Uma fé profunda, intensa, a da mulher de Emmanuel, morto por tê-la defendido
“Deus, onde estás? Eu perdi o meu marido, uma dor incrível. Não posso viver sem ele, não posso acreditar.”
Na vigília em memória do marido, Emmanuel, na noite do dia 6 de julho, em Fermo, Itália, Chidi Mbadi Chimiary canta em nigeriano estrofes muito dolorosas. A sua agonia é indizível.
“Não faz sentido estar aqui, deveria tomar a minha vida e ir até você”. “Hoje, completam-se sete meses desde que nos casamos. Como faço para viver sem ele?”
A vigília de Fermo
Para lembrar Emmanuel, que, como Chimiary denunciou, foi agredido e espancado por ter querido defendê-la das ofensas de um homem italiano, um círculo de velas no gramado na frente do seminário e, ao redor, inúmeras pessoas, cerca de 500. Estreitaram-se em torno de Chimiary, que chegou do hospital alguns minutos antes da cerimônia.
O canto de Chimiary
Vestida de branco, com um lenço também branco ao redor dos cabelos, sustentada por duas jovens irmãs, Rita e Filomena, que não a deixaram por um instante desde que tudo mudou, na tarde de terça-feira, 5 de julho. Sentada, entre as lágrimas que não podem parar de cair, ela escuta as palavras que lhe são dirigidas, as institucionais e as das pessoas comuns, e depois ela também pede para falar, para poder cantar para Emmanuel: uma voz profunda, muito cansada e despedaçada pelo pranto que pergunta por quê e diz que não quer viver se não pode mais ter o seu homem consigo.
“Unidos” pelo padre Vinicio
Emmanuel e Chimiary tinham uma grande história de amor, que resistiu às violências e ao horror. Juntos, sempre juntos, sustentados um pelo outro. Em janeiro passado, foi o padre Vinicio Albanesi – o fundador da Comunidade de Capodarco, que tinha estendido a sua mão, assim que eles chegaram à Itália – que os uniu informalmente em matrimônio, com um rito antigo, na Igreja de San Marco alle Paludi, em Fermo. Um sonho que tinha se tornado realidade para os dois jovens, já que, justamente para fugir da violência, eles não tinham conseguido coroar o seu sonho de amor na Nigéria.