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Vinte anos após a ovelha Dolly, a clonagem ainda ameaça animais e humanos

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Aleteia Brasil - publicado em 12/07/16

Clonar animais é uma loteria científica - e uma loteria que destrói vidas

Embora a notícia tenha demorado mais de 7 meses para ser divulgada ao público, foi em julho de 1996 que veio ao mundo o primeiro mamífero clonado com células adultas. A “criação” da ovelha Dolly mediante clonagem está agora completando 20 anos e representou um grande marco na história da ciência – no entanto, não há motivos para comemorar.

Dolly foi condenada a terríveis problemas de saúde e sofreu com sobrepeso, artrite prematura e câncer de pulmão. Seu sofrimento só acabou porque a ovelha teve a sua morte induzida aos 6 anos de idade – o que representa a metade da expectativa de vida de uma ovelha normal. O sistema imunológico dos animais clonados é extremamente frágil, o que os leva a sofrer de insuficiência cardíaca, dificuldades respiratórias e problemas musculares.

Se as doenças e a morte prematura são condições associadas ao animal clonado, não é menos cruel o destino da fêmea escolhida para gestar o embrião clonado. O processo já começa com uma cirurgia invasiva e estressante. A gestação antinatural causa sofrimento à fêmea durante toda a sua duração, já que os animais clonados costumam ser mais pesados e desproporcionais em relação ao útero. As chances de nascimento também são poucas, com altíssimos níveis de mortalidade. A própria Dolly, por exemplo, só nasceu depois de 277 tentativas fracassadas, que resultaram em filhotes natimortos.

Outro grave problema ligado à clonagem animal são os seus propósitos, já que a aplicação dessa técnica na indústria agropecuária serve apenas para intensificar a exploração econômica dos animais envolvidos – com todo o sofrimento igualmente envolvido. Milhares de milhões de animais sofrem mutilações, castrações, doenças e abusos físicos diários para encontrarem o seu fim no matadouro – e usar técnicas científicas para explorar ainda mais esses animais e levá-los ao limite físico a fim de aumentar a produção potencializa os graves questionamentos morais em torno a tais práticas.

Ian Wilmut, um dos responsáveis pela “criação” de Dolly, declarou à revista Time: “Ainda que você use sempre o mesmo método, alguns clones podem nascer com sérias anormalidades e outros com deficiências menores”. Depois de muitos anos e de muitos animais mortos, o método pouco avançou e o preço a pagar continua exorbitante.

Clonar animais é uma loteria científica – e uma loteria que envolve (e destrói) vidas. Não se trata sequer de um processo voltado a resolver problemas médicos objetivos e com alta probabilidade de sucesso. Trata-se, basicamente, de testar teorias.

Os pesquisadores mais diretamente interessados no avanço da medicina e no respeito à ética médica e antropológica estão desenvolvendo novos métodos que usam tecidos e células humanas adultas em técnicas muito mais eficazes do que a exploração animal.

Se já é condenável a exploração de animais e a sua submissão a torturas a fim de testar teorias, o que dizer dos devaneios que pretendem fazer a mesma coisa com seres humanos?

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A partir de artigo do portal ANDA

Tags:
AbortoAnimaisCiênciamoral
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