Rússia e aos Estados Unidos, patrocinadores da trégua em vigor desde 27 de fevereiro, a adotarem “medidas urgentes”.

Para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Aleppo está “no limiar de um desastre humanitário”. “Em toda a parte, é possível ouvir as explosões mortais, bombardeios e aviões sobrevoando a área”, relatou Valter Gros, representante do CICV na cidade.

“As pessoas vivem no fio da navalha. Todos temem por suas vidas”, acrescentou.

A ONU advertiu na quinta-feira que centenas de milhares de sírios podem não receber ajuda de emergência, caso os combates prossigam.

A guerra neste país está em seu sexto ano e já fez mais de 270.000 mortos, além de forçar metade da população ao exílio.

(AFP)

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