Cada um de nós, além de ser um sistema em si, é integrante de outros sistemas: família, escola, cidade, cultura, natureza…Nada está isolado no universo. Qualquer coisa – sejam átomos, moléculas, seres humanos, ideias… – possui algum grau de abertura com o seu entorno que permite a troca de matéria, energia ou informação. Nesse sentido, tudo pode ser considerado um sistema ou um componente de um sistema.
Essa é a cosmovisão sistêmica, fruto de uma trajetória de estudos realizados especialmente a partir dos anos 1940, desde a obra inicial do biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy.
A Teoria Geral de Sistemas é uma “ciência geral da totalidade”, nas palavras de Bertalanffy. Essa teoria tem como objeto “a formulação de princípios válidos para os sistemas em geral, qualquer que seja a natureza dos elementos que os compõem e as relações ou forças existentes entre eles”.
Bertalanffy afirma que a ciência clássica, em suas diferentes disciplinas, sejam elas da física, química, biologia, ciências sociais, buscou isolar os elementos do universo observado – moléculas, átomos, trajetórias, características, comportamentos etc. –, esperando que, ao recolocá-los juntos, conceitual e experimentalmente, o todo resultaria inteligível.
Mas o que se viu foi que, para alcançar uma boa compreensão da realidade, não bastava analisar os elementos separados uns dos outros: era necessário observar suas inter-relações. E assim se chegou à ideia de sistema.
Um sistema é um objeto complexo cujos componentes estão inter-relacionados e compartilham uma ou mais propriedades. Um sistema funciona como um todo. Sua história não é a soma das histórias individuais de seus componentes, tal como se verifica em um agregado de elementos. O sistema difere de um mero agregado porque neste último os componentes atuam de forma independente uns dos outros; já no sistema, os componentes possuem vínculo significativo ao ponto das conexões modificarem de algum modo os elementos conectados.
Uma molécula, um recife de coral, uma família são sistemas. Um átomo é um sistema físico composto de prótons, nêutrons e elétrons; uma célula é um sistema biológico composto de subsistemas, tais como as organelas, que por sua vez são compostas de moléculas; uma firma comercial é um sistema social composto de gerentes, empregados e artefatos.
Um sistema tem necessariamente: componentes (seus elementos), ambiente (os entornos com os quais se conecta) e estrutura (as relações dos componentes entre si e do próprio sistema com seu entorno).
Cada um de nós, além de ser um sistema em si, é integrante de outros sistemas: família, escola, cidade, cultura, natureza… Quem promove o bem dos sistemas que integra é automaticamente beneficiado pelas melhorias que o sistema passa a oferecer para os seus componentes. Um cidade melhor, por exemplo, com mais saúde, educação, paz e cidadania, oferece melhores condições de vida para seus habitantes, obviamente. Mas a tarefa de construir uma cidade melhor exige a participação e atuação dos seus moradores.
Ver-se como parte de sistemas exige fazer perguntas como: o que eu posso fazer de bom hoje pela minha família? O que posso fazer para melhorar as condições da praça mais próxima de casa?
O questionamento mais básico, nesse sentido, poderia ser: o que posso fazer hoje pelo bem da pessoa que está mais próxima de mim? Eu conseguiria identificar uma necessidade dessa pessoa – ela precisa de ajuda em uma tarefa, precisa descansar um pouco mais, precisa de uma demonstração de afeto… – e fazer algo para satisfazer essa necessidade? Seria eu capaz, hoje, de fazer algo bem concreto, mesmo que simples, pelo bem de quem está ao meu lado? E seria eu capaz de prosseguir agindo assim, todos os dias?