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Uma lição do pai do primeiro arcebispo de São Paulo a uma senhora vaidosa

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Aleteia Brasil - publicado em 14/06/16
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O caso do xale europeu que só era “digno de uma criada”Dom Duarte Leopoldo e Silva foi o primeiro arcebispo de São Paulo.

Primeiro dos dez filhos do casal Bernardo Leopoldo e Silva e Dona Ana Rosa Marcondes Leopoldo e Silva, ele nasceu na então pequena cidade de Taubaté, em 4 de abril de 1867.

Seu pai era um português muito honrado, com conhecimentos suficientes para ser bom chefe de família. Viera para o Brasil ainda mocinho e exercia a profissão de alfaiate. Pela honradez de seu caráter e pela sua perícia profissional, nunca lhe faltaram encomendas das pessoas principais da localidade. Sua casa comercial, para satisfazer às circunstâncias do tempo e do ambiente, deveria ter artigos de loja e de empório. O Sr. Arcebispo aludia, muitas vezes, às “bolachas de bordo” e aos artigos femininos usados pelas senhoras e que seu pai vendia. Para frisar bem o caráter de seu progenitor, incapaz de uma deslealdade, contava Sua Excelência o seguinte fato:

“As senhoras da época tinham como traje de gala certos xales europeus”. O Sr. Bernardo, atendendo pedidos, encomendou tais xales na Europa. Chegando os artigos, mandou um fino xale a uma das freguesas. Mas a dama julgou-se ofendida com a apresentação da encomenda, ou pelo desalinho do volume, ou por capricho, devolvendo-a ao Sr. Bernardo com enorme reprimenda, pois “aquilo não era xale que lhe enviasse, mas sim para uma criada”.

Embaraçado, o honesto negociante percebeu todo o tamanho da vaidade daquela cliente e quis dar-lhe boa lição. Mandou pedir desculpas à ilustre freguesa, afirmando-lhe que já lhe fizera nova encomenda, esperando, agora, ser-lhe em tudo agradável. Passados tempos, o Sr. Bernardo tomou um daqueles mesmos xales e o envolveu em papéis de seda; colocou-o em apresentável caixa de papelão, marcou no preço uma cifra três vezes maior que na primeira vez e o enviou à vaidosa senhora.

Inútil é dizer que ela então se julgou muito honrada com o xale, o mesmíssimo que, sem a caixa, sem os papéis de seda e com preço três vezes inferior, “só serviria para uma criada”…

E acrescentava o Sr. Arcebispo: “O velho dava boas risadas ao contar isto, confessando que tal não faria uma segunda vez por saber que isto não era justo”.

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Do livro “A vida de Dom Duarte Leopoldo e Silva – primeiro Arcebispo de São Paulo”, Edições Catanduva, ano de 1967, por Monsenhor Victor Rodrigues de Assis. Via blog Almas Castelos.

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