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Eu quero é que todos os meus adversários morram!

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Francisco Vêneto - publicado em 10/05/16

E, de preferência, depois de apanharem e sofrerem ao máximo!

Sim, eu quero isso mesmo que está escrito aí em cima, no título e no subtítulo.

E não se faça de santinho, não, porque você também quer.

Nós dois sentimos essa mesma vontade furiosa de que eles apanhem muito, sofram demais e morram, morram todos, morram um atrás do outro. Malditos, malditos desgraçados!

Fale a verdade: você não aguenta mais aquela cambada do outro partido, aquela corja de vagabundo, ladrão, corrupto, que tem o desplante de se achar honesta e pura depois de tudo isso e ainda apontar o dedo podre e fétido contra você – malditos hipócritas, malditos desgraçados! Que morram todos!

E aquela outra cambada também, a daquele timinho falido, aquele bando de retardados que fingem que o time deles não é uma coleção de fiascos e que tentam negar que o seu é muito melhor que o deles! Doentes, fanáticos, imbecis. Que morram!

E aqueles loucos daquela religião maldita, hipócritas do inferno, que têm a cara de pau de se achar os donos da verdade e ainda por cima dizer que são do amor e da paz! Ah, faça-me o favor, que amor é esse? Que paz é essa? Que morram todos e que essa desgraça desapareça completamente da face da terra para sempre e que vão todos para o inferno, de onde nunca deviam ter saído!

E aquele grupinho que gosta daquela porcaria de música péssima, que não tem um pingo de capacidade de respeitar os outros, que acha que só eles e o gosto deles é que importa! Misericórdia, Senhor! Manda um raio de luz na cabeça deles – mas que seja fulminante!

Não é isso o que você pensa? Não é isso que, quando está à vontade entre pessoas mais chegadas, você até declara em voz alta?

Pois bem. Não há nada de errado em sentir isso.

.

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(Pausa para o espanto)
.

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(Pausa para a indignação)

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(Pausa para mais um pouco de pausa)

.

.

Sim, é isso mesmo: não há nada de errado em sentir tudo isso.

É perfeitamente normal, comum e corriqueiro que você sinta nojo, sinta raiva, sinta ódio e queira estrangular, estraçalhar, detonar, espancar, moer e matar cada um desses sujeitinhos do outro partido, do outro time, da outra religião, da outra classe, do outro grupo, do outro estilo, do outro pensamento. Ou até mesmo, de vez em quando, do outro lado da sua própria cama.

O que não é nada normal, nem deveria ser comum e corriqueiro, é consentir em querer tanto mal a eles.

Nós não somos responsáveis por aquilo que sentimos. Sentir é involuntário. Sentir é algo que simplesmente nos acontece. Sentir não é nem mesmo pecado. É natural sentir repulsa por quem pensa tão diferente de nós, por quem ofende tão estupidamente aquilo que defendemos.

O que é pecado, o que é voluntário, o que se torna responsabilidade nossa é consentir nesses desejos perversos que sentimos.

Sentir é uma coisa. Consentir é outra.

Nós sentimos tendências assustadoramente baixas, vis, sujas, degradantes, nojentas. E não podemos evitar sentir isso. Isso faz parte da nossa natureza decaída (que, além de já decaída, consegue continuar sendo decadente).

Mas podemos e devemos evitar consentir nisso.

Ah, quando entendermos essa diferença! Ah, quando os dois lados entenderem essa diferença!

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