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Quando o arcebispo escandalizou o povo… por ser pobre

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Aleteia Brasil - publicado em 30/06/16

Um relato da humildade de São Norberto

Em tempos medievais, a visão que se tinha do status religioso era bastante diferente da que predomina hoje, em termos de “pompa e circunstância”. É preciso compreender que aquela e a de agora são visões de mundo muito diversas, ligadas a contextos igualmente diversos. Assim como é frequente que as sociedades do nosso tempo não entendam os pontos de vista das sociedades antigas, medievais ou mesmo de outras sociedades da nossa própria época, também é muito provável que os nossos pontos de vista não fossem compreendidos pelas pessoas de outros tempos e culturas.

Feita esta observação inicial, o relato seguinte traz algo em comum com a nossa época e com qualquer outra, já que esse “algo” é uma virtude atemporal: a humildade, que também pode manifestar-se na aparência externa e que sempre é capaz de surpreender o mundo.

Segue o relato:

A cidade se preparava para receber o novo arcebispo, Dom Norberto. Entrementes era aquela azáfama no palácio arquiepiscopal. Homens e mulheres corriam de cá para lá, arrumando a casa para a recepção.

Seu Godofredo, porteiro e mordomo do palácio, já estava perdendo as estribeiras de tanto nervosismo. Os intrusos e curiosos não lhe davam sossego. Ocupado em preparar a chegada do novo arcebispo, volta e meia tinha de interromper o trabalho para tocar os moleques do pátio:

— Se eu pegar vocês de novo, sou capaz de torcer seu pescoço.

Nisto, os sinos da catedral e das igrejas começaram a bimbalhar festivos, anunciando que o cortejo vinha chegando. O povo se acotovelava na praça. Os mais afoitos subiam nos muros do jardim, desafiando a vigilância dos guardas.

Estes procuravam, a duras penas, manter ao menos um corredor livre na praça, enquanto Godofredo vigiava a porta principal do palácio.

O cortejo vem vindo. Bispos, cônegos, monsenhores e outros muitos dignitários eclesiásticos, com suas vestes coloridas e reluzentes, atravessam a multidão, rumo ao portão do palácio. Todo o mundo erguia os olhos e punha-se nas pontas dos pés a fim de ver e conhecer o novo arcebispo. Mas ele não aparecia nunca. Todos se perguntavam: Você viu? Eu não vi ainda.

Eis que, de repente, aparece um homem alto e magro, abrindo caminho por entre a multidão que, meio frustrada, já estava invadindo o corredor. Ele vestia uma túnica toda remendada, e… estava descalço. Quis entrar também. Mas o velho porteiro barrou-lhe a entrada:

— Fora daqui. Eu já disse que aqui não passa ninguém, a não ser o pessoal do cortejo.

Um sorriso calmo iluminou o semblante daquele homem, que disse:

— Nem por isso você vai impedir-me a entrada. Eu sou o novo arcebispo.

O porteiro perdeu a fala, de tanto desapontamento e espanto. Quem estava chegando, era o próprio Dom Norberto que vinha tomar posse em Magdeburgo. Foi canonizado: hoje é São Norberto.

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Do Pe. Guilherme Hünermann, a propósito de São Norberto (+1134), fundador dos Premonstratenses, no “Boletim do Padre Pelágio”. Via blog Almas Castelos.

Tags:
História da IgrejaHumildadeSantos
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